sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

13º dia - São Paulo (Diadema) a Rio Claro

Apesar da viagem Rio – São Paulo ser corriqueira, não se deve desprezar nem subestimar esses 400 km. A via Dutra transformou-se em uma avenida de 400 km, totalmente saturada de veículos, em sua maioria pesados, ocupando suas 4 faixas em ambos os sentidos, e em qualquer horário. Hoje não foi diferente.
Saí de Diadema de manhã pela Imigrantes e peguei a parte nova do rodoanel, uma obra fantástica.  Após rodar mais de 60 km, cheguei à rodovia Airton Sena (Trabalhadores).  Mais 100 km e alcancei a Dutra na altura de Taubaté, bem cheia, como é usual. A viagem transcorreu sem problemas até Rio Claro, onde cheguei um pouco após o almoço, por volta das 14 h. Na última curva da viagem, dentro de casa, um tombo idiota ao fazer uma curva em baixa velocidade, a qual é inclinada para dentro. Lembrei-me da XT 660 caindo sobre a minha perna, e consegui pular fora e livrar a perna dos 240 kg da moto + bagagem. Quebrar outra perna, definitivamente NÃO! A proteção divina atuou novamente, retirando-me de cima da moto no momento exato!  Não é possível uma pessoa sozinha levantar esta moto, ainda mais na posição em que caiu. Tive que aguardar a ajuda do caseiro, que chegou uns 15 min após. Mesmo duas pessoas fazem um bom esforço para levantá-la. Lembrei-me de que foram necessárias 3 pessoas para levantar uma V-Strom 1000  com bagagem na viagem de fevereiro 2013 ao Chile.

                                      Ops! Um susto na chegada!  Já pensaram neste peso sobre a perna?

Não aconteceu nada nem comigo nem com a moto, estamos prontos para a próxima viagem! Lavei minhas roupas sujas da viagem, lavei a Tiger Explorer e a XT 660R. Vou fazer a última parte da viagem, de Rio Claro ao Rio, de XT 660, pois pretendo vendê-la. A Triumph ficará no sítio, à espera de uma nova aventura, pronta.
                                           As motos lavadas

Ah, já ia me esquecendo de dizer: ontem no trecho Iguape-São Paulo, a moto fez a média de 19,7 km/litro, sendo que hoje a média foi de 20,1 km/litro! Quase não acreditei.
Bem, creio que posso considerar encerrada esta viagem. Tudo foi perfeito, tudo correu maravilhosamente conforme planejado e esperado, sem nada errado. Considero-me abençoado e privilegiado, pois consegui superar um ano difícil e uma perna ainda em recuperação, consegui pilotar (durante 5.550 km!) uma moto grande, pesada e possante como a TEX, nos mais diferentes tipos de trânsito e estradas, sem que nada de ruim me ocorresse. Consegui voltar às estradas, uma coisa que amo fazer, e farei enquanto minha saúde e Deus permitirem!
Obrigado a todos que “viajaram” comigo neste meu retorno! Todos os bons pensamentos contribuíram para que a viagem fosse um sucesso!
                                           Com as minhas "meninas"!

