domingo, 26 de janeiro de 2014

Devagar e sofrida

Eu esperava uma recuperação lenta, mas não tão sofrida. Analgésicos, antibióticos em alta dosagem, dificuldade para dormir e o desconforto de ter que manter a perna para cima e não poder andar. Eu contava com tudo isto, mas não imaginava que o problema da dificuldade para urinar iria se agravar a tal ponto de, no 6º dia após a cirurgia, eu não conseguir mais urinar, e ter que ser levado a uma emergência, onde recebi uma sonda e mais uma carga de remédios para a próstata. Resumo da história: além da convalescença de uma cirurgia delicada, ainda tenho que conviver com tubos saindo de dentro de mim e uma bolsa de mijo a tiracolo. A mobilidade, que já era mínima, foi tremendamente prejudicada, condenando-me ao confinamento alternado entre uma cadeira e a cama. Fiquei com a sonda por 6 dias, e dois dias após retirá-la retornei à emergência com febre e muito mal estar. Diagnóstico: infecção urinária severa e desidratação. Após algumas horas de soro e antibióticos, voltei para casa, com receita de antibióticos para mais 7 dias.
Três dias se passaram, os sintomas pioraram e a febre não cedia. Retornei ao médico urologista, que constatou que a infecção era resistente ao antibiótico que estava tomando. Trocou o antibiótico e mandou-me de volta para casa, com novo antibiótico por mais 14 dias, para debelar a infecção urinária. Convém não esquecer que além dos problemas urinários que estou enfrentando, continuo com uma perna operada que requer cuidados especiais, e não poderei andar nos próximos 3 meses! Isso é que se chama de descanso forçado! Aliás, alguém consegue ver algum descanso na minha situação, principalmente sabendo-se que levanto de 10 a 15 vezes à noite pra ir ao banheiro. E não posso andar!
Já retirei os pontos da perna, e dentro de alguns dias devo iniciar a fisioterapia. E assim vou vivendo, esperando por dias melhores e sonhando com estradas, montanhas, praias, matas e desertos, tudo acompanhado pelo ronco de um motor de moto!

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Já em casa, em recuperação

Fiquei impressionado com a quantidade de visitas, telefonemas, e-mails, preces e orações que recebi nos 10 dias em que estive internado por conta da cirurgia na tíbia e fíbula. Isto me deu ânimo para suportar tudo pelo que passei e que não cabe relatar aqui. As angústias e aflições somadas à espera pela cirurgia causaram muita tensão e sofrimento, não só em mim, mas em todas as pessoas queridas que estiveram comigo naqueles difíceis momentos. Foram 9 dias internado com os ossos da perna fraturados antes da cirurgia, tomando medicamentos para dor e antiinflamatórios para que a situação não se agravasse e eu pudesse estar bem quando a cirurgia fosse realizada. Felizmente tudo correu bem na operação. Recebi algumas placas e alguns parafusos para colocar e manter as coisas em seus devidos lugares. Após a cirurgia fiquei menos de 24 horas no hospital, a pedido meu, pois minhas veias não suportavam mais qualquer medicamento, começaram a doer e a entrar em colapso.
Estou me recuperando em casa tomando muitos remédios via oral, pois a via venosa tornou-se muito dolorosa e inviável. Ainda sinto dor e tenho muita dificuldade em conseguir uma posição confortável para sentar e para dormir. Pisar no chão, nem pensar! Só daqui a 3 meses! Com o auxílio de muletas consigo me deslocar para o banheiro e para fazer as refeições, dentro do perímetro residencial. Agora é ter paciência e aguardar a lenta melhoria que virá em pequenas doses diárias; hoje é o 2º dia após a cirurgia, creio que lá pelo 30º dia já não terei mais o pé tão inchado e as incômodas dores, normais para o tipo de intervenção que sofri. Não posso deixar de agradecer a todos os familiares, amigos e conhecidos pela solidariedade e pelo carinho que tiveram comigo, seja através de visitas, telefonemas, mensagens, preces ou orações, todos contribuíram muito para que tudo desse certo e para que eu sofresse menos do que era esperado. Sou muito grato a vocês! Continuem enviando energias positivas para a minha rápida recuperação!

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A vida no hospital

Na vida, toda experiência é válida, mesmo as ruins. Sempre é possível extrair lições que nos ajudem a melhorar e evoluir a partir das experiências vividas ou vivenciadas. Estou residindo em um quarto de hospital de 3 m x 3m há 6 dias, sem ver a luz do sol e sem ao menos saber se está fazendo sol ou chovendo. Seria mais suportável se não houvesse remédios, injeções, exames, soro, interrupções do sono e coisas assim. Mas seria ainda melhor se eu estivesse aqui por minha vontade, seja pelo motivo que for. E não há TV de LCD, DVD, vídeo games, cadeiras confortáveis, travesseiros fofos, camas aconchegantes e comida de restaurante estrelado. O pior de tudo é estar internado aguardando uma cirurgia que não sei quando vai acontecer, devido a uma perna quebrada por um motorista desatento, quando não tive a menor parcela de culpa pelo que aconteceu. Este período de repouso forçado, em contrapartida, me fez repensar alguns valores adormecidos dentro de mim. Mostrou-me o valor da solidariedade, da amizade e do interesse das pessoas em ajudar e quanto ao meu estado de saúde e à minha recuperação. Tive a chance de refletir, meditar e avaliar minhas ações e relações com amigos, parentes e conhecidos, e de, mentalmente, propor a mim mesmo algumas mudanças em minha maneira de ser. Claro que bom seria se eu estivesse são e saudável, viajando, correndo, tomando banho de mar, tocando algum instrumento ou andando de moto, mas muitas vezes nos sentimos tão bem que nos esquecemos de praticar ações básicas de caridade e solidariedade, sentimo-nos poderosos quando somos tão frágeis... A vida ensina, cabe a nós aprender. Quis Deus, em seus desígnios, que eu passasse pelo que estou passando, para descer do pedestal e ser mais humilde, mais amigo, mais solidário. Espero ter aprendido mais esta lição. Não precisava ser de forma tão dura, mas o Maior julgou necessário assim. Que eu tenha uma cirurgia bem sucedida, sem dor e sem muitos incômodos. E que saia daqui uma pessoa melhor do que entrei!

