segunda-feira, 31 de maio de 2021

Brasil Central - Dia 13 - Vitória da Conquista (BA) a Caratinga (MG)

 

                                   Auto-retrato na praça de Caratinga

Não consegui dormir bem à noite, tamanha a algazarra que os caminhoneiros faziam do lado de fora da pousada. Gritavam assoviavam, buzinavam, ligavam motores e cantavam. Às 3 h da madrugada levantei-me, arrumei todas as coisas, tomei um banho e fui acondicionar a bagagem na moto. O café da manhã foi um café com leite e um pão dormido, pois “rapaz, a chapa está fria...”. Tudo bem, eu não esperava coisa diferente! Abasteci a moto e às 6:30 h já estava rodando, até com um pouco de frio.

                                   Partida de Vitória da Conquista, aos primeiros raios de sol

Continuei na BR-116, saí da Bahia e entrei em Minas Gerais. Parecia que eu havia mudado de estrada, as longas retas se transformaram em curvas e mais curvas e a qualidade da pavimentação que já não era boa, piorou sensivelmente. Havia todos os tipos de defeitos e mazelas: afundamentos, exsudações, deformações, remendos mal feitos, mato alto na beira da estrada escondendo as placas, sinalização deficiente, desplacamentos do asfalto e buracos, muitos buracos, grandes e profundos.


                                   BR-116 MG, altura de Pedra Azul




Na Bahia, a concessionária Via Bahia é uma vergonha (mas sabe cobrar pedágios), pois o asfalto está em estado deplorável e a ANTT não vê (ou não quer ver) nada. Já em Minas Gerais, o estado da pista é criminoso, um atentado à vida dos motoristas. Tudo isto sem falar em dezenas (ou centenas) de pardais, quebra-molas aos montes, travessias de cidades, vendedores e barracas na beira da pista e outras coisas típicas de terceiro mundo. Por essas e outras é que prefiro rodar nos países vizinhos do que no Brasil. A pandemia é que está me fazendo passear por aqui, comendo bode assado e sarapatel em restaurantes de segunda categoria à beira de estradas como a de hoje. O que se extrai deste retorno pela BR-116 é que com todos os problemas, a iniciativa privada é melhor que o governo. Na Bahia a estrada é uma concessão. Em Minas é administrada pelo governo federal (DNIT). É só percorrer para ver e constatar a diferença.

Parei para almoçar depois de rodar 380 km, em Itambacuri, após Teófilo Otoni. Depois do almoço, ainda dei uma boa esticada, mas a viagem não rende em estradas ruins e com centenas de quebra-molas, que provocam a parada e arrancada das carretas a todo instante.

                                  Almoço em Itambacuri, em um restaurante de posto

Atravessar as cidades de Teófilo Otoni e Governador Valadares foi um verdadeiro angu de caroço, pois são cidades grandes, com muito trânsito e a estrada as corta ao meio. Quebra-molas, pardais, travessias elevadas e tachões não poderiam faltar!

Às 15 h, com a parte interna das coxas doendo muito devido ao banco da moto, resolvi parar. Entrei em Caratinga e procurei um bom hotel, eu estava merecendo, depois dos últimos muquifos em que fiquei!

                                               Enfim, um hotel à minha altura!
                                             Caratinga
                                               Caratinga - Praça

A cidade é muito movimentada, tem muito trânsito, mas é agradável, ao menos sob um olhar superficial. Saí a pé e comprei uma almofada que tentarei utilizar amanhã para amenizar a dor nas coxas durante a viagem.

Hoje foram 630 km de deslocamento.







domingo, 30 de maio de 2021

Brasil Central - Dia 12 - Senhor do Bonfim a Vitória da Conquista

 Mais um dia de deslocamento, passado totalmente na estrada. É o terceiro dia de retorno!

O hotel de Senhor do Bonfim surpreendeu no café da manhã! Eu não esperava muita coisa, pelo baixo preço e pela localização, mas havia frutas, pães, bolos, ovos mexidos, salsicha com molho, batata-doce, sucos e café com leite. Eu não comi isto tudo, mas era farto.