Até a próxima!
Guilherme Edel

Triumph Explorer 1200

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

12º dia - Iguape a São Paulo

A noite no hotel Floresta não foi boa: muito calor em um quarto minúsculo dotado apenas de um pequeno ventilador. Tive que levantar-me à meia-noite, tomar um banho frio e deitar molhado, para conseguir dormir. Tudo bem, essa é a vida do aventureiro, mas não é preciso sofrer tanto!
Através da agradável SP-222, após 54 km cheguei à Régis Bittencourt, na altura da cidade de Miracatu. Subi a serra do Cafezal em meio a caminhões e mais caminhões, um louco trânsito em ambos os sentidos da pista simples. As obras de duplicação estão em andamento, fiquei impressionado com a quantidade de obras de arte e com as soluções de engenharia: pontes, viadutos e túneis, com uma agressão mínima à natureza ao redor, que, por sinal, é exuberante, com mata densa e muitos manacás, o que deixa a estrada com um cheiro delicioso. Pena a intensidade do tráfego, mas acredito que após a duplicação do trecho da serra, será possível apreciar melhor a natureza e sentir o perfume dos manacás invadindo a estrada.
Através do rodoanel sul cheguei à Imigrantes e de lá a Diadema, onde o amigo Ricardo preparou um maravilhoso churrasco de costela ao bafo, com todos os acompanhamentos possíveis: farofa, salada, linguiça, frango, arroz e feijão. Uma fartura e uma delícia! Conversamos durante toda a tarde e às 18 h saiu a primeira costela, que assava desde cedo. A conversa foi boa (e a carne também!), e tudo se encerrou às 23 h. Um dia light e muito agradável, revendo amigos e colocando as conversas em dia. Dormi em Diadema.


11º dia - Irani (SC) a Iguape (SP)

Mais um dia de estrada! A estrada entre Irani (SC) e Lapa (PR), atravessa uma região montanhosa e bonita, é bastante sinuosa com muitos aclives e declives. A partir de União da Vitória até Contenda peguei muita chuva. Fora este trecho, o resto do dia foi com tempo nublado pela manhã e sol à tarde, com muito calor.

Após Curitiba, a estrada foi a Régis Bittencourt.
                                Na Régis Bittencourt

A Régis Bitencourt é uma estrada bonita, eu sempre digo isto, o problema é que nunca a apreciamos em função de tudo o que ela nos apresentava de ruim: pista única, excesso de caminhões, asfalto deteriorado, falta de sinalização, mato à beira da estrada e outras coisas. Agora, com a Arteris, concessionária que sucedeu a péssima OHL, a Régis vai tomando outra cara, apesar do traçado antigo e obsoleto, está sendo transformada em uma rodovia trafegável e relativamente segura. Ainda há muito a ser feito, mas já salta aos olhos as melhorias implementadas pela concessionária.
Na altura de Jacupiranga entrei na SP 226, que passa por Pariquera –Açu e vai até Iguape. Foi difícil conseguir hotel em Iguape, em função da temporada, o que consegui foi o hotel Floresta, uma boca de porco sem internet , sem café da manhã e sem ar condicionado. O quarto está infestado de mosquitos, vai ser difícil dormir, mas foi o que consegui.
                                            Chegada a Iguape                                                         


                                          Hotel em Iguape                                    



                                           Iguape - igreja matriz, construída por partes


Na cidade sopra uma brisa agradável entre o casario colônial preservado. Sentei-me em uma pizzaria, tomei 2 Maltzbier e jantei uma pizza. Gosto de estar em Iguape, pena que desta vez não vai haver tempo de curtir o local e as redondezas (Ilha Comprida, Cananéia, Morro do Espia). Amanhã chegarei a Diadema para um churrasco de costela!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

10º dia - Uruguaiana (RS) a Irani (SC)

Um dia de estradas. De estradas brasileiras, mal conservadas, sobrecarregadas de veículos, traçado ruim e outras mazelas. Conforme eu previra, estradas como as uruguaias, jamais!
O trecho entre Uruguaiana e Passo Fundo foi razoável, o volume de veículos estava dentro do normal, apesar do asfalto todo defeituoso, com muitos trilhos de rodas e exsudações.
A partir de Passo Fundo, foi o inferno brasileiro: caminhões demais, traçado sinuoso e um calor terrível, o sol castigando forte.

Entrei em São Miguel das Missões, que já conhecia, mas queria aproveitar a oportunidade e rever. Ao chegar às ruínas, o parque estava fechado, pois segunda feira é dia de manutenção. Consegui entrar e visitar, porém sem guia ou qualquer apoio. Estamos no Brasil...

