segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Serras do Sul - Rio Claro a Capão Bonito

 No dia 29 de novembro de 2020, após votar no 2o turno das eleições do Rio de Janeiro, fui de carro para Rio Claro, a fim de preparar as coisas para a partida. Marcinho e Ferrari chegaram para o almoço; almoçamos na 'Picanha do Japa"; passamos a tarde conversando sobre motos, viagens e assuntos gerais. À noite, comemos pizzas com vinho em casa e fomos dormir para acordar descansados e prontos para enfrentar o primeiro dia de estrada de uma nova viagem.

Partimos do sítio no dia 30 de novembro pela manhã e tomamos café em uma padaria de Rio Claro para não perder tempo. Às 8 h já estávamos ingressando na RJ-155 com destino à Dutra. Três motos bastante diferentes fariam a viagem pelas estradas e serras do Sul do Brasil: Triumph Tiger Explorer, Kawasaki Vulcan 650 e HD Heritage.

Partida de Rio Claro: GE, Marcinho e Ferrari

Abastecemos no Graal Embaixador e novamente no Arco Íris de Aparecida. Ingressamos na rod. D. Pedro I com bastante calor e paramos para almoçar no Frango Assado de Atibaia. Para cortar caminho, entramos por Jarinu e andamos por estradas em mal estado repletas de quebra molas e radares de 60 km/h, que atravessaram algumas cidades, entre elas Jundiaí. Mudamos de estrada diversas vezes, foi um caminho um pouco confuso que nos fez economizar cerca de 70 km. Não saberia dizer se valeu a pena, mas foi o que fizemos.

                                                 Graal Embaixador
                                                   Frango Assado na Dom Pedro I


A chuva caiu muito forte após cruzarmos a Anhanguera, mas conseguimos colocar as capas de chuva a tempo. Seguimos com chuva até Itapetininga, quando a mesma foi diminuindo até cessar completamente. Nos últimos 150 km da viagem andamos em ritmo bem forte na rod. Raposos Tavares, até chegarmos a Capão Bonito por volta das 17 h, onde situa-se o pórtico que marca o início da estrada do Rastro da Serpente, que pretendemos percorrer no dia de amanhã.

                                   Chegando em Capão Bonito - Portal do Rastro da Serpente

Hospedamo-nos em um hotel simples em Capão Bonito, onde conhecemos o Sílvio, um gaúcho que partiu de Uberlândia e está viajando sozinho em uma HD Fat Boy em direção a Bagé, no RS. Fomos jantar juntos e é provável que amanhã ele se junte a nós em nosso tour pelas serras do Sul.

Saí de Rio Claro com a Triumph falhando muito em baixas rotações, funcionando com apenas 2 cilindros. Nas subidas fica fraca e quando pára o motor "morre". Está agendada uma visita à concessionária da marca em Curitiba para a quarta-feira, 2 de dezembro, às 8:00 h da manhã, para que resolvam o problema e também substituam o sensor do marcador que combustível, que parou de funcionar há quase um ano. Ainda assim, a moto andou bem durante toda a viagem, com um vigor invejável!

Foi um bom dia na estrada, rodamos perto de 600 km, no início com muito calor e no fim da tarde com forte chuva. Estradas boas (as pedagiadas) e outras bem detonadas (as de menor porte, intermunicipais), mas o importante é que chegamos bem e conseguimos manter o astral alto.












Serras do Sul

 Uma viagem para percorrer e curtir diversas serras nas regiões Sudeste e Sul do país. A idéia é, sempre que possível, andar por rodovias serranas, seja subindo e descendo ou circulando sobre as serras. As serras mais emblemáticas serão visitadas nesta viagem, programada para ser feita juntamente com o motociclista e parceiro Marcinho e sua Vulcan 650. Rastro da Serpente, Rio do Rastro, Graciosa, Serra Catarinense e Serra Gaúcha não poderão faltar. Grande expectativa!

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Na véspera da partida, um amigo do Marcinho, o Ferrari, decidiu ir conosco. Foi imediatamente incorporado à expedição! Ele irá com uma HD Heritage.

