quarta-feira, 21 de março de 2018

Argentina 2018 - Prudentópolis (PR) - Taubaté (SP) - Rio Claro (RJ) - Fim da viagem!


20 de março de 2018 – terça-feira – 18º dia
O nevoeiro pela manhã denunciava a chegada do outono, que se inicia hoje! Segui pela BR-277 até Curitiba, quando entrei na Régis Bittencourt, que percorri até São Paulo.

Almoço na Régis Bittencourt    
                                     
                                          Última parada na Régis Bittencourt antes do Rodoanel e da chuva!

 Ao ingressar no rodoanel, eram 16:30 h. Calculei que levaria 1 hora para percorrê-lo e mais 1 hora e meia para percorrer a rodovia Carvalho Pinto, de modo que eu chegaria por volta das 19 h  a Taubaté, ao anoitecer, e procuraria um hotel para passar a noite.
Nem tudo acontece como queremos: O rodoanel estava cheio como nunca vi, as três faixas lotadas de carros e caminhões, e quando ainda faltavam 40 km para terminar o percurso, a chuva desabou com vontade! Não havia como nem onde parar para colocar a roupa de chuva, e eu me encharquei todo. Fui seguindo com as pistas de concreto molhadas e escorregadias , e o tempo fechou e escureceu, virou noite. Ingressei na Rod. Carvalho Pinto sob chuva torrencial e à noite, e fui seguindo com cuidado, as pistas estavam alagadas e escorregadias.
Parei em um posto 50 km após chegar à Carvalho Pinto (o primeiro), mas o estrago já estava feito: jaqueta, luvas, calça, botas e meias totalmente molhados. Fiz um lanche, esperei uma estiagem que não veio e coloquei a capa por cima das roupas molhadas para poder seguir viagem e não molhar ainda mais! Venci a Carvalho Pinto à noite e com chuva  até a Dutra, e parei em um motel luxuoso para passar a noite às 21 h, não sei bem se é Taubaté ou Tremembé.
                                 Posto Graal na Carvalho Pinto


                                 Motel em Taubaté: luxuoso e barato!

Tirei as roupas molhadas e tomei um banho, curioso é que este é o hotel mais luxuoso da viagem e foi o mais barato! Com direito até a filminho pornô!
Hoje foram 800 km rodados!

21 de março de 2018 – quarta-feira – 19º e último dia
Não chovia pela manhã em Taubaté, e, apesar das previsões contrárias, o tempo parecia que iria abrir. Vesti  a calça e as botas molhadas e descartei as meias e cuecas encharcadas da noite anterior. Segui pela Dutra, uma viagem curta (pouco mais de 200 km) e agradável, com temperatura amena e sem chuva. Fiz uma parada para abastecimento e uma para tomar Ovomaltine, esta é obrigatória e considero parte integrante da Dutra, desde a minha adolescência!
                                Abastecimento na Dutra. Ao fundo, a Serra da Mantiqueira

Entrei na RJ-155 em Barra Mansa e às 11:00 h estava chegando ao meu refúgio, em Rio Claro, onde esta viagem se encerra.
Foram 9.960 km rodados nas mais diferentes condições de tempo e estradas, e posso afirmar que valeu cada quilômetro. O prazer de descobrir novos lugares e pessoas montado em uma moto de forma livre e aventureira é indescritível, faria de novo sem hesitar! O fato de viajar sozinho traz vantagens e desvantagens como tudo na vida, mas uma coisa é fato: saímos de cada jornada mais seguros e confiantes. No final das contas,tenho  a companhia de todos vocês, que me acompanham através deste blog, alguns no anonimato, mas todos sempre torcendo por mim e por um final feliz! Agradeço de coração a todos os seguidores que vão de carona na garupa virtual!
Cada nova viagem é um aprendizado do que costuma dar certo e do que pode dar errado, e assim vou acumulando experiências para que as viagens sejam cada vez melhores e mais prazerosas!
Ah, não poderia deixar de render meus sinceros agradecimentos à moto, este ser mecânico que tão bem me serviu, sem qualquer deslize! Ela foi impecável no frio, no calor, na chuva, no rípio e nas imensas estepes e planícies solitárias, onde qualquer pane me deixaria em uma situação muito difícil. A confiabilidade é absurda, do contrário eu jamais poderia me aventurar sozinho da forma como tenho feito. Não houve sequer um parafuso afrouxado ou uma simples lâmpada queimada ou um pneu furado. Nada! Não houve trocas de óleo nem qualquer manutenção durante a viagem. Só colocar gasolina e rodar, rodar, rodar... Esta é a TEX (Triumph Explorer)!


