quinta-feira, 25 de abril de 2013

Sucre - Confinado pelo bloqueio!


Logo após levantar-me, informei-me sobre o bloqueio das rodovias que ligam Sucre ao restante do país: a situação continua a mesma, nada está passando. Paguei uma diária a mais no hotel para garantir o pernoite, caso as coisas continuem como estão.
Saí às ruas para conhecer o último ponto de interesse turístico dentro da cidade que ainda não havia visto: a região conhecida como Recoleta. Fui a pé, é uma subida constante e exaustiva, principalmente porque já estamos a 2.700 m de altitude, e qualquer esforço adicional, até mesmo correr para atravessar uma rua, já nos deixa ofegantes.

Achei que não teria mais surpresas, mas Sucre mais uma vez me surpreendeu: ao chegar no topo do morro onde fica Recoleta, deparei-me com um imenso pátio plano, com uma igreja, um convento, uma escola e um mirante, sendo que no convento há um museu. A escola, franciscana, é um belo prédio muito bem conservado, e o mirante é um corredor com arcos em ambos os lados de onde se tem uma vista de toda a cidade. Há ainda um museu da cultura indígena, que visitei, onde fiquei impressionado com os tecidos feitos pelas diversas tribos que habitaram e habitam (ainda há cerca de 300.000 indígenas na região) a Bolívia, o norte da Argentina e parte do Peru.








Estão expostos tecidos com motivos do céu, da Terra e do inferno, feitos com fios tingidos de forma natural e artesanal, com desenhos instigantes, enfocando danças, caça, monstros e festas. Muito interessante, as tribos dos altiplanos  sempre estiveram séculos à frente dos índios brasileiros, cujo  feito notável é desmatar as florestas e vender a madeira.






Há também uma feirinha indígena onde se vende diversos artesanatos e tecidos feitos pelos índios da região.

Retornei ao centro, também a pé, e almocei um ótimo menu executivo. Mais uma vez informei-me, os caminhoneiros estão reunidos com alguma autoridade, mas o impasse e o bloqueio continuam. Como meu tempo e planejamento estão ficando comprometidos, já penso até em voltar para o Brasil e perder as passagens internas que comprei antecipadamente. Alguns taxistas estão levando turistas para Potosi, mas custa 6 vezes mais caro que o ônibus e há trechos a serem atravessados a pé para se pegar outro táxi, parece que são 3 taxis no fim das contas até chegar a Potosi, e por caminhos secundários, perigosos e não asfaltados. Uma vez em Potosi, precisarei chegar a Uyuni, pois de lá parte o vôo até Santa Cruz que me levará de volta ao Brasil. Será que vale a pena? Já não sou mais um jovem mochileiro!
Fui tentar comprar alguma passagem de avião e a surpresa amarga: TODOS os vôos de TODAS as companhias  para TODOS os destinos a partir de Sucre estão lotados até sábado, dia 27 de abril. Conclusão: não consigo sair por terra nem pelo ar. E como não há mar, terei que aguardar que as estradas sejam desbloqueadas. Não há mais nada a ver ou fazer em Sucre, já visitei todos os pontos de interesse. Bem, vou ficando por aqui enquanto não há outro jeito. Após a constatação de que não há mais vôos disponíveis, os taxis que fazem uma rota alternativa para Potosi aumentaram o preço e só saem com um grupo de 4 pessoas. Está saindo quase pelo mesmo preço de  uma passagem aérea.

Às 17:00 h saí para tomar um chá. Entrei em um salão de chá (ainda existem em Sucre!) bacana e tomei um delicioso chá com leite e comi 4 doces folheados recheados, muito bom! Aliás, o que tenho comido de chocolates e tomado sorvetes nestes dias em Sucre, não é pouco. Há muitas lojas de chocolate e sorveterias em todas as quadras. Uma tentação!


Na volta do salão para o hotel, um vendedor de CDs piratas me deu um alento, dizendo que há como chegar a Potosi através de carros que ficam em torno do terminal de ônibus. Amanhã irei para lá de mala e cuia e tentarei. Há que atravessar um trecho de estrada a pé perto do bloqueio e depois pegar um outro carro que leva até Potosi. Sei que há alguns riscos, mas se eu não tentar, não sairei de Sucre tão cedo.

3 comentários:

  1. Ainda tem o Parque/Museu Jurássico, que vc não visitou, que é show; fósseis e pegadas de dinossauros de milhões de anos... vale a pena; E dia 1* de maio com certeza terá mais manifestações; abço.

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  2. Não me interessei muito em visitar o parque, preferi esgotar toda a cidade! Já saí de Sucre, mas o bloqueio continua. Motos pequenas conseguem passar, mas motos maiores ou com alforjes ou malas laterais não passarão. Havia 3 BMW GS 1200 de brasileiros que não conseguiam passar no pequeno espaço entre os caminhões. Quem manda ter um trambolho daqueles? Uma Sahara passaria!
    Boa viagem!

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    1. Eu ía sair daqui de Rolim dia 29, mas resolvi sair dia 1*, pois evitarei um possivel protesto e paralização nesse feriado, e um dia a mais na estrada custa dinheiro; Obrigado pelas informações e ótima viagem!

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