terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Um desvio - Serra da Canastra

Choveu a noite toda em Monte Alegre de Minas. Pela manhã, a chuva cessou, mas as ruas ainda estavam molhadas. Continuei na BR 365 até Uberlândia, um ótimo trecho duplicado. Chegando a Uberlândia há que se ficar atento para não entrar na cidade ou pegar alguma estrada errada, pois há 6 rodovias que convergem para aquela cidade, o que a torna um ponto logístico estratégico.

Tomei a estrada para Araxá. Contornei a cidade de Araxá e tive alguma dificuldade para encontrar a estrada que leva a Tapira, aliás esta estrada é estreita, tem bom asfalto e é margeada em boa parte por bougainvilles de diversas cores, o que a torna muito agradável de ser percorrida.


A partir de Tapira, meu rumo foi o da a serra da Canastra, que queria conhecer. O caminho é uma estrada de terra muito estreita, de 42 km que leva a São João Batista. Era minha intenção pernoitar em alguma pousada em S.J. Batista e no dia seguinte fazer incursões pela serra da Canastra. Levei duas horas para percorrer os 42 km, se bem que parei algumas vezes para apreciar o local e tirar fotos. A estrada corre pelo espigão dos morros, é um grande sobe e desce pelo topo das montanhas.
Serra da Canastra 

São João Batista

Ao chegar a S.J. Batista, deparei-me com uma cidade fantasma: o povoado é mínimo, e tem uma pousada, mas não havia ninguém nas ruas. A pousada estava fechada, assim como os bares e todas as casas, nem havia a quem perguntar algo. Já eram 15:10 h e estava ameaçando um temporal, e eu cercado de estradas de terra. Havia 2 opções: retornar a Tapira ou seguir, por dentro do parque da serra da Canastra, até a próxima cidade, São Roque de Minas. Eram mais 48 km de estrada de terra, em estado muito pior do que os 42 km que eu já houvera percorrido até ali. Resolvi ir em frente. Se a chuva me pegasse, é certo que eu levaria alguns tombos, se é que conseguiria passar em alguns trechos.
No caminho, conheci a nascente do rio São Francisco, um sonho antigo. Impressionante como aquele pequeno olho d'água se transforma em um dos maiores rios do Brasil e leva progresso desenvolvimento a centenas de municípios às suas margens.
Primeira ponte sobre o rio S. Francisco, 30 m após a nascente

Este segundo trecho da estrada é cheio de subidas e descidas com barro, pedras soltas (rípio), muitos seixos rolados e até trechos em subida sobre pedras. Fui seguindo, fugindo da chuva, e levei 1:45 h para percorrer os 48 km. A descida para São Roque de Minas é um absurdo: longa e muito íngreme, perigosíssima, qualquer vacilo resultaria em um tombo com graves consequências, e até poderia ser fatal. Uma freada seria um tombo, o piso estava forrado de seixos rolados e brita.




A cidade de São Roque é bonitinha e interessante. fica em uma ladeira. O hotel que fica na praça, estava com as portas fechadas, bati e ninguém atendeu. Já passava das 17:00 h, e ao longe via-se a chuva se formando. Como também não havia hotel, segui mais uma vez em frente até a próxima cidade, Piumhi.
                                            São Roque de Minas

Peguei chuva no caminho, estava todo molhado e enlameado devido aos 90 km em estradas dadas de terra  e à chuva do último trecho.
Entrei em Piumhi e hospedei-me no mais caro e melhor hotel de toda a viagem, mas eu estava merecendo
Peguei uma sauna para relaxar da pilotagem  na travessia da serra da Canastra ( o hotel tem até sauna!). Jantei no restaurante do hotel.
Apesar de haver rodado em estradas asfaltadas de Monte Alegre até Tapira e de São Roque de Minas até Piumhi, o que marcou o dia de hoje foram os 90 km em estradas de terra precárias (quase trilhas) na Serra da Canastra. Apesar do cansaço de pilotar tanto tempo com muita atenção e cuidado, pois estava sozinho com a moto carregada e nada de errado poderia me acontecer  (não encontrei nenhum carro em todo o percurso), valeu a pena pelas paisagens e por todo o visual do local.

4 comentários:

  1. Que perrengue, hein? Eu e meus pitacos! Haha!!

    Mas, parece ser bonito e valer a pena, ou melhor, o risco e o cansaço!

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    1. Valeu muito a pena. Algum dia vamos percorrê-la com calma, ficando hospedados em uma das cidades de apoio. Eu tinha pouco tempo e a ameaça de chuva naquele terreno liso comprometeu a visita, mas eu me dei por satisfeito.Muito interessante! Esqueci de dizer que a altitude é sempre em torno dos 1.100 msnm.

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  2. gostei da nascente do Chico, um dia vou aí tbm conhecê-la, e essa altitude faz com que a temperatura seja bem agradável, creio...

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  3. Olá, Antônio!
    Foi pena estar ameaçando chover e eu não ter mais tempo, foi muito emocionante ver a nascente do São Francisco,pois conheço as barragens, as hidrelétricas e a foz, é difícil imaginar aquela pequena nascente em um local tão ermo levar vida e progresso a tanta gente!
    O dia estava quente, apesar da altitude. No inverno deve ser muito frio!

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