Partida de Rio Claro: 30 de novembro de 2020, uma segunda-feira.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Rodando pela Serra da Mantiqueira - Bocaina de Minas

Passeios por regiões serranas são sempre agradáveis e interessantes. Como estou localizado em plena Serra do Mar e tendo como vizinha a imponente Serra da Mantiqueira, sempre há algo diferente para ver ou descobrir.

Desta vez, saí de Rio Claro com a Sahara em direção à Serra da Mantiqueira, tendo a intenção de fazer um pequeno tour de um dia, sem pernoite. Percorri a RJ-155 até Barra Mansa, depois a Dutra (BR-116) até Resende e ingressei na RJ-161, que leva até a divisa de estados RJ/MG. 



A RJ-161 corta prados e várzeas, acompanha rios e corre entre morros, apresentando um visual agradável e repousante, com muitas curvas e asfalto razoável até a localidade de Pedra Selada, um povoado bem cuidado que parece ter sido esquecido pelo mundo, onde a luz elétrica chegou somente na década de 80. Neste povoado, também conhecido como Várzea Grande, seu antigo nome,  entrei em um bar e comprei um pastel, que comi sentado na bucólica praça, onde reina absoluta e imponente uma igrejinha.

Após Pedra Selada o asfalto acaba, e se inicia uma subida de serra íngreme, com curvas fechadas e piso todo forrado com escória, com muitas pedras soltas, o que deixava o leito da estrada  extremamente escorregadio e derrapante. Nas curvas mais fechadas em aclive a moto "patinava" nos pedriscos e a roda traseira dançava, mas a incrível Sahara venceu o trecho  árduo com uma competência invejável, uma big trail jamais faria melhor! 





Após a subida da serra, passa-se pelo povoado de Bagagem, e, logo adiante, ingressa-se no estado de MG, após atravessar o Rio Preto em uma ponte improvisada sem qualquer proteção lateral. A estrada piora bastante, não há mais escória no leito, que passa a ser de terra batida com pedras soltas e inúmeros buracos e crateras, exigindo cuidado. Havia chovido na véspera, e grande parte dos buracos estava com água e lama. Continuou o sobe-e-desce na estrada ruim até a cidade de Bocaina de Minas, situada a 1.300 m de altitude, que escolhi como destino final.



                                   Igrejinha na estrada, na divisa RJ/MG


Almocei em um restaurante de comida caseira em Bocaina de Minas; tinha a intenção de voltar por Liberdade, Bom Jardim de Minas, Santa Rita de Jacutinga e Amparo, pois as estradas são asfaltadas; o trecho em terra a partir de Pedra Selada havia me desgastado! O caminho escolhido para a volta acrescentaria quase 100 km ao percurso até Rio Claro em relação à ida. O dono do restaurante me convenceu a voltar pelo mesmo caminho que eu fizera até ali, bem mais curto (e mais sofrido!). Eu houvera levado quase 4 horas para chegar até ali, incluindo muitas paradas para observar e fotografar, e não queria levar mais tempo do que isto para a volta.

                          


Um detalhe: a trepidação da moto fez com que o cartão de memória saísse de sua posição na câmera, e todas as fotos que tirei não foram gravadas, descobri isso na hora de voltar! Não tinha sequer uma foto!

Bem, encarei o mesmo caminho para voltar, com cuidado, mas andando mais rápido. Quando comecei a descer a terrível serra com pedras soltas, começou a chuviscar e eu não havia levado roupa de chuva! O que era barro virou lama e o que era escória virou uma massa cinzenta! Desnecessário dizer que tudo ficou mais escorregadio! Após a serra a chuva diminuiu, mas voltou com vontade, em forma de um imenso temporal, após eu passar por Pedra Selada. Pouca visibilidade, muita água caindo e alagando as pistas, mas fui seguindo, achando que nada poderia ser pior; engano, pois chegou um vento muito forte em rajadas que me jogava para um lado e outro da estrada!



Cheguei à Dutra, onde a chuva ficou mais fraca; após uma rápida parada, todo encharcado, para tomar Ovomaltine, continuei minha jornada até chegar ao meu refúgio em Rio Claro, às 16 h.

