quarta-feira, 8 de junho de 2016

Mais dois dias de estradas... e chuvas! Chapadão do Sul-Cuiabá-Comodoro

7 de junho de 2016 - Terça feira

Chapadão do Sul a Cuiabá

Às 7 h, quando levantei,  caiu muita chuva, não pude nem amarrar a bagagem na moto. Tomei café e esperei por uma estiada.
Tive uma noite péssima, levantei 4 vezes para colocar remédio no nariz e senti muito frio, acho que tive febre. Pensei em retornar, afinal, de que adianta viajar doente ou se sentindo mal? Nada terá graça e ficarei limitado. Finalmente, a chuva cedeu um pouco e parti às 9:30 h. Mal saí de Chapadão do Sul, a chuva veio forte, com temperatura de 14 graus. Passei por Costa Rica sob chuva e segui em direção a Alcinópolis, para depois tomar a estrada que leva a Coxim, na BR-163. 

O asfalto acabou, havia um trecho de pouco mais de 20 km de terra, o que, com chuva, é sinônimo de lama e perigo de tombos. Eu estava sozinho e não passou nenhum carro pela estrada. A moto, apesar de grande e pesada, é incrível: venceu bem o trecho enlameado, apesar dos pneus inadequados para este tipo de piso. Levei mais de uma hora para percorrer os 20 km, não dava para passar de 30 km/, e às vezes era necessário andar em 1ª marcha com os pés no chão, para não cair. Muito tenso, mas acabou bem!
Quando o asfalto voltou, andei forte, apesar da chuva e das pistas molhadas, até chegar na BR-163, na altura de Coxim.
                                 Pura lama por mais de 20 km!


Segui até Rondonópolis e entrei na BR-364, que percorrerei até o Acre, é a única ligação do Oeste com o resto do país. O trecho Rondonópolis até Cuiabá não merece comentários. Já falei sobre ele em postagens de viagens anteriores; apesar de algumas duplicações, continua sendo um dos piores trechos de estrada do Brasil. Não vou me alongar nos comentários, quem quiser saber, percorra-o! São cerca de 200 km de puro horror!
Anoiteceu por volta das 18 h e baixou uma neblina espessa e úmida, que reduziu a visibilidade a quase zero. Continuei com cuidado, até que apareceu um hotel na beira da estrada, a 70 km antes de Cuiabá, na localidade de Águas Quentes. Parei e hospedei-me, chega de chuva e frio por hoje! Frio em Cuiabá?!!! Até isso eu peguei, na estrada faziam 17 graus quando parei no hotel.

Espero amanhã acordar mais bem disposto!
                                 A neblina baixando, ao anoitecer.

8 de junho de 2016 - Quarta-feira

Cuiabá a Comodoro(MS)

                                 Saindo do hotel em Águas Quentes, a 70 km de Cuiabá

Saí do hotel com muita neblina, garoa e temperatura de 18ºC. Percorri o trecho que faltava entre Rondonópolis e Cuiabá (70 km) em jejum, pois o hotel nem café tinha. Em um momento, quando a chuva forte se aproximava, parei para colocar as polainas. O acostamento tinha um inclinação tal que a moto ficou quase na vertical quando colocada no descanso. O deslocamento de ar de um caminhão que passou ao lado a derrubou! Nem tentei levantá-la, não conseguiria mesmo, são 300 kg! Um caminhoneiro parou e me ajudou a levantá-la. Rendo meus profundos agradecimentos a esse homem anônimo, que me ajudou no exato momento em que precisei. Ainda existem pessoas boas e interessadas em ajudar o próximo!
O contorno de Cuiabá é também horrível, mesmo sem entrar na cidade, levei 40 min para percorrer cerca de 12 km, e olhem que eu estava de moto! Só vendo e passando lá para entender!
Após Cuiabá, entra-se em um outro mundo: estrada boa e vazia, dá para andar bem e tentar recuperar o tempo perdido nos últimos 220 km a partir de Rondonópolis.
Parei em Cáceres para almoçar no restaurante do mesmo hotel onde já me hospedei por duas vezes. Em seguida, procurei uma loja de motos e comprei um par de luvas, pois houvera esquecido as minhas, não me perguntem como! As que comprei não são lá grande coisa, mas é melhor do que não tê-las!
Continuei andando bem em estradas vazias, parando apenas para abastecer. Há poucos postos, a maioria faliu, e  quase nenhum remanescente tem bandeira. A moto bebeu coisas horríveis, mas não reclamou!
                                 Estrada vazia após Cuiabá

                                 Acidente com interdição da estrada, a 18 km de Comodoro

Ninguém conhece a Triumph por aqui, e ela faz sucesso onde para. Perguntam se é Honda, perguntam a marca, etc. Até o momento, com 4 dias completos de viagem, não cruzei com nenhum aventureiro de moto. A maioria gosta de coisas mais fáceis e glamurosas, poucos têm a coragem de fazer uma viagem como esta. Sozinho, então, nem pensar! Por isso estou só!
Às 18 h (hora de Brasília) parei em Comodoro (MT), onde pernoitarei. Consegui um hotel razoável, espero descansar e me recuperar da gripe que está me consumindo há dias.
Saí para comer uma pizza, e o frio me incomodou, apesar de eu estar usando uma camisa de manga comprida e um casaco de moleton por cima. Não sei qual era a temperatura, mas eu arriscaria dizer que deve estar em torno de 17 graus. Quase na amazônia e o frio ainda me persegue?!!
                                             Hotel em Comodoro (MT)

Fico com a impressão de que esta viagem está exigindo mais de mim do que outras semelhantes que já fiz, e as grandes dificuldades sequer começaram! Não sei se são as chuvas diárias, o fato de eu estar muito gripado ou mesmo se a idade já começa a me pesar nos ombros, mas sinto-me enfrentando desafios, quando eles ainda estão por vir!

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