domingo, 28 de outubro de 2012

Rio Claro

Estou há alguns dias em Rio Claro, curtindo esse meu cantinho que tanto gosto,  o qual chamo de "meu pedacinho do paraíso". Foram dias na tranquilidade do campo  executando trabalhos próprios de qualquer sítio ou casa de campo: manutenção da casa (pintura), pequenos reparos, cuidar de plantas, cuidar de cachorros e ver a vida passar. Tenho andado de moto, a CB 500 Four tem sido minha condução para todas as necessidades, como fazer compras, tomar café, refeições e lanches e pequenos passeios pela região.
Bom seria se eu não precisasse mais sair daqui, pois as cidades grandes são estressantes devido ao trânsito e a quantidade de pessoas pelas ruas, lojas, shoppings centers e restaurantes. A vida no campo próximo a uma pequena cidade é uma maravilha, mas eu só reconheço isto porque também vivo o outro lado, ou seja, moro em uma grande cidade (Rio), e olhe que  é, de longe, a melhor cidade do Brasil em diversos aspectos: beleza natural, clima, relevo, povo e culturalmente.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Coda: Rio Claro - Rio de Janeiro

Para que a viagem terminasse no mesmo ponto onde começou,  ainda faltava o trecho de 130 km entre Rio Claro e o Rio de Janeiro.
                                          RJ 145, entre Passa Três e Piraí

Saí de Rio Claro hoje às 7:30 da manhã, sob temperatura amena e um céu azul sem nuvens como não se vê no nordeste, pois lá sempre há formações no céu. Viajei com muita calma, não tinha pressa de chegar.
Parei no caminho (Nova Iguaçu) para fazer minha sessão de fisioterapia e depois continuei em direção ao Rio, sob um calor implacável e uma Dutra congestionada. Andei os últimos 16 km no corredor entre os carros.
Suando em bicas sob o casaco, cheguei em casa às12:30 h, e tudo o que queria era tomar um banho.
O saldo da viagem foi altamente positivo. Apesar de ser uma viagem curta, gostei do que vi e dos locais que visitei.
Foram 3.168 km, e não houve sequer um parafuso frouxo ou uma lâmpada queimada na moto, que se comportou de maneira exemplar. O pneu traseiro chegou "careca", e o dianteiro também merece ser trocado.
Gastei pouco e aproveitei muito!
Eu, que estava acostumado a viajar em motos naked (ultimamente sempre de Bandit 1200), adaptei-me bem ao estilo big trail e ao motor single. Até a falta de potência da XT 660 em relação à Bandit eu absorvi bem. Um motor de 4 cilindros não tem igual, mas minha próxima viagem mais longa (Argentina e Chile), programada para fevereiro próximo, será feita com um propulsor de apenas 1 cilindro e 660 cm3! Minha coluna, que estou tratando com carinho, agradece ao longo curso das suspensões da XT, pois nada senti durante as 8 horas diárias que passava sobre a moto.
Outras viagens virão!


                                          Bye, até a próxima viagem!


                                          Está na hora de trocar...

Fim da viagem.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Uma questão de tamanho

Após passar 9 dias andando somente na XT 660, ao chegar de volta a Rio Claro, peguei, como é de costume, a CB 500 Four para circular pela cidade e fazer as compras e tarefas rotineiras.
Achei-a tão pequena, quase um brinquedo... Lembro-me que, nos anos 60, a Honda CB 500 F era o sonho de consumo de muitos motociclistas, inclusive o meu, pois todos desejavam ter uma moto "grande". Hoje as 500 cilindradas representam uma moto média, e em termos de tamanho, a 500F, se comparada à XT, é nanica, apesar dos  seus 4 cilindros e dos estilos completamente diferentes!
Eu a chamo carinhosamente de "baixinha gostosa", pois apesar do seu porte  não muito avantajado, ela é uma delicia quando em funcionamento,  conduzida  por alguma rua ou estrada. Os padrões mudam, hoje qualquer moto 250 cc tem pneus mais largos que as 500 cc dos anos 70. Entretanto, assim como o vinho e algumas mulheres, ela continua gostosa, apesar da idade! Quem provou, sabe!





segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Último dia - Rio Claro


Acordei de madrugada sem sono, e, por mais que tentasse, não consegui dormir novamente. Às 4:20 h da manhã levantei-me, arrumei toda a bagagem nas malas e mochilas, tomei banho, fiz a barba e esperei até as 6:00 h para sair do quarto, pois é a hora em que o café é servido. Tomei uma xícara de café preto e comi um pão sem manteiga, amarrei toda a bagagem na moto, calibrei os pneus, lubrifiquei a corrente, abasteci e às 7:40 h peguei a BR 393 na direção de Volta Redonda.
Depois de 165 km cheguei a Barra do Piraí, onde tomei um café decente  em um posto BR na estrada e comi um sanduíche. Cruzei a cidade de Barra do Piraí e entrei na RJ 145. Passei por Piraí, Passa Três e finalmente cheguei a Rio Claro, após mais 65 km.
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Cheguei às 10:30 h, ao todo andei 250 km e levei 3:50 h, mas preciso falar sobre a BR 393 (Além Paraíba - Volta Redonda). É uma estrada com traçado antigo, obsoleto e perigoso, que liga a via Dutra em Volta Redonda à BR 116 em Além Paraíba, ou seja, é a rota de todos os caminhões e veículos em geral que vêm do Sul, inclusive São Paulo, em direção ao nordeste.
É sobrecarregada de caminhões, o traçado, como já disse, é muito sinuoso e antiquado, há pouquíssimos pontos próprios para uma ultrapassagem segura, pouquíssimas terceiras faixas e nenhuma fiscalização. Há cobrança de pedágio (2 postos) e o asfalto é apenas razoável. Essa rodovia merece uma duplicação e melhoria do traçado em toda a sua extensão, ao menos merece a implantação de  terceiras faixas nos trechos mais críticos. Andar por ela é uma selvageria, a maioria dos caminhões em excesso de velocidade, outros trafegando a 60 km/h,  ultrapassagens perigosas, quebra molas em excesso, cruzamento de cidades, enfim, sempre que puder, EVITE a BR 393, a menos que queira testar sua paciência até o limite. Eu estava sem pressa, na boa, e tentei andar rigorosamente dentro da lei, mas é impossível, pois os caminhões colam na sua traseira, os carros forçam passagem e volta e meia fui obrigado a entrar no acostamento (quando existia!) pois veículos vinham no sentido oposto ultrapassando, ocupando toda a pista.  E tem mais: há muitas obras, e TODAS elas em regime de PARE-SIGA, o que provoca ainda mais retenções e lentidão ao longo do percurso. EVITE SEMPRE, fica o conselho!
Ainda há uma aberração: a estrada é interrompida em Três Rios, é necessário pegar um trecho de 1 km da BR 040 e cruzá-la, para depois entrar na continuação da BR 393. Grande projeto!
Nesta viagem rodei ao todo 3.020 km, em diversas rodovias federais e estaduais, e, de longe, a BR 393 foi a pior delas.

domingo, 14 de outubro de 2012

Retornando

Todo retorno é meio sem graça, pois nada mais é novidade, principalmente se vamos fazer o mesmo percurso da ida, mas vale o prazer de estar em cima da moto.
No dia 13 de outubro (sábado), despedi-me do Thiago na porta da pousada em Mucugê. Ele iria de carro para Vitória da Conquista e eu de moto para o Rio. Apesar do caminho ser o mesmo até Vitória da Conquista, optamos por seguir separados, pois carro e moto são incompatíveis na estrada, não dá para andar junto. Só os idiotas e os inexperientes tentam!

