Realmente, o hotel em Cañuelas não foi por acaso! Ao
percorrer a RP6, que é um contorno a cerca de 70 km de Buenos Aires, constatei
que eu não conseguiria chegar ileso a Zárate viajando à noite. A estrada tem grande
parte de seu pavimento em concreto, que está totalmente deteriorado:
rachaduras, placas afundadas, placas inclinadas, remendos com asfalto, muitos
buracos e trechos onde o concreto nem existe mais. Um grande perigo de dia,
imagine à noite! Há muitas rotatórias e desvios confusos, com certeza eu
erraria alguma saída; para piorar, é longe de Cañuelas, são 120 km que levei quase duas
horas para percorrer de dia!
Abastecimento em Zárate, a 120 km de Cañuelas
Abasteci em Zárate e segui pela RN12, que é uma autopista,
com velocidade máxima de 120 km/h. Mais adiante, a RN14 “nasce” a partir da
RN12, e foi ela que percorri durante a maior parte do dia. Pista dupla,
velocidade alta e sem vento, quase não acreditei! Soprava um vento fraco,
mas nada a ver com os ventos que peguei desde a RN40 até ontem! Andando forte,
quando parei para almoçar, já havia rodado 350 km.
Almoço na RN14 - lugar simples, carne boa!
Em um posto conheci 3 motociclistas argentinos que estavam
indo para a Serra do Rio do Rastro, mas saíram na minha frente e não os
alcancei mais.
O calor incomodou, a temperatura que era de 13 ºC na saída, quando
parei para abastecer e tomar café na altura de Concórdia, estava em 35 ºC! Já
havia rodado 500 km e eram 15 h. Se eu andasse um pouco mais de 200 km para a
frente, chegaria à fronteira com o Brasil, em Paso de los Libres. Pensei: “por
que essa pressa para chegar ao Brasil?”, e lembrei das nossas estradas e suas
mazelas, como asfalto deteriorado, buracos, caminhões em excesso, pedágios,
quebra-molas, pardais, radares, cidades a cruzar, etc, etc, e achei que quanto
menos rodar em rodovias brasileiras, melhor! Assim, entrei em uma rodovia
provincial que dava acesso a Federação, para pernoitar por lá. Foram cerca de
15 km e cheguei em uma cidade surpreendente! Às margens do rio Uruguai, a
cidade é um balneário, com praias, ilhas e muito arborizada. Possui uma orla
muito bonita com pista para Cooper e diversas quadras esportivas. Além de tudo,
possui um complexo de águas termais que atrai turistas.
Chegando em Federacion
Av. Entre Rios, a rua principal da cidade
Consegui um hotel simples no centro. Saí a pé às ruas para
explorar o local; percorri a costaneira, fui ao parque termal, andei por
algumas praias, ruas e praças e retornei ao hotel satisfeito por ter conhecido
um local tão interessante! E tem mais, a cidade é muito arborizada e limpíssima,
não se vê qualquer sujeira nas ruas, nem uma guimba de cigarro!
O rio Uruguai ao fundo: quase um mar!
Praça principal
O relógio do centro da cidade - horários marcantes
Fui ao museu dos assentamentos, que conta a história trágica,
mas com final feliz de Federação. A cidade original foi inundada pela represa
de Salto Grande, a atual foi inaugurada em 1979, bem às margens do rio, após um
plebiscito que definiu sua nova localização. A população foi reassentada. O relógio na praça, tem 4 faces,
cada uma com uma hora. São os horários em que ocorreram os eventos principais
que levaram Federação a ser o que é hoje, inclusive o descobrimento das águas
termais, que deu impulso econômico ao local.
Na praçaPróximo ao porto
Museu dos assentamentos
Entardecer no porto
Cheguei de volta ao hotel com muito calor, a temperatura era
de 36 ºC quando eu estava nas ruas, com o sol ainda forte, e a caminhada foi em
parte sob o sol. O por do sol foi um
pouco após as 19 h. Depois de um merecido banho, saí para jantar em um
restaurante com mesas ao ar livre. Mesmo à noite, fazia calor! Se em Esquel eu
dormia com calefação, hoje dormirei com ar condicionado!
Hotel em Federación
Nenhum comentário:
Postar um comentário