Até a próxima! Para onde será mesmo?

segunda-feira, 19 de março de 2018

Argentina 2018 - De volta ao Brasil - Oberá (Missiones) a Prudentópolis (PR)



A temperatura era de 19 graus quando saí de Oberá e entrei na RN14. O tempo estava fechado, mas não chovia. Havia percorrido 10 km  quando penetrei em um denso nevoeiro, que permaneceu sobre toda a região nos 120 km seguintes. Apesar de andar a uma boa velocidade, a visibilidade era bem reduzida e não permitia que eu apreciasse a paisagem, só conseguia ver que estava envolvido por matas. Passei por Aristóbulo Del Valle e San Vicente.
                                  Nevoeiro na RN14

                                  Nevoeiro

A partir de San Vicente inicia-se a travessia da Serra de Missiones, a qual, mesmo não vencendo grandes montanhas, apresenta subidas e descidas e um traçado bastante sinuoso, com curvas e vistas de florestas e morros, bastante agradável de ser percorrida.
                                  Serra de Missiones

                                    Quilometragem percorrida na RN14, neste momento

Após San Pedro há um pequeno trecho de rípio em bom estado na RN14, que decidi encarar por dois motivos: era um pequeno trecho e economizaria muitos quilômetros. Além disso, eu queria percorrer a Ruta 14 integralmente, desde o km 0 até o seu final, em Bernardo de Irigoyen, na fronteira com o Brasil. Após o rípio fui premiado com um asfalto novo da melhor qualidade, sem defeitos, até a fronteira com o Brasil, continuando através da serra de Missiones com traçado sinuoso. Assim, a ruta 14 foi totalmente dominada!
                                    Trecho da RN14 com rípio
                                  Rípio compactado, em bom estado

Atravessei a fronteira e ingressei no Brasil na cidade de Dionísio Cerqueira, no extremo oeste de  SC, cidade geminada com Barracão. Almocei em Barracão com calor de 34 graus e segui até Pato Branco através da BR-280, com a pista totalmente deteriorada. Não havia dúvidas de que eu estava de volta ao Brasil! De Pato Branco rumei para Guarapuava, através da BR-373, rodovia em estado um pouco melhor que a BR-280.
                                  Rodando no Paraná - BR-277

Ao chegar na BR-277, que  leva a Curitiba e Paranaguá, o asfalto melhora, apesar de ser uma rodovia de pista simples. Imediatamente fui brindado com um pedágio de R$6,30 (para moto!) e segui em direção a Guarapuava. Quando vi o tamanho da cidade, não quis entrar para procurar hotel e segui em frente. Mais um pedágio (!!!) e mudei de estrada pra a BR-373 em direção a Ponta Grossa, para tentar conseguir um hotel em Prudentópolis, uma cidade menor. Consegui um hotel e hospedei-me para passar a noite.
                                  Ponte sobre o rio Iguaçu

A quilometragem do dia de hoje foi de pouco mais de 600 km, mas considerando que tive que cruzar uma fronteira e andei em Terras Brasilis, até que não foi mal!

domingo, 18 de março de 2018

Argentina 2018 - Federación (Entre Rios) a Oberá (Missiones)


Não saí cedo de Federación, eram 9:00 h quando cheguei à rua principal da cidade em direção à estrada. Faziam 32 graus e o céu apresentava-se azul, com algumas nuvens.
Segui pela ruta 14, onde passei todo o dia de hoje. O vento voltou com vontade, e incomodou bastante durante o percurso.
Passei por Paso de los Libres mas não quis entrar no Brasil, lembrei-me de todas as mazelas que teria de enfrentar e achei melhor ir pela Argentina. Almocei em um comedor à beira da estrada, o único que apareceu em 180 km! Depois de Paso de los Libres, percorre-se 185 km sem um posto de combustível, e chega-se a Santo Tomé, que também faz fronteira com o Brasil (do outro lado é São Borja), mas também achei prematuro enfrentar as estradas desmazeladas do nosso país.
                                 Almoço na estrada (RN14)