Thiago saiu na frente e não o encontrei mais. Partimos às 9:30 h, após tomar café e conversar entre nós e também com outros hóspedes da pousada, com quem trocamos telefones. Foi ótimo ter a companhia do meu filho nos passeios que fizemos.
O dia na estrada foi quente, sempre com sol. As estradas do interior da Bahia até Vitória da Conquista estavam vazias, vim observando e curtindo a paisagem, a vegetação e o relevo.
Ao chegar à BR 116 o panorama mudou: estrada cheia de caminhões e trânsito muito intenso. Segui com cautela até as 17:00 h, quando achei que era hora de parar, antes do pôr do sol. Eu estava em Padre Paraíso, uma pequena cidade no norte de MG. Pesquisei 6 pousadas na localidade e nenhuma tinha internet,  então escolhi uma delas e fiquei por lá, por R$ 30,00. Ainda faltavam 100 km para Teófilo Otoni. Eu estava muito cansado, dei uma volta pela cidade a pé e acabei dormindo cedo, logo após o Jornal Nacional, sem jantar.



No dia seguinte (14 de outubro, domingo), às 7:30 h já estava pegando a estrada. Ao contrário do dia anterior, estava frio pela manhã, com tempo nublado, e assim permaneceu por todo o dia. Apesar de ser um domingo, a estrada estava muito cheia, principalmente de caminhões. Em alguns trechos fui obrigado a andar forte para fazer ultrapassagens e me distanciar dos caminhões, em outros, quando a estrada apresentava-se mais vazia, andava mais devagar para aproveitar melhor a natureza ao redor. A alta velocidade e as acelerações bruscas cansam.
Peguei alguma pequenas pancadas de chuva que me molharam, mas a roupa acabava secando no corpo. Após Muriaé uma chuva muito forte me encharcou totalmente (estava sem a capa), e segui assim mesmo por 50 km, com muito cuidado, pois os pneus já estão carecas e o asfalto estava muito liso. Um perigo, não podia de forma alguma levar um tombo!
Molhado e com frio, cheguei a Além Paraíba às 17:00 h. Hospedei-me em um hotel de posto de gasolina, à beira da estrada, para não ter que viajar à noite, e, pior, molhado! O hotel fica no entroncamento da BR 116 que leva ao Rio, com a BR 393 que leva a Volta Redonda. Amanhã seguirei pela BR 393 até Bara do Piraí, e de lá pegarei a RJ 145, que passa por Piraí, até Rio Claro.

                                          Roupas molhadas

Sobre os quartos e banheiros destes hotéis de beira de estrada onde tenho pernoitado, nem quero comentar! Mas não me incomodo, estando sozinho, só preciso de um banho e de uma cama. E as acomodações toscas e simples fazem parte da aventura, tornando-a mais enriquecedora e até mais econômica!
Já rodei  quase 2.800 km desde que saí de casa, há 1 semana!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Mucugê e arredores III

Thiago chegou ontem à noite, mas, para não me acordar, ficou em outro quarto na pousada. Pela manhã, encontrei-o no café da manhã.
Acabamos fazendo um roteiro que eu já houvera feito, mas para mim foi bom repetir a dose e ver algo mais que possa ter passado despercebido antes.

                                          Diamantes

Primeiro fomos ao Museu do Garimpo, onde pude aprender um pouco mais sobre os diamantes, sua exploração e lapidação. Em seguida, fomos para Igatu. Lá chegando, fomos ver as ruínas das casas onde moravam os garimpeiros e aproveitamos para visitar o museu de arte.

Do museu, tentamos ir ao Brejo do Verruga, antiga área de garimpo onde há um poço e uma gruta, mas após caminhar bastante e subir um morro, vimos que ainda seria necessário descer o morro pelo outro lado e ainda caminhar bastante. Desistimos e voltamos. Almoçamos em um restaurante na praça        principal do povoado e fomos para o projeto Sempre Viva.


Ainda em Igatu, conhecemos o Amarildo dos Santos, fã da Xuxa, que registra e controla manualmente os habitantes do povoado: quem nasce, quem morre, quem chega e quem sai, além de escrever diversos livros e folhetos, todos manuscritos. Comprei um "guia das belezas de Igatu e da chapada" manuscrito. Vale a pena conhecê-lo. Seu sonho é um dia conhecer a Xuxa pessoalmente.

