domingo, 19 de março de 2017

Chile norte a sul - considerações finais



Para os que gostam de números e estatísticas, seguem alguns dados da viagem que se encerrou ontem, 22 dias após o início. Cruzei o sul do Brasil, a Argentina e o Chile.
De algum tempo para cá, não tenho mais feito controle e contabilidade de gastos. Prefiro gastar o tempo viajando, curtindo e aproveitando o que a viagem oferece do que fazer contas e mais contas e ficar preocupado em registrar todas as despesas. De qualquer maneira, posso afirmar que foi uma viagem muito barata pelo que ofereceu.
Distância total percorrida: 11.260 km.
Média de consumo:17,2 km/litro
Consumo total: 654 litros de gasolina
Gasto com gasolina: R$ 2.950,00
Diária média de hotéis: R$ 140,00
Dias com garupa: 15
Dias sozinho: 7
Preço médio de refeição por pessoa: R$ 50,00
Gasto total aproximado para os 22 dias, considerando todas as despesas: R$ 8.100,00
Este valor pressupõe que 1 pessoa pague integralmente os hotéis, o que não ocorreu, pois durante os 15 dias em que viajei com o Tiago, os pernoites foram divididos. Assim, o custo total ficou um pouco mais barato.
22 dias no exterior, percorrendo 2 países e mais um bom pedaço do Brasil, com passagens, hotéis, refeições e ingressos para atrações é caro? Claro que não! Além de todas as vantagens de estar de moto, é a maneira mais barata de se viajar conhecendo TUDO ao longo  do caminho! Desvantagens? Claro que há, mas quando optamos por sentar em uma moto e percorrer tamanha quilometragem, estamos cientes dos prós e contras, e a balança pesa favoravelmente aos prós!

Agradeço a todos que “viajaram” comigo, e ofereço uma prece de agradecimento aos meus anjos protetores, que têm me escoltado pelas estradas do mundo e têm permitido que eu continue nelas!

sábado, 18 de março de 2017

Chile norte a sul - 22º dia - Juquitiba a Rio Claro

Ao acordar em Juquitiba, a chuva caía, foi ruim colocar a bagagem na moto, pois não havia área coberta. Tomei um café com pão na chapa no restaurante do posto, peguei a moto e entrei na Régis Bittencourt com chuva.
                                           Arrumando a bagagem com chuva

Foram 46 km até chegar ao Rodoanel de São Paulo e, como num passe de mágica, a chuva cessou no exato instante em que ingressei no rodoanel. Percorri os 95 km do contorno de São Paulo sem exceder os 100 km/h, havia muita fiscalização, muitos pardais e radares móveis.
Cheguei à rodovia Trabalhadores/Carvalho Pinto e a percorri sem pressa. Parei em um posto onde se reunem diversas tribos de motociclistas paulistanos de fim-de-semana, todos exibindo suas motos reluzentes e vomitando fanfarronices. Eu, sentado em uma mesa no quiosque externo, observava e ouvia as conversas, divertindo-me com o conteúdo das mesmas! Falavam de viagens às cidades próximas, customizações, acessórios, roupas, modelos de moto e coisas assim, mas a impressão que eu tive era de que cada um buscava superar o outro em modelo de moto, quilometragem percorrida, preço de roupas e acessórios e viagens já realizadas! Tomei meu café e sentei na minha moto imunda, sem acessórios sofisticados e com meu capacete simples, e tomei o rumo da Dutra. Se eles soubessem de onde estou vindo e quantos quilômetros rodei nesta viagem... 

                                                Ponto de encontro de motociclistas na Carvalho Pinto

Almocei em Roseira e tomei um Ovomaltine em Floriano, como de costume, e às 14:30 h cheguei ao meu refúgio, em Rio Claro. Novamente, como num passe de mágica, no exato momento em que estacionei a moto em frente à casa, a chuva começou! Resumindo: só peguei hoje 46 km de chuva, na Régis Bittencourt. Do rodoanel até Rio Claro, só estradas boas e tempo seco! Graças aos céus, que atenderam aos meus pedidos e aos pedidos dos amigos que me acompanham, pois já havia esgotado minha cota de chuva por um bom tempo!

                                 Quase chegando em casa!

Trecho de viagem excelente, sem stress e sem sustos, as estradas são velhas conhecidas!
Apesar da chuva que chegou junto comigo, coloquei toda a minha roupa para lavar, lavei a moto e separei algumas coisas que preciso levar para o Rio.

