Logo após
levantar-me, informei-me sobre o bloqueio das rodovias que ligam Sucre ao
restante do país: a situação continua a mesma, nada está passando. Paguei uma
diária a mais no hotel para garantir o pernoite, caso as coisas continuem como
estão.
Saí às ruas
para conhecer o último ponto de interesse turístico dentro da cidade que ainda
não havia visto: a região conhecida como Recoleta. Fui a pé, é uma subida
constante e exaustiva, principalmente porque já estamos a 2.700 m de altitude,
e qualquer esforço adicional, até mesmo correr para atravessar uma rua, já nos
deixa ofegantes.
Achei que
não teria mais surpresas, mas Sucre mais uma vez me surpreendeu: ao chegar no
topo do morro onde fica Recoleta, deparei-me com um imenso pátio plano, com uma
igreja, um convento, uma escola e um mirante, sendo que no convento há um
museu. A escola, franciscana, é um belo prédio muito bem conservado, e o
mirante é um corredor com arcos em ambos os lados de onde se tem uma vista de
toda a cidade. Há ainda um museu da cultura indígena, que visitei, onde fiquei
impressionado com os tecidos feitos pelas diversas tribos que habitaram e habitam (ainda
há cerca de 300.000 indígenas na região) a Bolívia, o norte da Argentina e
parte do Peru.
Estão expostos tecidos com
motivos do céu, da Terra e do inferno, feitos com fios tingidos de forma
natural e artesanal, com desenhos instigantes, enfocando danças, caça, monstros
e festas. Muito interessante, as tribos dos altiplanos sempre estiveram séculos à frente dos índios
brasileiros, cujo feito notável é desmatar as florestas e vender a madeira.
Há também
uma feirinha indígena onde se vende diversos artesanatos e tecidos feitos pelos
índios da região.
Retornei ao
centro, também a pé, e almocei um ótimo menu executivo. Mais uma vez
informei-me, os caminhoneiros estão reunidos com alguma autoridade, mas o
impasse e o bloqueio continuam. Como meu tempo e planejamento estão ficando
comprometidos, já penso até em voltar para o Brasil e perder as passagens
internas que comprei antecipadamente. Alguns taxistas estão levando turistas
para Potosi, mas custa 6 vezes mais caro que o ônibus e há trechos a serem
atravessados a pé para se pegar outro táxi, parece que são 3 taxis no fim das
contas até chegar a Potosi, e por caminhos secundários, perigosos e não
asfaltados. Uma vez em Potosi, precisarei chegar a Uyuni, pois de lá parte o
vôo até Santa Cruz que me levará de volta ao Brasil. Será que vale a pena? Já não sou mais um jovem
mochileiro!
Fui tentar
comprar alguma passagem de avião e a surpresa amarga: TODOS os vôos de TODAS as
companhias para TODOS os destinos a
partir de Sucre estão lotados até sábado, dia 27 de abril. Conclusão: não
consigo sair por terra nem pelo ar. E como não há mar, terei que aguardar que
as estradas sejam desbloqueadas. Não há mais nada a ver ou fazer em Sucre, já
visitei todos os pontos de interesse. Bem, vou ficando por aqui enquanto não há
outro jeito. Após a constatação de que não há mais vôos disponíveis, os taxis
que fazem uma rota alternativa para Potosi aumentaram o preço e só saem com um
grupo de 4 pessoas. Está saindo quase pelo mesmo preço de uma passagem aérea.
Às 17:00 h
saí para tomar um chá. Entrei em um salão de chá (ainda existem em Sucre!)
bacana e tomei um delicioso chá com leite e comi 4 doces folheados recheados,
muito bom! Aliás, o que tenho comido de chocolates e tomado sorvetes nestes
dias em Sucre, não é pouco. Há muitas lojas de chocolate e sorveterias em todas
as quadras. Uma tentação!
Na volta do
salão para o hotel, um vendedor de CDs piratas me deu um alento, dizendo que há
como chegar a Potosi através de carros que ficam em torno do terminal de
ônibus. Amanhã irei para lá de mala e cuia e tentarei. Há que atravessar um
trecho de estrada a pé perto do bloqueio e depois pegar um outro carro que leva
até Potosi. Sei que há alguns riscos, mas se eu não tentar, não sairei de Sucre
tão cedo.
Ainda tem o Parque/Museu Jurássico, que vc não visitou, que é show; fósseis e pegadas de dinossauros de milhões de anos... vale a pena; E dia 1* de maio com certeza terá mais manifestações; abço.
ResponderExcluirNão me interessei muito em visitar o parque, preferi esgotar toda a cidade! Já saí de Sucre, mas o bloqueio continua. Motos pequenas conseguem passar, mas motos maiores ou com alforjes ou malas laterais não passarão. Havia 3 BMW GS 1200 de brasileiros que não conseguiam passar no pequeno espaço entre os caminhões. Quem manda ter um trambolho daqueles? Uma Sahara passaria!
ResponderExcluirBoa viagem!
Eu ía sair daqui de Rolim dia 29, mas resolvi sair dia 1*, pois evitarei um possivel protesto e paralização nesse feriado, e um dia a mais na estrada custa dinheiro; Obrigado pelas informações e ótima viagem!
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