sexta-feira, 24 de julho de 2015

6º dia: a volta - Diamantina ao Rio de Janeiro

A volta geralmente é um mal necessário: já vimos o que queríamos, desbravamos o desconhecido e fizemos as necessárias visitas às atrações do local. Resta agora voltar, aquele monte de quilômetros sem graça e sem a emoção e ansiedade da ida. Diamantina fica a mais de 700 km do Rio (acho que são 760 km), e eu nem tinha intenção de fazer este trecho em um só dia, pensava em dormir pelo caminho.
Saí de Diamantina às 8:30 h, sob temperatura de 14 graus. Ao parar para abastecer em Curvelo , a 120 km de Diamantina, conheci o César que viajava em uma Tiger XC, e ficamos conversando por uma hora, sobre motos e viagens. A estrada entre Diamantina e Curvelo é uma delícia, com bom asfalto, curvas e poucos carros.
 Após Curvelo, minha próxima parada foi depois de contornar Belo Horizonte pelo anel rodoviário, já na altura de Congonhas do Campo, e almocei por lá.
Almoço em Congonhas

Ao retornar à estrada, peguei um enorme congestionamento na BR-040, entre Congonhas e Lafayete. Era impossível andar de moto no corredor, pois a estrada é estreita, tem 2 pistas com largura de 3 m sem acostamento, o que deixa os caminhões quase encostando lado a lado. Estava  tudo completamente parado por 20 km, o motivo era um acidente em um trecho de pista simples com um viaduto estreito em curva. Segui pela contra-mão junto aos carros, e assim fui avançando. Em 1 hora e meia andei apenas 12 km!
Passado o congestionamento, andei mais rápido para tentar recuperar o tempo perdido, mas o traçado da estrada, aliado ao elevado número de quebra-molas e "pardais" de até 30 km/h (pasmem, é isso mesmo em uma rodovia federal cuja velocidade permitida é 110 km/h) não ajudava.
A partir de Juiz de Fora, tudo muda: não há mais quebra-molas e a estrada melhora consideravelmente, graças à concessionária Concer, que administra o trecho. Aumentei a velocidade e parei em Três Rios para tomar um café, quando escureceu.
                                             Parada para um café ao anoitecer

Percorri os últimos 100 km que me separavam do Rio à noite, justamente o pior trecho, de traçado mais sinuoso, com uma serra e muitas obras devido à construção da nova pista de subida. Para piorar, houve um acidente na serra, com o tombamento de uma carreta "cegonha": alguns carros caíram no precipício e outros ficaram esparramados pela pista. Desnecessário dizer que formou-se mais um enorme congestionamento.
Após descer a serra, dei mais uma parada, na Casa do Alemão, para relaxar; estava cansado e tenso devido à pilotagem noturna acrescida de todos os obstáculos encontrados.
Novamente, na Linha Vermelha, mais um congestionamento de 5 km.
Acabei chegando em casa às 20:00h, ou seja, com todas as paradas, congestionamentos, acidentes e obras, levei 11 horas e meia viajando. Ainda bem que eu gosto, mas confesso que cheguei bem cansado!
A viagem toda foi muito boa: conheci estradas e lugares novos e tudo deu certo. A moto comportou-se exemplarmente e nada de mal ou ruim me aconteceu. Meus anjos continuam a me proteger. Acho que estou dando menos trabalho a eles, ando muito mais cauteloso!
Até a próxima!

quinta-feira, 23 de julho de 2015

5º dia - Diamantina e arredores


Dia dedicado a percorrer e curtir as ruas, cantos e arredores de Diamantina.
Pela manhã, perambulei pelas ruas da cidade sem destino definido, apenas observando e aproveitando a harmonia do conjunto arquitetônico. Subi, desci, entrei em becos, atravessei vielas e escadarias, apreciei e visitei igrejas e fui ao museu da Casa de Juscelino.


                                                     Santa Casa de Diamantina



                                              Em primeiro plano, o Mercado dos Tropeiros





O museu foi uma visita interessante, mesmo depois de já haver visitado em Brasília o Memorial JK e o Catetinho. A casa mostra sua origem simples e sua trajetória até tornar-se um dos presidentes mais populares do Brasil. Além de objetos pessoais, há um rico acervo de livros, revistas, cartas e fotos. Uma aula de história por R$ 5,00!
                                            Quarto de JK: simplicidade

Após o almoço, peguei a moto e fui conhecer o parque de Biribiri. Uma estrada de terra de 15 km separa Diamantina da Vila Biribiri. A estrada tem "costelas" em toda a sua extensão, e é cheia de trechos com seixos rolados sobre a pista e alguns trechos com areião fofo. Para motos, é um convite ao tombo, mas, novamente, percorri os 30 km de ida e volta sem qualquer ocorrência. Há pontes com 2 tábuas para a passagem das rodas dos carros, nas quais a moto precisa se equilibrar.
Há algumas cachoeiras dentro do parque, visitei apenas a Cachoeira Sentinela e segui para a Vila Biribiri.
                                             Estrada de terra, que leva à Vila Biribiri

