sábado, 12 de outubro de 2013

Cruzando o sertão: Correntina (BA) a Lençóis (BA) - 5º dia

O dia foi marcado por muita estrada, sol, calor e mau cheiro. Explico melhor: saí de Correntina às 8 h, sob céu azul e promessa de muito calor. Não deu outra, o sol castigou quase todo o dia e as estradas apresentavam longas retas desabitadas, porém com o cheiro nauseabundo de centenas de carcaças de animais mortos à beira da pista em decomposição. Um cenário feio e triste e um cheiro horroroso que se fez presente ao longo de todo o dia. Cheguei a andar trechos de 170 km sem qualquer recurso, ou seja, posto de gasolina, bar, lanchonete ou cidade. Nada, só a estrada e a vegetação de caatinga ressequida às suas margens e muitos animais mortos, alguns por atropelamento e a maioria de sede e desnutrição.
Peguei o caminho pela BA-172 (170 km) até a BR 242, que é a estrada que vai de Feira de Santana até o extremo oeste da Bahia. Longas retas e uma paisagem monótona, o sol queimava forte e a moto foi devorando os quilômetros. Almocei em um posto no meio do nada, cerca de 50 km depois cruzar o rio São Francisco em Ibotirama, às margens da BR-242. À medida em que a tarde chegava, o céu foi ficando nublado e o sol desapareceu de vez, achei até que ia chover. E, repentinamente, a paisagem mudou: apareceram curvas na estrada, contornando as formações da chapada Diamantina, e tudo ficou mais agradável, havia até subidas e descidas. Eu estava na região da chapada próximo a Lençóis, meu destino previsto para o dia de hoje. Entrei em Lençóis e uma surpresa: hoje se iniciava o festival de Lençóis, com 4 dias de atrações musicais, incluindo Cidade Negra, Margareth Menezes e Vanessa da Mata. A cidade fervilhava de turistas e gente pelas ruas e bares, e não havia vaga nas pousadas. Dei uma volta a pé pela cidade, gostei muito! É mais legal que Mucugê, Rio de Contas e Andaraí! Até consegui pousada para 1 noite, mas a preço alto, e, além do mais, a muvuca não me interessava, eu queria pernoitar duas noites em Lençóis para conhecer a cidade e fazer algumas caminhadas pela chapada, não para ouvir barulho e beber!
Já havia rodado 550 km sob forte sol, e queria descansar; assim, sentei-me na moto e segui em frente, só que a próxima cidade (Itaberaba) ficava a 130 km, e logo anoiteceria. Andei 20 km e encontrei um pequeno povoado que não existe no mapa, chamado Tanquinho, onde havia um hotel na beira da estrada. Pensei comigo “é aqui mesmo!”, e hospedei-me no tal hotel, um muquifo bem ruinzinho, mas eu não queria mais rodar por hoje. Há um restaurante caseiro próximo (imaginem!) e também um posto de gasolina em frente. Atravessei a estrada à noite e tomei uma volumosa sopa de legumes no restaurante do posto, estava com muita fome! Gosto desta vida de aventuras e descobertas, achar hotéis, descobrir restaurantes e coisas assim. Apesar da solidão na estrada, a recompensa chega quando paro e conheço pessoas e lugares. Que vida boa, estar de moto pelo Brasil e pelo mundo!
E assim, encerrei a jornada por hoje. Agora toda a minha programação furou, amanhã estarei na estrada novamente e verei o vou fazer, pois estou agora 1 dia adiantado para a chegada a Aracaju. Em compensação, pode ser que consiga encontrar os colegas Augusto e Fabrício em Feria de Santana. Veremos!

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