O total rodado foi de 11.260 km. Cometi um equívoco ao comentar ontem com Wílson e Luís que já havia rodado cerca de 13.000 km, quando , na verdade, eram em torno de 11.000 km. Mesmo assim, é viagem para ninguém botar defeito! Muito menos eu, que faria de novo!

sexta-feira, 17 de março de 2017

Chile norte a sul - 21º dia - Porto União a Juquitiba (SP)

Acordei com chuva para todos os lados, nem sequer foi possível fotografar a estação ferroviária de Porto União/União da Vitória, um belo exemplar do estilo art-déco.
Saí sob bastante chuva e tomei o rumo de Curitiba. Toda cautela era pouca, a chuva estava muito forte, a visibilidade reduzida, as pistas exsudadas e com muitos defeitos e muitos caminhões. A velocidade de cruzeiro caiu bastante, se é que se pode falar em velocidade de cruzeiro nessas nossas estradas desmazeladas!
                                             Chuva na estrada!

A estrada possui quebra-molas, pardais e curvas traiçoeiras. Para deixar as coisas bem piores, meu pneu traseiro está totalmente careca, o que, sob chuva, é perigosíssimo e exige cuidado redobrado. A pilotagem foi tensa o dia todo.
Levei quase quatro horas para percorrer os 226 km que me separavam de Curitiba, e a chuva não deu trégua um minuto sequer!
                                 Parada para um café, em um posto em Lapa-PR

Quem diria, há 20 anos, que eu estaria feliz por chegar à Régis Bittencourt? Aquela que era considerada uma das estradas mais perigosas do Brasil e a que mais matava, conhecida por “estrada da morte”, foi minha tábua de salvação! Pistas duplicadas, asfalto em bom estado, sinalizada... enfim, tudo é relativo! A chuva continuava, mas estrada era mais segura.
Na parada para o almoço conheci Wilson e Luís, que voltavam de moto da Serra do Rio do Rastro (Triumph Explorer e BMW GS 1200, respectivamente). Conversamos e seguimos juntos sob a chuva implacável durante o restante do dia de hoje.
Antes de subirmos a terrível serra do cafezal, a chuva aumentou tremendamente, tivemos que dar uma parada para tomar fôlego e encarar. Estava anoitecendo, e a subida à noite foi um cenário tétrico: chuva torrencial, capacete embaçado, caminhões demais, pistas totalmente detonadas e faróis na cara. Vencemos os 30 km e a chuva não parava. 


                                Com Wilson e Luís, antes de subir a serra do cafezal

Em Juquitiba entrei no posto onde costumo pernoitar, eu estava encharcado e não aguentava mais a chuva que não aliviava! Era noite, hospedei-me no hotel anexo e constatei o estrago: quase tudo molhado! Pudera, foram 12 horas sob chuva torrencial e ininterrupta!

Após um banho quente reconfortante, fui jantar no restaurante 24 horas, também anexo ao posto. Já fiquei neste local em outras viagens, inclusive na volta de Florianópolis, há pouco mais de um mês. É um porto na tempestade!

quinta-feira, 16 de março de 2017

Chile norte a sul - 20º dia - São Borja a Porto União

Dei sorte ontem, pois 15 min após eu dar entrada no hotel em São Borja, desabou um temporal daqueles! Muita chuva, as ruas encheram e ficou impossível sair do hotel, tive que aguardar quase duas horas para poder ir jantar.
Hoje foi um dia típico de deslocamento. Acordei sem sono às 3 h da madrugada, mas só saí do hotel às 7:30 h, com garoa fina.
Tomei o rumo de Passo Fundo, que fica a 380 km de São Borja. A estrada era a continuação daquela de ontem, um horror, com deformações, buracos, ressaltos, remendos mal-feitos, exsudações e toda sorte de defeitos, que tornam perigosa e lenta a viagem. Para piorar um pouco, começou a chover! Fui andando como pude, às vezes a chuva aumentava, às vezes diminuía, mas só cessou completamente por volta do meio-dia. Muitos caminhões em alta velocidade desviando de deformações, um perigo!
                                  A chuva chegando, ao longe

Depois de Passo Fundo, a rodovia é concessionada até Erechim, cobra-se pedágio mas é a mesma porcaria, toda deformada, com trilhos de rodas profundos, ondulações, depressões e buracos. Quem fiscaliza a concessionária? Alguém está levando o seu para fazer vista grossa!
Resumindo, no dia de hoje foram  500 km de tormento dentro do estado do Rio Grande do Sul, uma pilotagem tensa.
Após a divisa RS/SC o asfalto melhora sensivelmente, mas, em compensação, o traçado é muito sinuoso e as ultrapassagens são difíceis. Há excesso de caminhões e muitos bi-trens em alta velocidade, acima de 100 km/h, o que é um perigo iminente.
                                   À beira da estrada

