sábado, 4 de março de 2017

Chile norte a sul - 8º dia - cruzando o deserto


O café da manhã só começava a ser servido no hotel às 8:00 h. Decidimos não esperar, e ganhar tempo de viagem. Desta forma, partimos às 7:30 h em jejum, sob uma temperatura de 10 ºC. Até Calama, a 100 km de distância de San Pedro, a paisagem é lunar e exótica. A temperatura caiu para 7,5 ºC e o vento açoitava forte.
                                           Chegando a Calama, 7,5 ºC!
                                 Ruínas  de uma mina desativada em 1912


Entramos na cidade de Calama para abastecer, pois não havia postos na estrada. Tivemos alguma dificuldade para sair da cidade e pegar a estrada, acabamos sendo "escoltados" por um carro dos Carabineros, que nos indicou o caminho. O engraçado é que os Carabineros estavam em um Dodge Charger novo, e nos mandaram segui-los. Eles aceleravam e nós atrás, e eles foram acelerando cada vez mais para ver se conseguíamos acompanhá-los!
Tomamos a ruta 5 (rodovia Panamericana) no sentido sul, e percorremos mais de 200 km cruzando o deserto, sem passar por qualquer povoado, posto de combustível ou o que quer que fosse. Não havia água, comida ou gasolina!
Abastecemos na localidade de La Negra e aproveitamos para almoçar, pois o próximo posto de combustível estaria 250 km adiante. O restaurante tinha um péssimo aspecto e exalava um cheiro nauseabundo do seu interior, mas era o que havia, era pegar ou largar. Almoçamos e pegamos novamente a estrada.
                                 Deserto do Atacama

                                   Geoglifos na areia

                                  Restaurante na estrada - o único em um raio de 250 km

Paramos na "mão do deserto", famosa escultura nas areias do deserto onde se reunem motoqueiros de todas as tribos. Havia um grupo grande de gente da Malásia com motos BMW e também um grupo que tinha gente do Rio e de Iguaba (região dos lagos). Batemos papo, ganhamos adesivos e fomos nos cruzando ao longo de todo o  percurso, nos postos de gasolina. Amizade de estrada!

                                 Motociclistas na "mão do deserto"

                                           A famosa "Mão do deserto"

O vento estava fortíssimo e nos acompanhou pelos 730 km rodados hoje. Tivemos que andar com muito cuidado, principalmente nas curvas e nas ultrapassagens, pois as rajadas jogavam a moto para o lado repentinamente.
Em Águas Verdes, 250 km depois de La Negra, paramos em um posto, abastecemos e logo seguimos em frente, pois nem café havia! O vento aumentou e começou a esfriar, a temperatura despencou de 34 ºC para 19 ºC em menos de 10 minutos. Tivemos que colocar o forro térmico nos casacos para suportar.



Após descer uma serra lindíssima em meio às formações do deserto, chegamos à cidade de Chañaral, às margens do oceano Pacífico, porém no deserto! Vai entender, cidade do deserto à beira-mar!
A cidade é deliciosa, pequena, agradável e muito bem cuidada. Hospedamo-nos em um hotel bem legal e saímos para dar uma volta a pé e explorar o local. Fomos até a beira do mar e andamos pelas ruas.
                                 Ruta 5, próximo a Chañaral

                                  Chañaral, às margens do oceano Pacífico e sob as montanhas

                                    Oceano Pacífico, em Chañaral

                                    Praça de Chañaral

Jantamos um sanduíche com cervejas e demos por encerrado o dia de hoje, que foi integralmente passado no deserto, com muito vento e temperaturas extremas.
Quem conhece San Pedro de Atacama e proclama que conhece o deserto do Atacama é um mentiroso, pois o deserto é MUITO mais que San Pedro do Atacama. Convido essas pessoas a cruzarem, como nós estamos fazendo, o deserto, desde San Pedro até a região de Santiago, percorrendo cerca de 1.700 km. Aí, sim, poderá dizer que conhece o deserto!

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