Dei uma caminhada pela cidade de Malargüe pela manhã, com
temperatura de 13 ºC e céu totalmente azul. A alma de um aventureiro é
inquieta, e comecei achar que estava parado demais. Assim, voltei para o hotel,
mudei de roupa, acondicionei a bagagem nas malas, coloquei tudo na moto e meti
o pé na estrada às 9:45h.
Caminhando em Malargüe
O percurso que eu pretendia fazer é de 330 km, até Chos
Malal, pela RN40. Não levei gasolina de reserva. Segui pela ruta 40 entre
montanhas e vales, administrando a velocidade e o consumo de combustível. No
caminho, não havia postos nem cidades, nem água, nem o que comer! Também não
levei comida, apenas água. A estrada é um show, nem dá para descrever, é
necessário percorrê-la para sentir o que é estar envolvido por aquelas
paisagens indescritíveis. Fui curtindo cada quilômetro, cada curva, cada
“cuesta” vencida.
Já havia percorrido 90 km quando começaram as obras e o
asfalto acabou. Desvios perigosos com barro fofo e rípio solto foram mais de 10,
e entre trechos de rípio e desvios foram mais de 25 km, que cruzei com cuidado
e velocidade baixa, para evitar um tombo. Após a primeira travessia do Rio
Grande, o que estava ruim piorou muito: o asfalto acabou de vez, e seguiram-se
mais de 60 km que pareciam um verdadeiro filme de terror. Trechos com rípio
totalmente solto, bolsões de areia fofa e 30 km de “costelas” (calaminas) que
pareciam que iam desmontar a moto, tudo vibrava e tremia e estava difícil manter
a moto em pé. A velocidade máxima da moto em todo este trecho foi de 30 km/h,
sendo que andei durante horas em 1ª e 2ª marcha, com um calor de 31 graus e a
ventoinha da moto ainda jogando ar quente nas minhas pernas. Levei 3 horas e meia para percorrer os 60 km,
a velocidade média foi inferior a 20 km/h! Enquanto pilotava, totalmente atento
ao terreno, pensei em desistir da viagem, pois outro trecho como este eu não
encaro novamente! A moto pesando mais de 300 kg, com a carga em malas laterais
e mais o baú, mais a mala no banco e o meu peso, dão uma dimensão do que
passei. Nunca passei em um trecho tão ruim.
Rio Grande
Rípio difícil!
O asfalto voltou no povoado de Barrancas, que não deve ter
mais que 500 habitantes. Com muita fome, procurei onde comer e achei um comedor
que já estava fechado, pois eram 14:30 h. A dona fez 3 empanadas para mim, que
foram o meu almoço.
Comedor em Barrancas
Daí para a frente, o mesmo asfalto impecável de sempre das
estradas Argentinas voltou. Controlei a velocidade, curti a paisagem e cheguei
a Chos Malal, cidade onde sopra um vento fortíssimo. Eu estava em petição de
miséria, empoeirado dos pés à cabeça, e a moto idem. Consegui um hotel e tomei
um banho para retirar o excesso de pó e suor. Dei uma volta pela cidade, mas o
vento forte incomodava, tive que comprar um colírio devido à poeira nos olhos,
que está arranhando.
Hotel em Chos MalalPraça de Chos Malal
Este foi o trecho mais difícil e cansativo da viagem até
agora, e foram apenas 330 km! Podemos dizer que a quilometragem percorrida não
significa muita coisa. É fácil percorrer 700 km em um dia em boas estradas, mas
percorrer 100 km em uma estrada como o trecho crítico de hoje, é muito mais
difícil!
VAMOS LÁ SOLDADO! INFELIZMENTE NEM TUDO É DO JEITO QUE NÓS QUEREMOS OU DESEJAMOS. DEIXA ESSES 100KM PARA TRÁS E SIMBORA... VIAJA AÍ DE MOTOCA, QUE EU VIAJO AQUI NOS SEUS COMENTÁRIOS. PÉ NA ESTRADA!
ResponderExcluirObrigado por viajar comigo!
ResponderExcluirEsses 100 km de terror acabam esquecidos quando percorremos os cenários impressionantes da Ruta 40! Só percorrendo para saber, nenhuma foto ou comentário faria justiça à beleza e grandiosidade do local!
Na volta, Capitólio nos aguarda!
Estou na garupa dos commentários tbm amigo Guilherme, em relação ao comentário de 'Desistir" sabenos que foi só pra dar um suspense a mais na aventura kkk vc não é de desistir e nós sabemos Guerreiro kkkkk boa viagem e estamos de 👀👀👀👀👀🏍🏍🏍🏍🏍
ResponderExcluirDurante o trecho ruim, a vontade era desistir caso perdurasse aquela situação crítica de estrada sem pavimento. Ainda bem que foi só um teste de pilotagem e paciência, e tudo voltou ao normal!
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