O hotel Stalo em Piumhi era excelente, e o café da manhã, então, era
digno de um 4 ou 5 estrelas.
Lubrifiquei a corrente antes de sair, e notei que estava bem frouxa, isso
é normal em correntes sem retentor, necessitam sempre de ajuste. Como eu já
estava com toda a bagagem amarrada e as ferramentas ficam no fundo dos
alforjes, decidi seguir assim mesmo, e talvez encontrar algum mecânico pelo
caminho para fazer o ajuste.
Hotel Stalo, em Piumhi
Passei por Formiga e Perdões e cheguei à Fernão Dias. Parei em um Graal
e fiz eu mesmo o ajuste da corrente, 150
km após sair de Piumhi, lubrificando-a novamente. Entrei na estrada que liga a
BR 381 à BR 040, que passa por São João del Rei e Tiradentes, alcançando a BR
040 em Barbacena. Algo me dizia que não deveria confiar em correntes com
emenda, e não abusei da velocidade nem das acelerações.
Almoço na estrada, próximo a S.J. del Rei
Estava na BR 040 a 130 km/h, a cerca de 20 km após Barbacena, já
pensando que iria chegar cedo em casa quando, em uma curva, a corrente arrebentou e
embolou-se na coroa, travando a moto imediatamente. Tentei controlar a
derrapagem com a roda traseira travada e até que consegui um grande feito, a
moto foi perdendo velocidade, mas o tombo acabou sendo inevitável, e a moto caiu
comigo junto e arrastamos no asfalto por uns 15 metros. Estava em uma curva,
levantei-me e rapidamente saí de perto da moto e sinalizei para os veículos que
vinham atrás. Aparentemente, não havia quebrado nada, apenas um joelho bem
ralado.
Não consegui levantar a moto sozinho, um rapaz parou sua Kombi e veio
ajudar-me. Foi difícil tirar a moto do meio da estrada, pois estava com a roda
traseira travada e pesava muito. Fomos dando trancos para levantar a roda traseira e conseguimos colocá-la no
acostamento do lado esquerdo.
O rapaz, que se chama Aldair, levou-me em sua Kombi a alguns mecânicos,
mas nenhum se dispôs a ir na estrada desmontar a roda, e também de nada
adiantaria. Passamos a procurar alguém que levasse a moto em uma caminhonete
até um mecânico. Fomos a 5 pessoas, mas
todas tinham problemas e não podiam fazer o frete. Incrível sempre haver gente
solidária nessas horas,o Aldair foi incansável e me conduziu até eu resolver o
problema. A moto ficou na beira da estrada, com toda a bagagem.
Estávamos tentando obter o frete com o filho de um morador das
proximidades, quando passou uma caminhonete Hilux por nós. Fizemos sinal para
ela parar e pedimos para levar a moto. A princípio, o condutor não queria levar, mas
conseguimos convencê-lo. Fizemos muita força para colocar a moto sobre a caminhonete,
e o rapaz me levou para a concessionária Yamaha em Barbacena (Turinhos Motos),
onde fizemos mais força para retirar a moto e colocá-la dentro da oficina.
Ponto para os caras da caminhonete também (eram 2 rapazes), que me tiraram da estrada e me
conduziram a um porto seguro onde eu poderia consertar a moto.
Corrente arrebentada, na BR 040
A corrente estava destroçada, e coroa
empenou devido ao tranco recebido. Fui a uma farmácia próxima e comprei
merthiolate, gaze e esparadrapo e fiz um curativo no joelho, pois a calça
roçando estava fazendo arder mais.
Devo agradecer a Deus por não ter sofrido sequer um arranhão (a menos do
joelho) e não haver algum caminhão atrás de mim na hora do acidente. Até agora
estou chocado com este milagre, desta vez meus anjos da guarda tiveram muito
trabalho para me livrar, o que só tenho a agradecer! Até a moto, que caiu a 130
km/h, não teve um arranhão sequer, os alforjes a protegeram (e me protegeram
também). Já pensou se fosse naquela solidão da Serra da Canastra ou em um
trecho de mão dupla? Ou em alguma ultrapassagem ousada (fiz tantas!) Eu não estaria relatando essa
história!
A moto só ficou pronta às 19:20 h, achei melhor não viajar à noite,
sendo assim, pernoitarei em Barbacena. Hospedei-me em um hotel frequentado por
representantes comerciais, próximo à saída da cidade, assim, amanhã estarei próximo
à rodovia BR 040, meu caminho. Estou a 280 km do Rio!
O mecânico Ronnie trocando a relação
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