No projeto Sempre Viva, Thiago aproveitou e tomou um banho no poço da cachoeira Tiburtino. O volume de água corrente é muito pequeno, mas o poço estava cheio e deu para tomar um bom banho e até nadar.



Ao voltar para Mucugê, tomamos a direção errada na estrada e andamos por mais de 15 km. Quando nos demos conta, retornamos, e logo adiante presenciamos um acidente horrível com um caminhão transportando melancias, que atravessou a pista, saiu da estrada e capotou. O choque foi tão violento que esmagou a cabine e esparramou pedaços do caminhão para todos os lados: para choques, tanque de combustível e portas estavam espalhados por toda parte.
O motorista foi jogado para fora (por sorte estava sem o cinto, senão morreria) e estava caído com uma fratura exposta horrível na perna e uma fratura também no braço (húmero), além de escoriações e cortes por todo o corpo. Como fomos os primeiros a chegar, conversamos com ele; o Thiago recolheu seus documentos, pertences e dinheiro enquanto eu fiquei ao seu lado para tranquilizá-lo. Começou a chegar gente e pedimos uma ambulância, que levou meia hora para chegar. Não permitimos que mexessem no homem, pois queriam pegá-lo e colocá-lo dentro de algum carro para levá-lo ao hospital. Consegui papel higiênico e limpei o sangue do rosto e dos olhos do acidentado, e demos-lhe água.
O "garimpeiros" começaram a vasculhar a área para saquear coisas de valor, o que impedimos enquanto estivemos lá.
Por fim chegou a ambulância, porém sem enfermeiro, e nenhum dos curiosos se dispôs a acompanhá-lo dentro da ambulância. O Thiago se ofereceu para ir junto segurando a perna da vítima, e eu fui atrás com o carro. A ambulância desenvolveu uma velocidade absurda na pequena estrada, talvez mais de 150 km/h, o Thiago ficou apavorado, achou que iriam sofrer um acidente a qualquer momento.
No hospital de Andaraí, que não tem recursos, resolveram encaminhá-lo para Salvador (mais de 5 horas de carro), onde ele poderia ser operado e melhor assistido. Queira Deus que fique bom e não seja necessário amputar o pé.

Retornamos de Andaraí a Mucugê após um dia intenso, e fomos jantar pizza com cervejas.
Aproveitei o retorno a Igatu e às outras atrações para tirar mais algumas fotos.



quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Mucugê e arredores II

Pela manhã havia uma neblina baixa e úmida, que encobria todos os morros ao redor de Mucugê. Tive que esperar um pouco até que a umidade e o frio diminuíssem para poder sentar na moto e fazer mais uma excursão para explorar os arredores. Como o tempo não dava sinais de abrir, saí com frio, neblina e garoa, com camisa de manga comprida e casaco.




Primeiro, fui ao Poço Encantado. Depois de andar pela bela estrada que liga Mucugê a Andaraí, pega-se uma estrada secundária com asfalto precário e depois mais 4 km de terra. São ao todo cerca de 50 km, e mais uma vez gostei de não estar com a Bandit, pois com a XT nenhum tipo de estrada me amedronta.
Deixei a moto estacionada e desci uma grande escadaria até a entrada de uma gruta, que internamente abre-se em um grande salão, no centro do qual há um imenso lago de águas azuis a 22 ºC e  com profundidade de até 61 m. Um belo espetáculo da natureza, principalmente quando o sol se infiltra por uma fresta e lança seus raios sobre o lago, que se torna ainda mais azul. Esta condição do sol somente ocorre entre abril e setembro, devido à posição da Terra, mas mesmo sem o raio de sol incidindo na água, o espetáculo vale a pena. Entre 1980 e 1990 foi permitido o banho nas águas do lago, o que acabou sendo proibido, pois a gordura das pessoas ficava sobrenadando na água e tirava parte do seu esplendor.

