terça-feira, 30 de abril de 2013

Santa Cruz de la Sierra e retorno ao Rio de Janeiro


Tomei café em um mercado próximo, pois esqueci de programar meu “desayuno” ontem à noite. Aproveitei e comprei algumas coisas para comer ao longo do dia, pois provavelmente não almoçarei, devido ao horário do meu vôo. Me sinto perfeitamente integrado aos costumes do país, inclusive considerando as diferenças culturais entre regiões distintas, mas sinto falta de dominar totalmente o idioma espanhol; não que isto seja empecilho para alguma coisa, mas gostaria de falar e escrever tão bem quanto os latinos. É certo que consigo manter uma conversa de horas sobre qualquer assunto com bolivianos, argentinos, espanhóis, chilenos  ou colombianos, mas quero mais, quero que nem percebam que sou estrangeiro! Vou me empenhar nisto durante o próximo ano.
Fui de ônibus, que na verdade é um lotação, ao centro de Santa Cruz. Seria bonito se fosse mais preservado. Atualmente, o centro da cidade é um verdadeiro balaio de gatos, que mistura novo, antigo, supermoderno, lojas de grife em prédios decadentes e lojas de artigos populares em prédios reformados ou modernos. O que pude depreender de tudo o que vi, é que as famosas arcadas, marca registrada da colonização espanhola, estão presentes em toda a parte, nas suas mais diferentes formas, em diferentes estilos de prédios e também em alvenaria ou madeira. É uma coisa bonita, mas a mistura de estilos de arcos acaba sendo algo um tanto grotesco. A praça central, antiga praça de armas, é grande, arborizada e possui uma igreja imponente, que imagino ser a catedral.









                                           Voltando ao hotel, de ônibus

Voltei ao hotel também de ônibus, tive um pouco de dificuldade para descobrir que ônibus passava em meu bairro e também onde toma-lo, mas tudo deu certo. Desnecessário dizer que o centro da cidade, de arquitetura antiga, nada tem a ver com o bairro onde se situa meu hotel. Santa Cruz é uma típica cidade grande.

A Bolívia é um país burocrático por excelência. Tudo é complicado;  para tudo é necessário o preenchimento de diversos formulários e passar por diversos balcões. Vejam o exemplo do embarque para o Brasil no aeroporto internacional de Santa Cruz de la Sierra: antes do check in deve-se mostrar o passaporte com o carimbo de entrada e a tarjeta verde preenchida com o carimbo de entrada a um agente; o agente entrega um formulário que deve ser preenchido e entregue no check in; depois, é feito o check in; em seguida paga-se uma taxa aeroportuária em outro balcão (US$ 25), e dirigimo-nos à entrada para o embarque, tendo que apresentar novamente os cartões e o comprovante do pagamento da taxa; passa-se a bagagem pelo raio X e somos encaminhados à imigração, uma fila quilométrica; na imigração, recolhem a tarjeta verde, fazem algumas perguntas e carimbam o passaporte com a saída; em seguida, passa-se ao controle do narcotráfico, onde as bagagens são novamente abertas, inspecionadas minuciosamente, o passaporte é examinado e novas perguntas são feitas; somos novamente revistados (manualmente, com apalpação) e encaminhados para o embarque, onde todos os documentos anteriores têm que ser novamente apresentados. Como se tudo isto impedisse o narcotráfico, o contrabando e a corrupção! Quanto mais subdesenvolvido o país, mais burocracia e mais corrupção, é fato.

Finalmente conseguimos embarcar e o vôo saiu no horário, aliás, justiça seja feita, todos os vôos dentro da Bolívia cumpriram religiosamente os horários de partida e chegada. Isto, o Brasil precisa aprender com os bolivianos!
O vôo foi tranquilo, e chegou no Brasil, em Guarulhos, no horário. Aí iniciaram-se as mazelas brasileiras: o avião estacionou às 17:15 h, mas tivemos que esperar dentro do próprio avião até as 17:50 h (50 min) para que trouxessem escada e enviassem ônibus, pois o estacionamento foi em uma área remota. Às 18:05 h (mais 15 min) chegamos ao terminal, onde perdemos mais 25 min na fila da imigração, pois só havia 2 agentes para atender a mais de 100 pessoas. Depois chegaram mais 5 agentes e a fila andou. Tive que retirar a bagagem e redespachá-la, perdendo mais 10 min. Resumo: entre o estacionamento do avião e a chegada à sala de embarque da conexão, foram 100 min, ou seja, 1 hora e 40 minutos, um absurdo total. Este é o nosso Brasil! E querem fazer copa do mundo e olimpíadas por aqui! Deve ser uma olimPIADA!
E tem mais: na Bolívia, nos aeroportos de La Paz e Viru Viru, a internet era gratuita e excelente (rápida e estável). Fui tentar me conectar em Guarulhos e tive que fazer um extenso cadastro, com nome, telefone, e mail, CPF e até CEP, e, quando termino o cadastro, uma mensagem diz que ocorreu um erro e eu teria que recadastrar-me. Recadastrei-me, mas ocorreu outro erro, e desisti. Este é o Brasil, este é o legado da Infraero, uma das empresas estatais mais ineficientes e incapazes! Viva o Brasil! Quem gosta, que o compre! Quase estou com saudades da Bolívia!
Finalmente, após mais um vôo de 40 min, cheguei ao Rio.
Valeu toda a aventura de percorrer a região mais interessante da Bolívia, que são os altiplanos, como um mochileiro. As cidades que visitei e as coisas que vi foram incríveis, estarão para sempre em minha lembrança.
Farei um balanço completo da viagem, inclusive com os custos. Aguardem!

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