Estava bem fresco às 7 h da manhã, aproveitei para ganhar tempo. Percorri os 110 km que me separavam de Capim Grosso e ingressei na BR-324, a qual percorri até Feira de Santana. Depois de Feira, ingressei na BR-116 com destino ao Rio de Janeiro. Quando parei para almoçar, na BR 116, já havia rodado 370 km, estava na localidade de Itatim.

Apesar de ser um domingo, o trânsito de caminhões era absurdo,muito intenso; estrada lotada e perigosa. Perdi a conta do número de vezes que os caminhões na contra-mão, invadindo a minha pista, me jogaram para fora da estrada. Em uma das vezes o caminhão veio em cima e tive que me lançar no acostamento, só que o acostamento era todo de britas soltas, por muita sorte eu não levei um tombo com sérias conseqüências, pois estava a 110 km/h e consegui controlar a moto. Se eu freasse ou fizesse qualquer movimento brusco no guidão, provavelmente não estaria agora escrevendo este relato!

Havia me esquecido como é viajar pelas estradas do nordeste: postos duvidosos, banheiros sujos, comida ruim, restaurantes meia-boca, e por aí vai. Que saudades de um Graal ou de um Frango Assado, onde se encontram banheiros limpos, funcionários uniformizados e educados e comida confiável!! Mas faz parte da aventura! E olhem que estou na BR-116, e não em uma estradinha estadual qualquer!

Quando cheguei na entrada de Vitória da Conquista, anoiteceu e eu não quis arriscar entrar sem conhecer o local e ainda com uma moto pesada. Contornei a cidade pelo anel rodoviário e voltei à BR-116 adiante, procurando algum hotel. Somente 35 km à frente fui achar uma pousada em um posto de combustível, bem ruinzinha e ainda por cima, cara. Eu não tinha escolha, já estava rodando à noite em uma estrada que mesmo durante o dia é perigosíssima, com excesso de caminhões. E já havia rodado 737 km no dia hoje, era hora de parar!

Jantei no restaurante do posto e me recolhi ao quarto para repousar.




Na postagem de hoje não há fotos, não vi nada tão interessante que justificasse a parada para um click!


sábado, 29 de maio de 2021

Brasil Central - Dia 11 - Oeiras (PI) a Senhor do Bonfim (BA)

 


Este segundo dia de retorno foi um típico dia de deslocamento, com muita estrada e poucas paradas. 

Segui cruzando o Piauí até Picos, onde perdi 40 min para cruzar a cidade, devido ao volume de caminhões e toda sorte de obstáculos que os fazem reduzir a velocidade quase a zero: quebra-molas, radares, ondulações na pista e tachões na faixa divisória. Não bastasse isso, a absoluta falta de placas de sinalização na cidade me levou a entrar na estrada errada. Descoberto o erro, voltei e retomei o caminho correto, que é a BR-407.

Após rodar 300 km dentro do Piauí, ingressei no estado de Pernambuco; alguns quilômetros depois da divisa parei para almoçar em Afrânio, a única parada do dia, excetuando os abastecimentos.



                                             Parada para o almoço em Afrânio, PE


Depois de cruzar Pernambuco, cheguei a Petrolina, cidade grande às margens do rio São Francisco. Atravessar Petrolina foi outro abacaxi, em meio a um trânsito pesado e muitos caminhões. Atravessei a ponte sobre o rio São Francisco e cheguei em Juazeiro, no estado da Bahia. Mais trânsito para cruzar a cidade, pois a estrada de mão dupla é utilizada como avenida pelos moradores, que disputam espaço com o trânsito pesado da rodovia. Sempre foi assim e ninguém dá jeito!

Já na Bahia, toquei em frente até Senhor do Bonfim, cidade onde pernoitei na viagem que fiz a Parnaíba (PI) em 2015. Era cedo, 15:45 h, mas achei bom parar após 576 km rodados no dia de hoje. Eu até poderia rodar mais uma hora e meia até a próxima cidade, mas preferi parar. Hospedei-me em um hotel tipo "boca-de-porco", mas eu só preciso de um local para tomar banho e dormir. O problema é que o quarto está infestado de mosquitos!

                                   Longe de casa!
                                                            Hotel em Senhor do Bonfim

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Brasil Central - Dia 10 - Carolina (MA) a Oeiras (PI)

 O dia de hoje foi de estrada, muita estrada! 

