sexta-feira, 9 de março de 2018

Argentina 2018 - Malargüe a Chos Malal pela RN40



Dei uma caminhada pela cidade de Malargüe pela manhã, com temperatura de 13 ºC e céu totalmente azul. A alma de um aventureiro é inquieta, e comecei achar que estava parado demais. Assim, voltei para o hotel, mudei de roupa, acondicionei a bagagem nas malas, coloquei tudo na moto e meti o pé na estrada às 9:45h.

                                  Caminhando em Malargüe

O percurso que eu pretendia fazer é de 330 km, até Chos Malal, pela RN40. Não levei gasolina de reserva. Segui pela ruta 40 entre montanhas e vales, administrando a velocidade e o consumo de combustível. No caminho, não havia postos nem cidades, nem água, nem o que comer! Também não levei comida, apenas água. A estrada é um show, nem dá para descrever, é necessário percorrê-la para sentir o que é estar envolvido por aquelas paisagens indescritíveis. Fui curtindo cada quilômetro, cada curva, cada “cuesta” vencida.





Já havia percorrido 90 km quando começaram as obras e o asfalto acabou. Desvios perigosos com barro fofo e rípio solto foram mais de 10, e entre trechos de rípio e desvios foram mais de 25 km, que cruzei com cuidado e velocidade baixa, para evitar um tombo. Após a primeira travessia do Rio Grande, o que estava ruim piorou muito: o asfalto acabou de vez, e seguiram-se mais de 60 km que pareciam um verdadeiro filme de terror. Trechos com rípio totalmente solto, bolsões de areia fofa e 30 km de “costelas” (calaminas) que pareciam que iam desmontar a moto, tudo vibrava e tremia e estava difícil manter a moto em pé. A velocidade máxima da moto em todo este trecho foi de 30 km/h, sendo que andei durante horas em 1ª e 2ª marcha, com um calor de 31 graus e a ventoinha da moto ainda jogando ar quente nas minhas pernas.  Levei 3 horas e meia para percorrer os 60 km, a velocidade média foi inferior a 20 km/h! Enquanto pilotava, totalmente atento ao terreno, pensei em desistir da viagem, pois outro trecho como este eu não encaro novamente! A moto pesando mais de 300 kg, com a carga em malas laterais e mais o baú, mais a mala no banco e o meu peso, dão uma dimensão do que passei. Nunca passei em um trecho tão ruim.



                                   Rio Grande


                                 Rípio difícil!

O asfalto voltou no povoado de Barrancas, que não deve ter mais que 500 habitantes. Com muita fome, procurei onde comer e achei um comedor que já estava fechado, pois eram 14:30 h. A dona fez 3 empanadas para mim, que foram o meu almoço.
                                  Comedor em Barrancas

Daí para a frente, o mesmo asfalto impecável de sempre das estradas Argentinas voltou. Controlei a velocidade, curti a paisagem e cheguei a Chos Malal, cidade onde sopra um vento fortíssimo. Eu estava em petição de miséria, empoeirado dos pés à cabeça, e a moto idem. Consegui um hotel e tomei um banho para retirar o excesso de pó e suor. Dei uma volta pela cidade, mas o vento forte incomodava, tive que comprar um colírio devido à poeira nos olhos, que está arranhando.
                                Hotel em Chos Malal
                                   Praça de Chos Malal

Este foi o trecho mais difícil e cansativo da viagem até agora, e foram apenas 330 km! Podemos dizer que a quilometragem percorrida não significa muita coisa. É fácil percorrer 700 km em um dia em boas estradas, mas percorrer 100 km em uma estrada como o trecho crítico de hoje, é muito mais difícil!

4 comentários:

  1. VAMOS LÁ SOLDADO! INFELIZMENTE NEM TUDO É DO JEITO QUE NÓS QUEREMOS OU DESEJAMOS. DEIXA ESSES 100KM PARA TRÁS E SIMBORA... VIAJA AÍ DE MOTOCA, QUE EU VIAJO AQUI NOS SEUS COMENTÁRIOS. PÉ NA ESTRADA!

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  2. Obrigado por viajar comigo!
    Esses 100 km de terror acabam esquecidos quando percorremos os cenários impressionantes da Ruta 40! Só percorrendo para saber, nenhuma foto ou comentário faria justiça à beleza e grandiosidade do local!
    Na volta, Capitólio nos aguarda!

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  3. Estou na garupa dos commentários tbm amigo Guilherme, em relação ao comentário de 'Desistir" sabenos que foi só pra dar um suspense a mais na aventura kkk vc não é de desistir e nós sabemos Guerreiro kkkkk boa viagem e estamos de 👀👀👀👀👀🏍🏍🏍🏍🏍

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  4. Durante o trecho ruim, a vontade era desistir caso perdurasse aquela situação crítica de estrada sem pavimento. Ainda bem que foi só um teste de pilotagem e paciência, e tudo voltou ao normal!

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