O dia de hoje foi especialmente cansativo.
Entre Cáceres e Cuiabá a viagem foi tranqüila, com a estrada vazia. É o
melhor trecho da viagem, tirando a serra da Mantiqueira entre os estados do Rio de
Janeiro e Minas Gerais. Possui matas às suas margens, bastante verde e até uma
serra, a do Mangaval.
Trecho entre Cáceres e Cuiabá
Em Cuiabá começou o inferno. Devido à sinalização deficiente, acabei
entrando em Várzea Grande e Cuiabá, rodando por dentro de Cuiabá por 32 km até
conseguir encontrar a saída para a estrada! Isso na capital do calor, a 38 ºC,
e eu estava de botas, luvas, casaco e capacete fechado. Retornei à estrada e aí
vi que havia conhecido somente o purgatório, pois o inferno estava por vir. A
estrada estava totalmente tomada por caminhões, que formavam uma fila indiana
interminável. Nos primeiros 60 km, a velocidade não ultrapassava os 40 km/h,
chegando o trânsito a parar totalmente por diversas vezes nos 2 sentidos, sem
falar nos inúmeros quebra-molas, pardais e postos da PRF com obstáculos que
pioram a situação. Após 60 km, há um pequeno trecho duplicado onde as coisas
melhoram, para voltar a piorar em seguida. Somente depois de 110 km após Cuiabá
consegui colocar 110 km/h na moto, mas nunca por mais do que 3 minutos, pois o
volume de caminhões era absurdo, e olhe que hoje é um domingo! Imagine amanhã!
Imagine na copa!
Entre Cuiabá e Rondonópolis há outra serra, bastante perigosa, mas que
apresenta um belo visual das chapadas ao redor.
Ponte em Cuiabá
Serra entre Cuiabá e Rondonópolis
Logo após Jaciara houve um acidente em que uma carreta-prancha ficou atravessada
na pista, interrompendo o trânsito nos dois sentidos. Entrei por uma pequena
vila e por uma estrada de terra para me livrar do congestionamento de 8 km.
A partir de Rondonópolis, o volume de caminhões diminui bastante, pois a
maioria segue em direção a Campo Grande e São Paulo, para atingir os portos de
Santos e Paranaguá. O asfalto, em condições ruins, não ajuda muito, pois além
de alguns buracos, há muitas imperfeições na pista que a tornam muito perigosa
para motos (trilhos de rodas profundos, desplacamentos e exsudações). Os
acostamentos são pequenos ou inexistentes, e quando existem, estão desnivelados
em relação à estrada em mais de 10 cm, chegando a mais de 20 cm em alguns
trechos.
Ao entrar no estado de Goiás as condições do asfalto melhoram
sensivelmente, e deu para andar mais rápido, mas um novo acidente, com o
tombamento de uma carreta transportando caroços de algodão fechou as duas
pistas; desta vez fui pelo acostamento
até o local do acidente, e quando liberaram a estrada, andei 60 km sozinho, sem
qualquer carro à frente, devido ao represamento.
Acidente com tombamento de carreta
Tempestade (chuva) ao longe, na estrada
Para fechar bem o dia, o pôr do sol no planalto foi um belo espetáculo!
Cheguei ao acesso a Mineiros e resolvi entrar na cidade, já eram 20:30 h
e eu estava bastante cansado de tanto andar no meio dos caminhões e com o
asfalto ruim. Custei a conseguir um
hotel, e acabei hospedando-me em uma espelunca, mas ao menos tem ar
condicionado!
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