    No "pare-siga", a moto na "sombra" do caminhão para não ser derrubada pelo vento 

                                 Entrada de Santo Tomé

Continuei pela RN14, com calor de 37,5 graus e forte vento lateral, estava insuportável viajar com casaco, luvas e botas. Depois de Gdor. Virasoro, em um entroncamento, eu estava a apenas 40 km de Posadas, se eu fosse para lá  poderia seguir tranqüilamente pela ruta 12 até Foz do Iguaçu, mas decidi explorar o trecho mais desconhecido da ruta 14, e continuei nela. Ao entrar na província de Missiones, a ruta 14 corre dentro uma floresta o tempo todo, é muito agradável de percorrer; aliás, a província de Missiones é uma grande floresta! Opção certa!
Entrei na cidade de Oberá, morrendo de calor, para procurar hotel, mas rodei por quase meia hora e não encontrei nada. Não havia gente nas ruas, parecia uma cidade abandonada, e até que é agradável, bem arborizada. Tomei informações na saída da cidade e consegui um hotel localizado em um verdadeiro parque, bem cuidado e muito bonito, pena que não há nada ao redor. Fica junto à ruta 14. Tem até piscina!
                                  Hotel em Oberá, na RN14
Este trecho da RN14 é desconhecido pelos brasileiros. Eu mesmo nunca o havia percorrido, mas estou gostando muito e conhecendo outros lugares e caminhos!

sábado, 17 de março de 2018

Argentina 2018 - Cañuelas (BsAs) a Federación (Entre Rios)



Realmente, o hotel em Cañuelas não foi por acaso! Ao percorrer a RP6, que é um contorno a cerca de 70 km de Buenos Aires, constatei que eu não conseguiria chegar ileso a Zárate viajando à noite. A estrada tem grande parte de seu pavimento em concreto, que está totalmente deteriorado: rachaduras, placas afundadas, placas inclinadas, remendos com asfalto, muitos buracos e trechos onde o concreto nem existe mais. Um grande perigo de dia, imagine à noite! Há muitas rotatórias e desvios confusos, com certeza eu erraria alguma saída; para piorar, é longe de Cañuelas, são 120 km que levei quase duas horas para percorrer de dia!
                                   Abastecimento em Zárate, a 120 km de Cañuelas

Abasteci em Zárate e segui pela RN12, que é uma autopista, com velocidade máxima de 120 km/h. Mais adiante, a RN14 “nasce” a partir da RN12, e foi ela que percorri durante a maior parte do dia. Pista dupla, velocidade alta e sem vento, quase não acreditei! Soprava um vento fraco, mas nada a ver com os ventos que peguei desde a RN40 até ontem! Andando forte, quando parei para almoçar, já havia rodado 350 km.
                                 Almoço na RN14 - lugar simples, carne boa!

Em um posto conheci 3 motociclistas argentinos que estavam indo para a Serra do Rio do Rastro, mas saíram na minha frente e não os alcancei mais.
O calor incomodou, a temperatura que era de 13 ºC na saída, quando parei para abastecer e tomar café na altura de Concórdia, estava em 35 ºC! Já havia rodado 500 km e eram 15 h. Se eu andasse um pouco mais de 200 km para a frente, chegaria à fronteira com o Brasil, em Paso de los Libres. Pensei: “por que essa pressa para chegar ao Brasil?”, e lembrei das nossas estradas e suas mazelas, como asfalto deteriorado, buracos, caminhões em excesso, pedágios, quebra-molas, pardais, radares, cidades a cruzar, etc, etc, e achei que quanto menos rodar em rodovias brasileiras, melhor! Assim, entrei em uma rodovia provincial que dava acesso a Federação, para pernoitar por lá. Foram cerca de 15 km e cheguei em uma cidade surpreendente! Às margens do rio Uruguai, a cidade é um balneário, com praias, ilhas e muito arborizada. Possui uma orla muito bonita com pista para Cooper e diversas quadras esportivas. Além de tudo, possui um complexo de águas termais que atrai turistas.
                                  Chegando em Federacion