                                          Poço encantado  


Saindo do Poço Encantado (após a extenuante subida da escada de acesso), peguei novamente a moto e andei mais 7 km, até a Lapa do Bode. Trata-se de uma caverna com muitas ramificações internas, um grande labirinto de galerias. As galerias são altas, podendo-se percorrê-las em pé, observando as diversas formações. Possui esse nome porque seu primeiro explorador (Sinaldo, que foi o meu guia) encontrou 3 ossadas de bodes em uma galeria e recolheu seus crânios, colocando-os sobre uma pedra dentro da própria gruta.
Caminha-se cerca de 500 m dentro da caverna, achei muito bacana e recomendo o passeio, que é suave até para idosos e crianças. Há muitas formações interessantes em seu interior, porém a caverna não possui nenhuma estrutura turística (iluminação, sinalização e outras), sendo percorrida juntamente com um guia e utilizando-se lampiões (seriam lampeões?) e lanternas.

                                         Toca do bode - entrada da caverna

                                          Cabeças de bode encontradas na gruta

                                          Estalactite gigante

Com que se parece essa formação?

E essa?



Retornei a Mucugê após ter rodado 120 km de moto, ainda a tempo de pegar o almoço no restaurante Dona Nena, onde a comida é servida na própria cozinha, de dentro das panelas, É minha terceira refeição lá, come-se bem e paga-se um preço justo.
À tarde decidi voltar ao cemitério da cidade, em estilo bizantino. É uma coisa ímpar, e merece uma visita com olhar mais apurado. Ninguém na cidade soube me informar a razão da construção de um cemitério em estilo tão exótico, mas prometo que vou pesquisar.
Cemitério bizantino



Fiz um verdadeiro mini-ensaio fotográfico tendo como objeto o cemitério. Andei por seus corredores entre túmulos e jazigos, subi e desci e fotografei bastante.



Não satisfeito, ao terminar minha "visita", decidi subir o morro atrás do cemitério, conhecido como "cruzeirão". É uma subida pelas pedras, em ângulo muito acentuado, quase vertical. Deu para cansar, mas a vista lá de cima compensou: vislumbra-se toda a cidade de Mucugê, o que nos auxilia a entender sua geografia e seu traçado viário.
                                          Subindo o morro do cruzeirão, atrás do cemitério
                                         
                                          Mucugê vista do morro

Ao descer, tomei mais uma salada de frutas com sorvete, aliás, lembro-me que quando estive em Alto Paraíso, na Chapada dos Veadeiros, tomava até 3 destes por dia. Aqui tomei apenas 2!


Ainda existem lugares com pessoas corretas e respeitadoras. Esqueci meu capacete Shark sobre o banco da moto quando cheguei do Poço Encantado e Toca do Bode. Fui almoçar, voltei à pousada e saí duas vezes; depois fui ao cemitério e ao morro, e quando retornava novamente à pousada saboreando minha salada de frutas com sorvete, notei o capacete (a moto fica na rua) sobre o banco. Simplesmente o recolhi e levei para o quarto. Se as coisas fossem sempre assim, o mundo seria muito melhor! Ele passou umas 4 horas sobre o banco da moto, solto, e nada aconteceu!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Mucugê e arredores

Pela manhã estava bem frio, tive que esperar para sair às ruas, pois não houvera levado agasalho ou roupa para  tempo frio. Dormi bem, sob uma temperatura agradável (16 ºC).
Tomei café, olhei e-mails e saldo bancário e me lancei para fora da pousada. A moto estava toda molhada, choveu à noite e nem vi! O clima ameno se deve à altitude do lugar, que é de 964 msnm, aliada a um vento constante, que, sob o sol inclemente suaviza a sensação de calor, e à noite nos faz sentir frio.
O dia apresentava-se totalmente encoberto, com eventual garoa de tempos em tempos. Não fazia calor. algum.
Com a moto, fui até o Museu do Garimpo, construído dentro de uma gruta que serviu de moradia a garimpeiros no século XIX. Fiquei conhecendo os processos de extração e lapidação dos diamantes, bem como suas principais características, como cor e pureza. Sou totalmente leigo no assunto.