                                Pórtico na estrada para São Miguel das Missões


                                          Ruínas jesuíticas de São Miguel

Por volta das 19:00 h achei que já era hora de parar por hoje.Estava em Concórdia (SC), e decidi pernoitar em Irani, a cidade seguinte, distante 36 km.  De repente armou uma tempestade, surgiram nuvens negras e a chuva caiu pesada, nos últimos 30 km do dia! O asfalto exsudado era um enorme perigo, a moto patinava e derrapava nas retas. Estava em uma região serrana, muito sinuosa, tive que seguir devagar com cautela máxima. Graças à proteção divina, percorri sem problemas os 30 km sob a chuva fazendo as curvas com muito cuidado para não entrar em um trilho de roda exsudado e ir ao chão.
Cheguei em Irani às 19:30 h e hospedei-me no único hotel da cidade, após 11 h de estrada e exatos 765 km rodados no dia de hoje, sob muito sol e calor, exceto os últimos 30 km. Para quem gosta de números e estatísticas, hoje foram 5 abastecimentos (já saí com o tanque cheio de Uruguaiana), cerca de R$ 120,00 gastos em combustível e a média de 17,85 km/litro.

                                                               Após a chuva, um arco-íris me aguardava em Irani!   

domingo, 25 de janeiro de 2015

9º dia - Deixando o Uruguai

Saí do hotel em Montevidéu às 8:15 h. Segui pela rambla e parei para abastecer antes de pegar a ruta 1, para Colonia del Sacramento. Às 8:30 h  estava saindo do posto e pegando a estrada. Os 180 km que separam Montevidéu de Colônia passaram rápido, a estrada é excelente e tem pouco movimento. Entrei em Colonia para revisitá-la, é sempre um lugar tranquilo e agradável, parece que o tempo parou por ali.

Como era cedo, ainda não era hora do almoço, eu bem gostaria de almoçar no restaurante de sempre, em frente à igreja. Devido ao horário, ele estava fechado.










Peguei novamente a estrada em direção a Carmelo, que dista 75 km de Colonia. Minha intenção era conhecer a cidade e suas diversas praias, mas desisti, apenas almocei um chivito em um restaurante na praça principal e segui viagem. O que eu iria fazer nas praias, de botas, calça comprida, casaco, luvas, capacete e para completar um calor infernal? Peguei novamente a estrada, atravessei Dolores e parei em Mercedes, uma agradável cidade à beira do rio (seria o rio da Prata ou algum afluente?), com jardins e pequenas praias à beira-rio.

                                          Na estrada, rumo a Carmelo

                                           Mercedes

                                           Mercedes
                                         
                                           Mercedes

De Mercedes tomei a estrada para Paysandu, cidade histórica e termal, mas não entrei, pois estava com pouco dinheiro uruguaio e teria que entrar no Brasil ainda hoje. Há diversos complexos termais na região de Paysandu e Salto, vale a pena um dia voltar para curtir.
Quando estava a 345 km da fronteira (Bella Union)  já eram 16 h. Tomei como meta cruzar a fronteira às 19 h para aproveitar a claridade do dia, passei a andar forte, tanto que fiz os 345 km em exatas 3 horas! E ainda houve uma parada para abastecimento!
                                Retornando ao Brasil: a 2.140 km de casa ( e já andei 895)

Após entrar no Brasil, a cidade seguinte é Uruguaiana, distante 76 km da fronteira com o Uruguai. Percorri essa distância em 45 min! Entrei na cidade e hospedei-me em um hotel um pouco afastado do centro, então não jantei, apesar de estar com bastante fome. No mesmo hotel chegaram 3 motoqueiros de São Paulo retornando do Ushuaia e trocamos idéias e informações sobre viagens e motos, um papo que rende horas...
No dia de hoje andei 895 km em praticamente 12 horas. Foi um dia cansativo e muito quente, mas a viagem pelas estradas uruguaias foi ótima, bem tranquila. A estrada entre a fronteira e Uruguaiana, também estava vazia, talvez por ser um domingo. Assim, o dia de hoje foi de estradas boas e vazias. Não espero mais nada assim daqui para a frente!
Apesar de haver andado alguns trechos em velocidade alta, a moto manteve a média de consumo em torno nos 17,5 km/litro. A resistência oferecida pelas bolsas laterais também aumenta o consumo, principalmente em velocidades altas.

sábado, 24 de janeiro de 2015

8º dia - Mais Montevidéu!