                                  Av. Entre Rios, a rua principal da cidade

Consegui um hotel  simples no centro. Saí a pé às ruas para explorar o local; percorri a costaneira, fui ao parque termal, andei por algumas praias, ruas e praças e retornei ao hotel satisfeito por ter conhecido um local tão interessante! E tem mais, a cidade é muito arborizada e limpíssima, não se vê qualquer sujeira nas ruas, nem uma guimba de cigarro!


                                 O rio Uruguai ao fundo: quase um mar!

                                     Praça principal

                                                   O relógio do centro da cidade - horários marcantes

Fui ao museu dos assentamentos, que conta a história trágica, mas com final feliz de Federação. A cidade original foi inundada pela represa de Salto Grande, a atual foi inaugurada em 1979, bem às margens do rio, após um plebiscito que definiu sua nova localização. A população foi reassentada. O relógio na praça, tem 4 faces, cada uma com uma hora. São os horários em que ocorreram os eventos principais que levaram Federação a ser o que é hoje, inclusive o descobrimento das águas termais, que deu impulso econômico ao local.
                                  Na praça


                                   Próximo ao porto
                                  Museu dos assentamentos

                                        Entardecer no porto

Cheguei de volta ao hotel com muito calor, a temperatura era de 36 ºC quando eu estava nas ruas, com o sol ainda forte, e a caminhada foi em parte sob o sol. O por do sol foi  um pouco após as 19 h. Depois de um merecido banho, saí para jantar em um restaurante com mesas ao ar livre. Mesmo à noite, fazia calor! Se em Esquel eu dormia com calefação, hoje dormirei com ar condicionado!
                                  Hotel em Federación

sexta-feira, 16 de março de 2018

Argentina 2018 - Bahia Blanca a Cañuelas


Mais um dia de deslocamento! Muita estrada, muito sol e 646 km rodados com vento forte.
Ao pegar a estrada, andei 23 km e cheguei a Bahia Blanca. A passagem pela cidade, apesar de a estrada passar por fora, foi lento e difícil. Muitos caminhões, passei em locais horríveis (parecia um porto seco, com centenas de caminhões) e em alguns desvios, mas acabei retomando a Ruta 3, que foi o meu lar durante todo o dia de hoje.
RN3 

A RN3 apresentava um trânsito intenso de caminhões pesados em ambos os sentidos; apesar de seu traçado reto, as ultrapassagens não eram tão fáceis. Para dificultar, havia muitos trechos em obras com sistema de “pare-siga”, o que foi aumentando o tempo de viagem. Hoje foi o dia em que o vento mais incomodou, estava fortíssimo e constante, e foi implacável comigo, não houve trégua! É muito cansativo viajar o dia todo com o vento incidindo a 90 graus, e não era um ventinho qualquer! Para dar uma idéia, era impossível parar na estrada para tirar uma foto ou fazer o que quer que fosse, o vento derrubaria a moto. Nas paradas do “pare-siga” das obras, era difícil manter a moto parada em pé, eu fazia muita força nas pernas para que ela não tombasse. E a pista, apesar de não ter buracos, apresentava muitas deformações (trilhos de rodas) e exsudações, o que também contribuiu para a velocidade mais baixa e maior tempo de viagem.
Saí do hotel com temperatura de 10 graus, que chegou a 28 graus à tarde. Creio que o frio ficou para trás!
Posto onde almocei, na RN3
Almocei em um posto Petrobrás (um dos poucos postos na estrada) e continuei sob vento e sol, com paisagens monótonas: pastos, gado, algumas lagunas e muitas plantações, tudo em uma imensa planície, sem qualquer morro ou relevo. Eu pretendia chegar até Zárate hoje, mas às 19 h ainda estava em Cañuelas, faltavam mais de 200 km e o sol estava se pondo. Quis Deus que aparecesse no meu caminho um hotel com restaurante, parecido com o de Bahia Blanca, onde pernoitei ontem, porém ainda mais bacana, todo decorado com motivos de aviões, pois o dono é piloto!. Era o único, o próximo somente em Zárate, ainda assim eu teria que entrar na cidade até o centro
.
                                  Hotel em Cañuelas, às margens da RN3

                                   Chegando ao hotel

Consegui um quarto bem legal e hospedei-me, satisfeito por ter conseguido parar antes da noite. No exato instante em que me registrava no hotel, o sol se pôs, deixando um tom alaranjado surreal no céu.