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Bem vindo 2014! Feliz Ano Velho?

O título desta postagem remete a um livro de Marcelo Rubens Paiva que estourou há uns 30 anos atrás. Não tenho pretensões de ser escritor nem de me comparar ao personagem do livro, mas confesso que me ocorreu a dúvida se o ano de 2014, que hoje se inicia, será realmente melhor do que 2013, ao menos para mim. Vamos aos últimos fatos. Viajei com a Triumph Explorer para Rio Claro no último dia 28 de dezembro, um sábado quente e ensolarado. Viagem perfeita, apesar das estradas cheias. A moto é potente e confortável, transformando a viagem em prazer.
No domingo, 29 de dezembro, peguei a XT 660R e parti para um passeio à serra da Bocaina. Cruzei a cidade de Bananal, histórica e agradável, e segui pela SP 247, uma pequena estrada que leva ao alto da serra da Bocaina, a um local conhecido como Sertão da Bocaina. O trecho em serra, muito íngreme, é asfaltado, mas muito estreito.
Há trechos em terra, em pavimento autotravante, em rípio e há partes onde é difícil passar até de moto, exigindo que se ande em 1ª marcha.
A estrada é perigosa, porém bonita, a vista das montanhas é repousante e a vegetação e a temperatura no alto da serra parecem nos levar a algum pedacinho da Europa. Após me dar por satisfeito com o caminho percorrido, desci novamente até Bananal e almocei uma truta. Retornando a Rio Claro, na altura do povoado de Pouso Seco, havia um carro parado na estrada, na pista da direita; quando fui ultrapassá-lo, ele arrancou e entrou repentinamente à esquerda, sem sinalizar. Freei violentamente e a moto chegou a parar, mas o carro continuou entrando à esquerda, esbarrou na moto e derrubou-a em cima de mim. A queda da moto sobre a minha perna esquerda fraturou-a, e me vi caído no asfalto quente das 13:00 h com o pé fazendo um ângulo incomum com a perna e sem poder mover-me.
Moradores do local retiraram a moto de cima de mim, improvisaram um guarda-sol e pedaços de papelão para me proteger do forte sol e chamaram a ambulância do SAMU. A espera foi longa, cerca de 45 min deitado sob o sol à beira da estrada, e fui removido para a Santa Casa de Barra Mansa. Os exames de raios X confirmaram a extensão do que visualmente já se podia diagnosticar: fratura da tíbia e da fíbula, os dois ossos da perna. Aplicaram-me uma forte dose de um analgésico poderoso, imobilizaram minha perna e fiquei em uma maca
no corredor enquanto a equipe médica comandada por um médico jovem e competente tentava me transferir para outro hospital que atendesse pelo meu plano de saúde. Não cabem aqui os detalhes, mas só às 20:00 h saí de Barra Mansa, e foi de carro com minha irmã Daniela, que foi buscar-me e levou-me a Rio Claro. Passei mal e vomitei a viagem toda, provavelmente devido ao analgésico que recebera em Barra Mansa. Meu filho Willy saiu do Rio, também de carro, para buscar-me em Rio Claro. Nova viagem, desta vez até o Rio, vomitando e passando mal, devido a toda a situação e agravada pelas curvas da estrada, apesar do cuidado com que o Willy conduziu o carro. Fomos direto para um hospital no Rio de Janeiro, e somente às 3:00 h da madrugada do dia 30 de dezembro, uma segunda feira, cheguei ao hospital Tijutrauma, onde fui internado para aguardar a cirurgia, 14 horas após sofrer o acidente. Como o plano de saúde ainda não autorizou a compra da prótese metálica, este é o meu 3º dia internado aguardando a tal autorização para poder ser operado e receber a prótese. Passei o réveillon no hospital, apenas ouvindo o espoucar dos fogos ao longe na virada do ano, e aqui continuo até o momento, contanto com a inestimável ajuda e solidariedade de Marise, sem cuja ajuda seria muito mais difícil suportar essa espera angustiante. Tenho tomado medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios, o que, ao menos, tem me poupado da dor física, uma vez que a fratura ainda não foi tratada. Os prognósticos mais otimistas dizem que poderei voltar à vida normal em 6 meses, se tudo der certo. Isto significa uma desaceleração para a qual não estava preparado, e terei de me reprogramar e readaptar. Graças a Deus nada além da perna foi afetado, e dentro de algum tempo voltarei às atividades. Esta experiência desagradável e o tempo no hospital estão me dando a oportunidade de reaproximação com amigos de infância e de verificar que ainda existe amizade e solidariedade. Agradeço a todas as manifestações e declarações de carinho e solidariedade que tenho recebido nesses momentos difíceis, e também a todas as orações pela minha recuperação e melhora. Até breve!