Ao sair de Carolina ingressei na rodovia Transamazônica (BR-230) e nela permaneci durante todo o dia. Foram 732 km sob sol e temperatura alta, com paradas somente para abastecer e almoçar.

O trecho percorrido da Transamazônica apresenta um traçado praticamente reto e plano (com algumas pequenas serrinhas), asfalto que varia de razoável a bom, sem acostamento ao longo dos mais de 700 km e poucos recursos em caso de necessidade ou emergência. Há pouquíssimas cidades às suas margens, são apenas pequenos povoados; os postos de abastecimento são escassos, e a maioria é sem bandeira, com aspecto bastante duvidoso.




Nada me restava a fazer a não ser rodar. E fui rodando em meio à vegetação de cerrado e de caatinga, enfrentando as retas e a monotonia da BR-230. Após 600 km rodando no Maranhão, entra-se no estado do Piauí. O traçado e o asfalto melhoram; Após mais 132 km cheguei a Oeiras, por volta das 16:30 h. A próxima cidade seria Picos, mas eu já chegaria ao anoitecer, além do mais, era hora de parar, após mais de 700 km rodados em meio a um calor intenso.

Entrei na cidade de Oeiras para conseguir um hotel e tive uma grata surpresa: a cidade é linda, tem um centro histórico preservado muito bacana e exala um ar nostágico. A pousada que consegui é um charme, localizada em um casarão que já foi moradia e berço de piauienses famosos, possui mobília de época e um jardim central (a construção é em "U"). Tem eira, beira e sub-beira, um raro exemplar. Oeiras foi a primeira capital do Piauí.





                                   Igreja e cinema





Estava com fome, fui a uma padaria, comprei pão, queijo e iogurte e fiz uma "farofada" na praça! Esta tinha bancos!

À noite, na pousada, um motociclista, o Verô, viu a moto estacionada e veio falar comigo. Ele já viajou por todo o Brasil e pelo mundo de moto, entramos em uma conversa longa! Ele tem uma F 800 GS. É da família...

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Brasil Central - Dia 9 - Chapada das Mesas


O dia de hoje foi inteiramente dedicado à Chapada das Mesas, mais especificamente, ao complexo denominado Pedra Caída, uma enorme área que já foi uma fazenda, voltada para o turismo ecológico com uma boa estrutura. Dentro da área há rios, cachoeiras, morros, canions, muitas trilhas e até esportes de aventura, como uma tirolesa de 1.400 m. Piscinas e restaurantes fazem parte do complexo. Para chegar, toma-se a BR-010 e roda-se 37 km em meio à Chapada, uma paisagem deslumbrante entre morros e diversas formações.






O passeio mais importante e mais impressionante é à cachoeira do Santuário. Após uma trilha de 800 m chega-se a um canion dentro do qual corre um rio de águas transparentes. Percorre-se 200 m dentro do canion e deste rio com água na altura do peito e chega-se a uma imensa cachoeira com queda de 45 m de altura, formando um grande poço com 3 m de profundidade. Um banho e tanto. Retornando, passa-se por uma ponte pênsil para pedestres, a 54 m de altura sobre o canion. Balança muito, mas é aparentemente segura!




                                   Atravessando o canion por dentro da água
                                  Ponte pênsil sobre o canion


Almocei no restaurante local, a comida é cara mas não há alternativa.

Na parte da tarde, visita a mais duas cachoeiras: Caverna e Capelão. Para chegar a elas, um 4x4 percorre 6 km de uma estradinha e depois anda-se cerca de 300 a 400 m a pé para cada cachoeira. A cachoeira da Caverna, como o próprio nome diz, localiza-se dentro de uma caverna, onde corre um rio formado pela queda d'água. Ao chegar ao fundo da caverna há um grande salão de onde despenca um bom volume de água, formando também um ótimo poço para banho. 


                                     Cachoeira da caverna




Para chegar à cachoeira do Capelão, após o trecho em 4x4 caminha-se por dentro de um rio até chegar à queda que o forma. Menor volume de água que a anterior, mas a altura é maior e o poço é maior também. Cabe ressaltar que tomei banho em todas as cachoeiras visitadas!


                                                         Cachoeira do Capelão

                                           

Satisfeito com o dia intenso, peguei a moto e retornei a Carolina, pela mesma deliciosa estrada da ida.