                              Rio Uruguai - divisa de estados RS/SC - ao fundo, a imensa ponte rodoviária

Andei mais 200 km no estado de Santa Catarina, até a divisa com o Paraná.
Eram 18:30 h, havia claridade para seguir até a próxima cidade, a 85 km, mas eu já estava de saco cheio de estradas ruins e saturadas, então resolvi parar para pernoitar em Porto União/União da Vitória.
O sistema rodoviário do Brasil já entrou em colapso há muito tempo, só as autoridades não vêem. Estradas e traçados obsoletos, falta de rotas alternativas, péssima conservação, falta de investimentos em melhorias, pedágios em excesso e saturamento total, com excesso de veículos. Algo precisa ser feito. Se optamos por ser um país rodoviário, desprezando os demais modais, então há que investir pesado em rodovias modernas e funcionais.
Nossos vizinhos Argentina, Chile e Uruguai estão bem na nossa frente. A coisa aqui é tão ruim, que para ir de São Borja a Uruguaiana, os moradores dessas cidades optam por viajar através da Argentina, pela excelente ruta 14!

quarta-feira, 15 de março de 2017

Chile norte a sul - 19º dia - Zarate a São Borja

Levantei-me e ainda estava escuro, tomei um café rápido no hotel e saí às 7 h. Foi fácil sair da cidade, não errei o caminho, mas na estrada, novamente devido a uma sinalização confusa, tomei a direção errada. Andei menos de 10 km e desconfiei que algo estava errado, pois eu deveria estar seguindo na direção norte, porém o sol estava nascendo à minha esquerda. Por sorte apareceu um posto e tomei informações, eu deveria retornar na estrada. Ainda errei o retorno! Passados estes tropeços iniciais, peguei a ruta 12 e 100 km adiante, a ruta 14.

                                           Parada para abastecimento e café

                                  Ruta 14 - duplicada e vazia

A ruta 14 está totalmente duplicada, foi muito tranquilo viajar por ela, a menos de uma imensa nuvem negra (frente fria) que viajava próximo dos 100 km/h. Ultrapassei-a com dificuldade, e enquanto estive sob ela o vento era terrível, perto dos 100 km/h, dava medo! Quando eu conseguia ultrapassar a nuvem, a temperatura subia e o vento cessava, mas eu parava para abastecer e ela me passava, e começava tudo novamente! Assim, fui apostando corrida com a nuvem durante 500 km!
                                 Nuvem negra à frente: muito vento e frio

Almocei na beira da estrada, era o que havia, e segui em frente, para passar novamente a nuvem!
Cheguei em Paso de los Libres, passei pela aduana e ingressei no Brasil por Uruguaiana.

                                  Almoço onde encontrei comida!

                                    Nuvem negra novamente à frente, após o almoço

Eram 15 h e eu já houvera rodado 600 km. Estava claro e eu não sabia o que o tempo me reservaria nos dias seguintes, assim, aproveitei o tempo bom para adiantar a viagem, e rodei 180 km através da BR 472 de Uruguaiana até São Borja, terra de presidentes.
Estre foi o pior trecho de estrada de toda a viagem: um horror, parecia mais um filme de terror! Acostumado às ótimas estradas chilenas e argentinas, enfrentei trânsito pesado, uma estrada em péssimas condições, com todos os defeitos possíveis e ainda estreita e sem acostamento. Este trecho é uma brincadeira de mal gosto, um atentado à vida. Ir de Uruguaiana a São Borja é uma aventura e um desafio muito maior que cruzar as cordilheiras! O risco é infinitamente superior! Para percorrer os primeiros 76 km levei duas horas!
Não há o que relatar dentro do Brasil. A estrada era tão ruim que nem sei o que havia às suas margens, estava com o olho fixo no chão, para evitar sofrer algum acidente. Se a paisagem era bonita, não sei. Havia algumas placas do DNIT avisando que a estrada estava ruim, que a responsabilidade e o risco eram do usuário! Só pode ser escárnio! Evitem este trecho!
Entrando em São Borja, troquei o óleo da moto, que já rodara quase 10.000 km em condições adversas e severas.
Hospedei-me em um hotel simples, por sinal o mesmo em que fiquei na viagem de 2009, de Bandit. Coincidência!

terça-feira, 14 de março de 2017

Chile norte a sul - 18º dia - Tornquist a Zarate

O hotel na Sierra de la Ventana foi, decididamente, o melhor da viagem! Localização, bom gosto, decoração, facilidades, charme do quarto, bom restaurante e o melhor café da manhã valem este título!
                                   Restaurante do hotel, com o cerro la ventana ao fundo

Percorri a serra apreciando e absorvendo cada detalhe que me circundava enquanto eu avançava pela estrada. Andei cerca de 40 km em meio à cadeia de pequenas montanhas (cerca de 1.100 msnm), até que elas foram ficando para trás e o terreno foi ficando mais plano, porém com plantações e gado às suas margens, tudo muito verde!