No jantar, o proprietário fez questão de vir conversar comigo e me serviu pessoalmente. Ofereceu-me vinho para tomar junto com ele e batemos um papo sobre motos, viagens e até sobre política e o momento político do Brasil e da Argentina. Ele é piloto de aviões e tem uma empresa de táxi aéreo. Já viajou de moto da Argentina ao Alasca pela costa do Atlântico; meses mais tarde fez a viagem inversa, do Alasca à Argentina pela costa do Pacífico. Foi uma ótima conversa!
Cada vez mais me convenço que este hotel não apareceu por acaso na minha frente!

quinta-feira, 15 de março de 2018

Argentina 2018 - Gaimán a Bahia Blanca (pela ruta 3)

Dia típico de deslocamento. Rodei, rodei e rodei, sem muitas paradas, sem paisagens que merecessem uma parada, uma foto ou mesmo um olhar mais atento.
Saí de Gaiman às 8:50 h com temperatura de 7 graus. Percorri o final da RN25, e na hora de entrar na RN3, uma sinalização imprecisa me levou para dentro de Trelew, mas consegui sair sem muita dificuldade, utilizando meu velho e bom “GPS verbal”, que é pedir informações!
Entrei na ruta 3 e a temperatura foi subindo lentamente, até atingir confortáveis 22 graus à tarde. A RN3 não tem nada às suas margens, só estepes, planícies e pampas, sem vegetação, com muito vento. O relevo é totalmente plano e sem graça. Não há muitas cidades ou povoados, aliás, não há quase nada. A distância entre postos de gasolina é, em média, 180 km, mas houve um trecho de 330 km sem postos. Se eu não tivesse tido a idéia de entrar em Carmen de Patagones para abastecer, teria ficado a pé, sem combustível, no meio do nada, e com o vento castigando. O consumo da moto aumenta muito, dependendo da direção do vento. Fiz todos os testes, usando o computador de bordo: vento a favor, 20 km/litro; vento lateral, 16 km/litro; vento contra, 14 km/litro; sem vento, em torno de 17,5 km/litro. Isto tudo a 110 km/h.
                                 Parada para abastecimento

A estrada tem uma grande vantagem, que é passar fora de todas as cidades; assim, a viagem rende muito, e ainda por cima a estrada é vazia e a pista de maneira geral está em ótimas condições.
Em um entroncamento, havia algumas opções de restaurantes e comedores, e parei para almoçar, já eram 13 h e eu estava com fome. A comida tinha aspecto horroroso em todos os locais, e o melhorzinho estava lotado. Entrei, sentei-me e aguardei por 20 minutos e ninguém veio atender, nem sequer fizeram menção de vir. Eu não podia perder tempo precioso de luz solar (não dirijo à noite), então levantei-me e segui viagem, sem almoçar.Não morrerei de fome por isto!
Já ao cair da tarde, tentei conseguir um hotel em Pedro Luro, mas todos estavam lotados devido à “Festa da Cebola”, um evento regional que dura 4 dias. Segui mais 15 km e o hotel anexo ao posto também estava lotado. Mais 85 km e encontrei um hotel que só tinha um quarto triplo vago. Paguei pelo quarto triplo, pois já eram 19:00 h e estava escurecendo. Foi uma boa opção, o hotel é bom, limpo e tem um restaurante anexo. E está às margens da RN3, já na periferia de Bahia Blanca, cidade onde eu não queria entrar com a moto carregada, pois é bem grande e tem trânsito pesado. Além disso, não a conheço para procurar hotel à noite. Seria procurar encrenca!
                                 Pôr-do-sol na RN3