Foi um passeio cansativo, mas delicioso! Conheci estradas, locais novos e tive um ótimo dia sobre uma moto! Faria de novo! Foram 240 km rodados e 8 horas intensas de passeio. A Sahara, mais uma vez me surpreendeu, pela maneira como encarou as pistas de velocidade, as curvas, as estradas sem asfalto, a serra travada e derrapante, o trecho em terra esburacado, a forte chuva e tudo o que encontrei pela frente. Foi um bom projeto da Honda, é adequada às diversas condições de estradas que encontramos em países de terceiro mundo!

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Trindade (RJ) na pandemia

 Hoje é um feriado, dia de finados, dedicado aos mortos. O dia amanheceu frio em Rio Claro (14 graus), mas não havia previsão de chuva. Peguei a Sahara e parti com destino a Trindade, pequena vila situada a 30 km de Parati, que frequentei bastante nos anos 70 e 80; esporadicamente volto lá, mas parece que os turistas mais abastados a descobriram, o que a fez perder seu encanto.




Desci a serra d'água pela RJ-155 em direção a Angra dos Reis; ao chegar na Rio-Santos (BR-101) tomei a direção de Parati e Ubatuba. Passei por Parati e cheguei à estreita e sinuosa estrada de acesso a Trindade. A inclinação da estrada é muito acentuada, e as curvas são, em sua maioria de 90 graus. Quando eu frequentava o local, essa estrada era de terra, sem asfalto, o que limitava o acesso a Trindade às pessoas que realmente desejavam ir lá. Quando chovia, nem os 4x4, raros na década de 70, conseguiam subir e depois descer. E havia muitos acidentes com carros que perdiam os freios ou a direção, além de veículos fervendo ou com o motor fundindo. Tempos difíceis e heróicos, aqueles!! Hoje está bem mais fácil, por isso hordas de pessoas se dirigem para lá.

                                  Parada para um café e abastecimento na Rio-Santos
                                   Na pequena estrada para Trindade
                                   O início da descida para Trindade

Cheguei a Trindade com sol, aliás, foi o único local em que o céu realmente estava aberto. Havia muita gente nas praias, a pandemia não deu as caras por lá! Logo na chegada, há que se atravessar um pequeno rio que corre sobre uma laje de pedra com erosões e muito escorregadia. Até aí, nada demais, mas com o intenso movimento de carros nos dois sentidos, além de levar um banho, eu não conseguiria cruzar o riacho perpendicularmente, e sim fazendo uma diagonal; neste caso, a roda traseira iria derrapar sobre a pedra, e eu teria que colocar os pés dentro da água para não cair, o que implicaria em ficar com os pés molhados o resto do dia, e já estava frio... Ou então eu poderia até escorregar e levar um tombo, coisa que eu queria evitar! Assim, encerrei meu passeio na chegada à primeira praia de Trindade, mesmo sabendo que há muitas outras adiante! Eu já estava satisfeito, o passeio de moto é o mais importante para mim, o destino final é apenas um detalhe! Além de tudo, pela imensa quantidade de carros que iam e vinham, as praias de Trindade deveriam estar apinhadas de gente e carros, tudo que não gosto e evito!

                                   Chegada a Trindade

                                   Travessia de um riacho sobre a pedra

Dei meia volta para retornar e subi a inclinada estrada de 5 km até chegar novamente na Rio-Santos, voltando para Rio Claro pelo mesmo caminho da ida. Almocei em um restaurante simples 40 km após passar por Parati, na própria Rio-Santos. Estava frio,  o tempo alternava nuvens com algumas nesgas de céu aberto. Na subida da serra da RJ-155, o tempo fechou e o frio aumentou, mas eu tinha que seguir. Atravessei os 3 temíveis túneis escuros, molhados e calçados com paralelepípedos escorregadios, passei por Lídice e cheguei de volta ao meu refúgio em Rio Claro às 15:30 h. Estava rodando desde as 8 h, havendo percorrido 306 km de puro prazer! As paisagens da Rio-Santos e a beleza da Serra d'Água fazem bem a qualquer um que saiba apreciar a natureza. 

                                   Parada na estrada: big trail e median trail!!
                                   Almoço na Rio-Santos

Foi um dia prazeroso, e, mais uma vez, a Sahara me surpreendeu com seu comportamento e desempenho em estradas bem diversas: curvas fechadas, curvas de alta, subidas íngremes, descidas idem, serras, pisos molhados e trechos de velocidade maior. Não me vejo mais sem ela!