                                 O cordão de montanhas ao fundo


Não havia gasolina no único posto que encontrei, e o próximo estaria a 170 km, na cidade de Olavarria. Eu havia abastecido em Bahia Blanca, e a gasolina no tanque da moto teoricamente não seria suficiente.
Ajudado pelo computador de bordo, verifiquei que à velocidade de 100 km/h eu conseguiria vencer os 170 km. Ajustei o piloto automático para não ficar tentado a acelerar mais, e segui por praticamente 2 horas à velocidade constante de 100 km/h, sem povoados, postos ou pessoas, até chegar a Olavarria. Só restavam 0,7 litros no tanque, mas consegui!
Moto abastecida, segui até Azul, onde almocei em um restaurante de beira de estrada um assado de costelas delicioso, porém com uma quantidade de gordura suficiente para 1 mês!
Fui tocando em frente, agora pela ruta 3, parando somente para abastecer, tomar café ou ir ao banheiro, cruzando imensas planícies verdes.

                                   Ruta 3 atravessando planícies


Contornei Buenos Aires sem entrar na cidade e segui até Zarate. A cidade tem porte médio, com mais de 100.000 habitantes. Tive que entrar e enfrentar trânsito até achar um hotel no centro. Já dormi nesta cidade na viagem de 2009.
                                 Estação de Zarate

O dia de hoje foi de deslocamento, mas houve a travessia da Sierra de la Ventana e a paisagem foi amena o tempo todo. Saí do hotel com 15 ºC e a temperatura do dia ficou em torno dos 29 ºC. Foi um bom dia de estrada!

segunda-feira, 13 de março de 2017

Chile norte a sul - 17º dia - Picún Lufú a Villa Serrana la Gruta (Tornquist)

A temperatura era de 13 ºC quando saí de Picún Leufú, mas foi aumentando lentamente até atingir 30 ºC ao meio-dia, e assim ficou até as 17:30 h, quando começou a cair.
As estepes patagônicas são monótonas e sem graça, são completamente planas com vegetação baixa, quase rasteira. Tudo é tão plano que se vê o horizonte em qualquer direção que se olhe. A estrada é totalmente reta, e o terreno é pedregoso e arenoso. Isto se prolonga por centenas de quilômetros; o céu estava totalmente azul, nenhuma nuvem, com o sol queimando forte!
Perdi uma hora e meia para atravessar a cidade de Neuquém: a sinalização confusa levou-me para dentro da cidade; consegui sair, mas acabei voltando novamente, devido a uma rotatória sem placas. Trânsito intenso, consegui sair novamente e pegar a estrada, mas as placas me levaram ao centro de Cipoletti, uma cidade vizinha! Enfrentei trânsito pesado para conseguir voltar à estrada, e assim o tempo foi passando. A estrada estava sobrecarregada de veículos, não sei de onde saíram tantos caminhões e carros! Havia muitas obras com desvios que foram retardando a viagem.
Parei para abastecer em Villa Regina, e comi meio sanduíche a título de almoço! As cidades e postos de combustível distam cerca de 150 km uma da outra, nesse meio não há absolutamente nada: pessoas, casas, água, plantações ou gado. A estrada ficou vazia após Villa Regina e eu pude retomar meu ritmo. Ao menos o tempo estava bom e o dia estava lindo!
                                            Uma das cidades no percurso (ruta 22)         
                                     