                                          Museu do Garimpo - Casa dos diamantes
Do museu, fui para o Projeto Sempre Viva, onde conheci a história do garimpo de diamantes na região da chapada. A partir do centro de visitantes do projeto Sempre Viva, peguei uma trilha de 3 km (ida e volta) que leva a 2 cachoeiras, Piabinhas e Tibertino.
                                          Cachoeira Piabinhas
 A primeira, no rio Mucugê, quase não tem água, mas a quantidade de pedras e a largura do leito do rio impressionam. A cachoeira do Tibertino (rio Cumbuca) deve ser bonita se houver água no rio, pois ocorre em uma formação tipo canion. O volume de água nas 2 cachoeiras é tão pequeno, que posso afirmar com certeza que o rio Comprido, pequeno curso de água que atravessa o bairro onde moro, no Rio, apresenta maior volume!  Junto à cachoeira do Tiburtino, há ruínas de casas utilizadas pelos garimpeiros na época da extração de diamantes.
                                          Cachoeira Tibertino
A trilha passa por uma casa típica de garimpeiros (restaurada), mostrando as instalações rudimentares utilizadas por eles na época,  e também as ferramentas e vestimentas utilizadas.



Retornando a Mucugê, visitei o cemitério da cidade, em estilo bizantino, uma curiosa construção sob um morro de pedras.
                                          Cemitério Bizantino - Mucugê
Por volta das 15:00 h as nuvens dissiparam-se um pouco, mostrando nesgas de céu azul e a cara do sol. Aproveitei para pegar a moto e ir conhecer Igatu, um povoado que é um distrito de Andaraí.
A estrada entre Mucugê e Igatu já justifica o passeio. São 16 km de asfalto e 6 de terra. O trecho asfaltado é estreito e sinuoso, mas muito belo. Vai contornando morros pelo alto da chapada, descortinando uma vista das planícies e vales abaixo e montanhas ao longe, formando uma moldura diferente e muito harmônica.

                                          A caminho de Igatu

O trecho de terra, é terrível. Começa bem, com barro batido e pedras soltas por cima. Na maioria do percurso a largura não permite o cruzamento de 2 carros. Qualquer tipo de caminhão é proibido, mesmo porque não conseguiriam passar. Há trechos com areião, e nas rampas e curvas acentuadas há calçamento tipo de pé de moleque, do contrário os carros perderiam tração. A descida para chegar a Igatu é extremamente íngreme, sendo toda calçada com pés de moleque para que os veículos possam trafegar. É necessário andar em 1ª marcha o tempo todo, e, ainda assim, freando. Se eu estivesse com a Bandit passaria aperto, creio que não escaparia de um tombo. Foi tranquilo passar com a XT 660R, pois é a moto adequada a este tipo de terreno.
                                          Subida final para Igatu

Em Igatu, a grande surpresa: é um povoado ainda mais legal que Mucugê. Casario preservado, lojinhas e pousadas transadas e um clima de tranquilidade e, ao mesmo tempo, de alto astral. Apaixonei-me pelo local.
Andei pelas ruas e fui até uma região onde existem muitas casas, todas construídas em pedra, em ruínas. Pertenciam aos antigos garimpeiros, que, com o fim da exploração dos diamantes, as abandonaram e partiram para outras bandas. Uma espécie de Machu Pichu tupiniquim, guardadas as devidas proporções!
Não vou me alongar mais, porém fica o registro de quão interessante é este lugar de acesso difícil e esquecido do mundo, mas que merece ser visitado.
Seguem algumas imagens de Igatu.










Na volta, tive que vencer a ladeira, desta vez subindo, e, mais uma vez, dei graças aos céus por não estar com a Bandit, e sim com a moto certa para a situação. Teria sido difícil e estressante subir com a Bandit, e com a XT venci numa boa, sem medo de tombos. ou sustos.Se por acaso chover, nem de XT!!
                                          "Estrada"