                                       Cachoeira Sentinela, dentro do parque estadual Biribiri

A vila foi uma agradável surpresa: trata-se de uma antiga fábrica de tecidos desativada, com todas as construções, inclusive uma igrejinha, restauradas. Era uma mini-cidade, um povoado bem organizado, pois os funcionários residiam no local. Funcionam hoje nas construções alguns restaurantes, a comida é servida ao ar livre em um ambiente bucólico e tranquilizador. O conjunto formado pelos prédios e pelas casa é harmonioso, mas não é possível captar tudo em apenas uma foto. Todas as casas ficam ao redor de um imenso pátio gramado, onde são colocadas mesas para as pessoas fazerem as refeições ou comerem petiscos. Tudo isso circundado por um rio que forma diversas praias e quedas d'água. Um pedacinho do paraíso!
                               Igrejinha de Vila Biribiri




Os sistemas de captação de água para fazer a fábrica funcionar ainda existem, com canais, córregos e barragens. Um belo passeio, vale a estrada de terra! Se eu soubesse como era, teria almoçado por lá.
A Tiger comportou-se impecavelmente na estrada de terra com pedras soltas, mas, se já estava imunda devido ao trecho entre Conceição do Mato Dentro e Serro, ficou muito pior! Poeira para todo lado, em todos os cantos.
                                    Retornando de Vila Biribiri

                                   Estrada de terra com pedras soltas

Ao chegar de volta a Diamantina mandei lavá-la, e agora está novamente reluzente!


quarta-feira, 22 de julho de 2015

Viagem a Diamantina - 4º dia - Serra do Cipó a Diamantina

Apesar de haver acordado antes das 6:00 h, tive que aguardar até as 8:30 h para tomar o café da manhã. Logo após o café, peguei a moto e fui ao complexo onde fica a Cachoeira do Véu de Noiva. No local há camping, chalés, piscina natural e alguns quiosques que vendem sorvetes e outras coisas. Após uma trilha bem pedregosa em aclive, chega-se à cachoeira. Eu não poderia ir embora sem tê-la conhecido, embora não houvesse tempo para tomar um banho no grande poço formado em sua base, valeu a visita. E, além de tudo, às 9:00 h da manhã a água devia estar bem fria!
Retornei à pousada, arrumei minhas coisas na moto e despedi-me do Flávio, o proprietário, que foi uma pessoa muito bacana e simpática, o que rendeu muitas conversas boas.  Se algum dia eu voltar à Serra do Cipó, com certeza me hospedarei novamente na pousada Pepalantus: aconchegante, charmosa, um bom café da manhã, preço justo e a simpatia e presteza do Flávio. Senti-me à vontade.

                                                        Trilha para Véu de Noiva 

                                                  Véu de Noiva

A travessia da Serra do Cipó, que é uma ramificação da Serra do Espinhaço, é fantástica: uma estrada belíssima, muitas curvas e um visual deslumbrante. Eu a classifico como uma das 10 estradas mais bonitas e cênicas do Brasil. Indescritível, vale a pena percorrer os 67 km entre o distrito de Serra do Cipó e Conceição do Mato Dentro curtindo cada quilômetro da rodovia. Este foi o trecho mais bonito da viagem, apenas igualado pela subida da serra de Petrópolis, mas este não conta, pois estou acostumado a percorrê-lo com freqüência.
                                           Início da subida da serra 


                                             Serra do Espinhaço

                                             Conceição do Mato Dentro

Entre as cidades de Conceição do Mato Dentro e Serro são 70 km, sendo que 50 km em estrada de terra, que está em obras, parece que vão asfaltá-la. Estes 50 km sem asfalto  foram terríveis: estrada inteira em obras, material solto sobre a pista, diversos trechos em regime de pare-siga, máquinas trabalhando, caminhões transportando terra e, o que foi a pior coisa, carros-pipa encharcam toda a extensão da estrada, transformando a argila em uma superfície lisa como vidro ensaboado! Qualquer movimento brusco no guidão significaria um tombo, a tensão de andar em uma estrada nestas condições é enorme. Graças a Deus consegui transpor a distância entre Conceição do Mato Dentro e Serro ileso, quase um milagre. Em um trecho que parei para tomar água, eu mal consegui andar a pé sobre a pista, de tão escorregadia, não sei como a moto se equilibrava em pé, acho que era o efeito giroscópio. Quando eu diminuía a velocidade para parar nos sinalizadores ou desvios, a moto começava a escorregar de lado. Levei uma hora e meia para percorrer os 50 km de terra.
Depois de Serro a estrada até Diamantina é asfaltada, são 80 km onde deu para andar bem.
Cheguei a Diamantina às 15:30 h, bastante cansado pelo trecho em terra, que exigiu muita atenção e concentração. Foram cerca de 200 km no total, que alternaram trechos maravilhosos com trechos horrorosos! Foi o dia mais cansativo, apesar da pequena quilometragem.
                                 Estrada encharcada por caminhões-pipa: piso liso como quiabo!