                                 Hotel na RN3, em Bahia Blanca

Hoje foram 773 km rodados em meio a paisagens monótonas, mas nem sempre estamos nas cordilheiras! De qualquer forma, foi um dia tranqüilo e sem sustos ou sobressaltos, embora cansativo pelo longo tempo ao guidão. O céu esteve totalmente azul, sem uma nuvenzinha sequer!

quarta-feira, 14 de março de 2018

Argentina 2018 - Esquel a Gaimán pela RN25



Para minha sorte, o dia amanheceu sem chuva e sem vento! Consegui partir às 9 h após despedir-me da dona do hotel e agradecer por todas as dicas e informações que me deu; os proprietários fizeram toda a diferença, tornaram a cidade de Esquel e a região próxima ainda mais interessantes e agradáveis.
Este foi o dia mais fácil e mais tranqüilo da viagem; apesar do frio de 7 graus e do vento patagônico soprando o dia todo, tudo correu bem e as estradas estavam boas e vazias.
Segui pela ruta 40 até Tecka, a 86 km de Esquel, quando parei para abastecer. Despedi-me da RN40 e ingressei na RN25, que corta a Argentina, mais precisamente a província de Chubut, de oeste a leste, desde a cordilheira até o Oceano Atlântico.
                                 Placa emporcalhada por motoqueiros brasileiros, todos de motoclubes

                                 Estepes patagônicas, ainda na RN40

                                  Fila para abastecimento em Tecka

A estrada é totalmente deserta às suas margens, tem no máximo uns 3 povoados e postos de gasolina, mas me surpreendeu: eu esperava encontrar somente as estepes patagônicas frias, desérticas e açoitadas pelo vento, mas encontrei paisagens que foram se alterando ao longo do percurso de quase 600 km, terminando, obviamente, com as estepes desertas.
                                  Infindáveis estepes na RN25
                           
                                  Estepes frias e com vento

                                 Almoço em Paso de Índios


Havia trechos com enormes formações de arenito, trechos com rochas vulcânicas e trechos que venciam pequenos morros, com muitas curvas. Em determinado trecho a estrada acompanhou um rio de águas verdes. Até a hora em que parei para almoçar e abastecer em Paso de Índios, a temperatura não passou dos 8 graus, mas à tarde foi subindo lentamente até os 17 graus. A sensação de frio vinha do vento, quando ele cessava momentâneamente devido à proximidade de algum morro, a sensação de bem estar aumentava.
                                   RN25 - Vale dos Altares - muitos quilômetros com essas formações





Em Paso de Índios conversei com um motociclista argentino que se dirigia a Los Antiguos, para ingressar no Chile e percorrer a Carretera Austral, exatamente o projeto que fiz para esta viagem. Fiquei até tentado a seguir com ele, mas na minha cabeça já estava o meu novo roteiro.
Os quilômetros se sucediam rapidamente e fui avançando, até que, às 17 h, passei pela cidade galesa de Gaiman e entrei para abastecer. Gostei tanto do lugar que decidi ficar e pernoitar. Só havia uma hosteria na cidade, que se auto-intitula um B&B. Consegui o último quarto e me instalei, saindo imediatamente para explorar a cidade a pé, enquanto havia claridade.
                                 Hotel (B&B) em Gaimán

                                   Praça de Gaimán

                                  Praça de Gaimán

                                  Igreja N.Sra. de Luján
Tentei ir à casa de chá mais famosa, mas era longe demais. Andei quase 2 km e não chegava! Desisti e fiquei pelo centro, que me encantou com sua praça arborizada e cortada por um rio, que deve ser uma ramificação do rio Chubut, que banha a cidade. Entrei em uma confeitaria e tomei um chá com torta galesa, uma verdadeira delícia! Abusei e comi 2 pedaços da torta, que se parece com um bolo inglês.
                                 Anúncio da casa de chá - muito longe para ir a pé!

                                  Confeitaria no Centro

Quando saí para jantar, fazia um pouco de frio, mas não havia o vento cortante da região próxima à cordilheira. A temperatura agora é de 12 graus. Verifiquei a previsão do tempo, em Esquel está a  4 graus!