Já no fim do dia, parei para abastecer em Bahia Blanca, e em conversa com um caminhoneiro argentino, ele me recomendou que fizesse um desvio no meu caminho para passar na Sierra de la Ventana, que é uma estrada muito bonita. Já eram quase 18 h, e eu teria que andar pouco mais de 100 km para chegar à serra, mas talvez a atravessasse à noite, o que não teria graça alguma e ainda seria perigoso.
Eu estava cansado da monotonia do dia passado nas estepes patagônicas, e resolvi aceitar a sugestão do caminhoneiro, que elogiou muito a serra e as vilas existentes lá. Acelerei a Triumph e peguei a ruta 33 na direção de Tornquist. Logo, nas imensas planícies, comecei a avistar uma cadeia de montanhas ao fundo, a 100 km de distância.
Em Tornquist, saí da ruta 33 e entrei na ruta 76, que leva à Sierra de la Ventana. A paisagem mudou totalmente, me senti entrando em algum país europeu! A estrada é linda, com montanhas ao lado, com casas e vegetação tipicamente européias. Já eram cerca de 19:30 h, logo escureceria e eu não havia ainda cruzado a serra. Extasiado com o local, passei por uma pequena vila e vi um hotel/restaurante muito charmoso. Não era barato, mas eu mereço este mimo! Hospedei-me no local e jantei no restaurante do hotel, muito agradável!






                                  Hotel onde me hospedei (El Refugio)

Esta mudança no roteiro quebrou a monotonia e fez valer o dia! O que seria um dia apenas de deslocamento, acabou terminando de maneira muito legal! Rodei hoje 773 km.
Amanhã pela manhã percorrerei a Sierra de la Ventana no meu caminho de volta!

Aguardem!

domingo, 12 de março de 2017

16º dia - Patagônia chilena e patagônia argentina

Levantei-me às 7:00 h, mas como clareia tarde no sul, esperei até as 7:30 h, para sair com os primeiros raios de sol. Abasteci no centro de Puerto Varas e saí da cidade às 8:00 h em jejum, pois o hotel não tinha café da manhã e tudo estava fechado na cidade.
A temperatura era de 10 ºC, mas ao chegar à ruta 5 caiu para 7 ºC e assim se manteve. 20 km após Puerto Varas a neblina baixou muito densa, a visibilidade ficou reduzida a menos de 50 m à frente, mas continuei em frente. Em Osorno entrei na estrada que leva ao Paso Cardenal Samoré. O frio e a neblina estavam intensos, e a neblina molhava tudo: roupa, capacete, carenagem...

                                            Café da manhã em Entre Lagos

Entrei na cidade de Entre Lagos para abastecer tomar um café da manhã, pois estava viajando em jejum. Achei um restaurante bem simpático aberto e tomei um café com sanduíche de queijo. A neblina sumiu e o sol apareceu entre algumas nuvens.
A estrada é de uma beleza ímpar, parece que estamos viajando pela Suíça ou Áustria, com árvores européias e montanhas nevadas ao fundo.
Passei pela aduana chilena e 22 km adiante pela argentina. Perdi algum tempo, havia muita gente. Após os trâmites dos dois países, ingressei na Argentina.
A estrada ficou ainda mais bela, qualquer foto que eu postar não mostrará a décima parte do que eu vi e da beleza local. Havia muito gelo e neve às margens da estrada, que é bem sinuosa. Fui com cuidado, pois o asfalto estava muito escorregadio devido ao derretimento do gelo e da neve.



                                    Neve!

                                   Muita neve na estrada

                                Placa emporcalhada por motoqueiros brasileiros - Paso Cardenal Samoré

Descendo no lado argentino, começaram a aparecer lagos em sucessão, todos emoldurados por montanhas nevadas, um colírio para os olhos!

                                  Na aduana argentina

                                  Lago Nahuel Huapi

Parei em Villa la Angostura para almoçar. A cidade é um charme só, linda e agradável, cercada de montanhas e lagos.
                                   Almoço em Villa la Angostura
                                  Villa la Angostura

Segui pela estrada, que agora apresentava uma paisagem européia com rios e represas de cor azul em suas margens, e assim foi por mais de 100 km após Villa la Angostura. Não havia casas, postos, nada, somente a paisagem arrebatadora. O céu ficou completamente azul e o sol apareceu, levando a temperatura para perto dos 30 ºC.










Lentamente foram desaparecendo os rios e a vegetação abundante, fui entrando na estepe patagônica, árida e com um vento constante.


Abasteci a moto em Piedra del Aguila, e andei mais 100 km em uma estrada deserta e despovoada até chegar em Picún Leufú, um pequeno povoado às margens da estrada, muito pequeno mesmo. Havia uma pousada, e resolvi pernoitar nela.
                                  Hotel em Picún Leufú

Rodei hoje exatos 600 km, com paradas para fotos, para o café da manhã, abastecimentos e nas duas aduanas. Eram 18:50 h e estava claro; não me sentia cansado, mas como a próxima cidade estava a 150 km, achei que deveria parar.
A variação térmica hoje foi incrível! E foi, seguramente, o trecho mais impressionante e mais bonito da viagem! O Tiago gostaria de poder ver mais este cenário de cinema!