                                  Trecho Serro - Diamantina

Deixei a bagagem e a moto no hotel e fui para o centro, que fica a 2 km do hotel onde hospedei-me. O conjunto arquitetônico é interessante, mas  há ladeiras e mais ladeiras. Toda a cidade foi construída nos morros, e as ladeiras são muito íngremes. Para complicar mais um pouquinho, o calçamento é todo com pedras irregulares. Andei pelo centro histórico, uma visita de reconhecimento, amanhã explorarei com profundidade, mas gostei muito do que vi.

                                                           Igreja de Bom Jesus

                                      Casa de Juscelino

                                  Casa de Juscelino na época em que ele morou lá - Compare!


                                       



                                                              Ladeiras...



                                     Prefeitura

     Centro Histórico de Diamantina 

Beco do Mota 

                           Igreja N. Sra. das Mercês 


Antiga estação ferroviária - hoje, corpo de bombeiros

Às 17:30 h já estava bem frio, eu estava de bermuda e camiseta, e levaria 40 min caminhando até o hotel. Não hesitei, peguei um moto-táxi, que me levou de volta em apenas 5 minutos!

E assim se foi mais um maravilhoso dia de viagem! Como é bom viajar de moto e descobrir novos lugares! É uma viagem livre e aventureira, que só quem faz sabe o prazer que dá!

terça-feira, 21 de julho de 2015

3º dia - Serra do Cipó e arredores

                                 
                                 

O dia de hoje foi dedicado a explorar a região da Serra do Cipó. O primeiro objetivo foi conhecer o parque nacional da Serra do Cipó. Há diversas trilhas dentro do parque, que levam a cachoeiras, rios, lagoas e mirantes. A trilha mais longa representa 24 km de caminhada, entre ida e volta. Escolhi algumas trilhas que julguei interessantes para o meu gosto pessoal e me coloquei a caminhar.
Visitei o Mirante do Bem, de onde se tem uma maravilhosa vista do parque e das montanhas que o rodeiam. De lá, passei por 4 lagoas e fui ao encontro dos rios Bocaina e Mascates, onde é formado o rio Cipó. Andei dentro de matas e em vegetação de cerrado, até que retornei  à portaria principal do parque, após ter caminhado cerca de 8 km, cercado de muita natureza.

                                            Mirante do Bem

                                  Trilha para o mirante - descanso

                                                   Vista do mirante



                                            Encontro dos rios - formação do rio Cipó

                                             Pelas trilhas


                                            Lagoa

Almocei e saí de moto para conhecer Santana do Riacho, a sede do município e Lapinha da Serra, um povoado encravado nas montanhas.
A estrada da Serra do Cipó a Santana do Riacho é incrível: são 30 km sobre os morros, com um traçado surreal e curvas com geometria que desafiam a engenharia rodoviária. A estrada e o visual de ambos os lados, com montanhas, valeu o passeio. O asfalto é um tratamento superficial relativamente novo, em ótimo estado e muito bem feito, não senti ondulações, não há desagregação nem exsudação, o que é raro.
                                            Santana do Riacho


Santana do Riacho não tem atrativos especiais, então segui para Lapinha da Serra, que é uma comunidade diferente em meio a uma paisagem exótica, dizem. A estrada se inicia com um calçamento em pedras irregulares da pior qualidade e segue em terra, com pedras soltas, muita areia e costelas (“calaminas”). Para piorar é cheia de aclives e declives e possui curvas em 90 graus. Em uma subida bem íngreme cheia de costelas, areia, pedras e curvas, a roda traseira da moto patinava e ela perdia tração, e o controle de tração atuava, dando trancos e fazendo-me sentir inseguro. Devemos lembrar que a moto pesa 240 kg a seco, e não é adequada para trilhas, apenas para estradas de terra. O peso da moto mais a minha perna “meia-boca” fizeram-me desistir após rodar pouco mais de 4 km nessa estrada (são 12 km ao todo). Com uma moto mais leve eu tiraria de letra, mas com 240 kg, sozinho e um controle de tração ativo, achei que deveria desistir e voltar, e foi o que fiz. Sei que perdi algo por retornar sem conhecer Lapinha da Serra, mas voltei são e salvo. Prudência e canja de galinha nunca fizeram mal a alguém! Voltarei com uma moto mais adequada!
                              Estrada para Lapinha da Serra - subidas, terra solta, pedras, curvas e costelas

                                   Ponto de onde decidi retornar