A programação para o dia de hoje era ir a Punta del Este e arredores, mas decidi que só vou pegar a moto na hora em que for embora. Assim, passei mais um dia em Montevidéu. Punta vai ficar para uma próxima viagem.
                              Imponência: os 3 andares deste prédio correspondem aos 12 andares do prédio vizinho!

Sem muita idéia do que poderia fazer sem condução própria dentro da cidade, saí pelas ruas com a intenção de conhecer mais alguns museus. Alguns se situam dentro da Cidadela ou Cidade Velha, que é a parte mais antiga da cidade, no passado cercada por uma muralha para  defesa contra os invasores. Às 10 h da manhã a Cidade Velha mais parecia uma cidade-fantasma: não havia gente pelas ruas e o comércio estava fechado. Hoje é sábado, e os hábitos por aqui são diferentes dos nossos.
                                                  Porta da Cidadela 

                                           Pelas ruas da Cidade Velha


Após caminhar bastante, não achei o Museu do Descobrimento. Provavelmente está fechado, mas no número indicado nos guias e na internet há um prédio em ruínas. Parti para o Museu da Construção, que foi a residência de um arquiteto. Em um terreno com apenas 4,7 m de frente, ele construiu uma casa usando toda a sua genialidade e criatividade. Chegando ao local, encontrei a casa fechada, e pelas grades do que seria um portão de garagem, vi entulhos, materiais de obra e materiais de demolição. Nada feito, novamente!
                                        Museu da construção - residência do arquiteto Tomás Toríbio

                                  Vejam o tamanho da frente da casa (branca) de Tomás Toríbio - apenas 4,7 m!

                                            Casa abandonada e museu fechado

Segui a pé até a rambla, seguindo até o final a rua de  pedestres Sarandi, onde há um pier enorme e as pessoas costumam pescar. Uma capital de país e as pessoas calmamente pescando  no centro da cidade,  em um sábado de manhã! Incrível e muito bacana!

                                                        A rambla, na região da Cidade Velha


Voltei, passando pelo mercado do porto e almocei um chivito na praça Constitucion.
                                          Restaurante onde almocei, na praça Constitucion

Ainda caminhando, passei em uma das inúmeras livrarias de Montevidéu e comprei um interessante livro sobre o Graf Spee e a chamada "Batalha de Montevidéu", ou "Batalha do rio da Prata". As livrarias oferecem muita literatura de boa qualidade, e não apenas best sellers, para quem gosta, dá vontade de ficar olhando e folheando livros por horas.
                                          Livraria Puro Verso

Tentei ainda visitar o Museu do Gaucho e da Moeda, mas também estava fechado! Tive que andar mais de 10 quadras para achar uma casa de câmbio aberta e conseguir trocar dinheiro. Acho que a cidade só funciona durante a semana!
                                           Palácio Esteves, na praça Independência: mais um símbolo de Montevidéu 

Em toda essa caminhada, devo ter andado uns 8 km. É verdade que caminhei devagar, parando diversas vezes. Não há nenhum efeito aeróbico, mas é um bom exercício para minha perna. Cheguei às 15 h no hotel com a perna dolorida, quase dormente!


Como sempre, fui dar meu passeio vespertino pela rambla, mas às 17:30 h o sol estava de lascar, parecia um sol de meio dia! Não andei muito para não sofrer os efeitos danosos do sol; retornei ao hotel para arrumar as coisas, afinal, amanhã é dia de estrada novamente!