No primeiro dia de viagem, segui à risca o itinerário que houvera
planejado. Mudei diversas vezes de estrada e passei em todos o locais
previstos. Não há nenhuma paisagem ou visual que mereça algum comentário,
exceto a subida da Serra da Mantiqueira pela estrada sinuosa que passa por
Itamonte, Pouso Alto e Caxambu, que é sempre muito bacana, apesar de ser
estreita, sem acostamento e com uma curva atrás da outra, todas de baixa
velocidade. Atinge-se 1.670 m de altitude.
Fora a Mantiqueira, não há paisagens que chamem a atenção nem tampouco
pontos notáveis ou algum visual bonito ou mesmo diferente.
Almocei na Fernão Dias, altura de Três Corações, terra do Pelé, uma
comida horrível. Comi como se fosse remédio, não poderia passar o dia inteiro
sem me alimentar.
Três Corações homenageia seu filho mais ilustre!
Em Iguatama, primeira cidade banhada pelo rio São Francisco, o “Velho
Chico” tem pequeno volume de água e é sujo, em nada lembra o rio volumoso em
cujas águas naveguei e me banhei no canion de Xingó e em cuja foz pesquei ,
entre os estados de Sergipe e Alagoas. Nem parece o mesmo rio que movimenta as
turbinas das usinas de Paulo Afonso! A ponte que o cruza na BR 354, em
Iguatama, entre a cidade de Arcos e a BR 262, tem apenas 120 m de vão!
O Velho Chico ainda jovem
Peguei umas 8 pancadas de chuva
pelo caminho, todas à tarde. Deixava a roupa secar no próprio corpo, não
coloquei a capa. As últimas pancadas foram muito fortes, e a última, que
desabou às 17:00 h, foi forte e durou até a hora em que parei, vencido! Andei 100 km debaixo de um tremendo aguaceiro,
disputando a pista molhada e muito escorregadia com caminhões. Às 18:30 h, bem
molhado, parei em um posto de gasolina 6 km antes de Araxá, para aguardar uma
trégua da água que caía. Como havia um dormitório no posto, foi ali que decidi
pernoitar, pela módica quantia de R$ 25,00 por um quarto com banheiro (e mais
nada!). Tomei um banho quente para retirar o frio do corpo e jantei no
restaurante do posto. Já estava mesmo escurecendo e não havia condições de
seguir viagem à noite e com chuva.
Do Rio de Janeiro até onde estou foram 815 km, perto de 1/4 do caminho
de ida. Hoje rodei 10 horas e meia. A moto tem feito exatos 20 km/litro em
todos os abastecimentos, apesar dos alforjes laterais e da velocidade um pouco
alta.
Muita chuva!
As botas novas passaram no teste da impermeabilidade: depois de mais de
uma hora de forte chuva, continuei com os pés secos. Maravilha! Em compensação,
na moto, a bolha mais alta concentra a água da chuva na altura do ombro, e a
água acabou atravessando o casaco.
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O "hotel" do primeiro dia
no dia seguinte...
Não consegui dormir à noite, o quarto estava infestado de mosquitos que
zumbiram nos meus ouvidos todo o tempo. Levantei-me 4 vezes para matá-los, mas
seria impossível acabar com todos. Matei alguns contra a parede, deixando estampada em vermelho a minha revolta.
Não preguei o olho, e às 6:00 h levantei-me para seguir viagem. Desnecessário
dizer que o hotel não tinha café, e para piorar, o restaurante do posto só
tinha frituras, pão de queijo e refrigerantes. Abasteci a moto e parti em
jejum, parando 12 km adiante para tomar um cafezinho.
A chuva acompanhou-me toda a manhã. Entre Araxá e Uberlândia foram 180
km de pura chuva. Em Uberlândia, devido à sinalização deficiente, errei a
entrada do anel viário e acabei andando 80 km "de graça", o pior é
que foi sob chuva. Retornei, achei o caminho correto, contornei Uberlândia pelo
anel e fui em direção a Goiás. No entroncamento entre as BRs 365 e 153,
conhecido como "Trevão", parei para almoçar e conheci o Alcebíades,
que ia de Barra do Garças para São Paulo com uma BMW GS 1150, a qual iria
trocar por uma GS 1200 nova. Almoçamos juntos, conversamos e cada qual tomou
seu rumo.
Fui pela BR 153 até Itumbiara, um
trecho de 80 km duplicado, em ótimo estado. Em Itumbiara (GO) peguei a BR 452
até Rio Verde, e então a BR 060 até Jataí, onde cheguei às 17:20 h. Como estava
chuviscando, não quis arriscar uma esticada até a próxima cidade, chamada
Mineiros, pois já estava tarde e eu já estava na estrada há 10 horas. Assim,
entrei na cidade de Jataí, onde consegui um local simples para pernoitar por R$
40,00. Só espero que não haja mosquitos! Já rodei 1.523 km desde que saí de
casa. Hoje foram 708 km.
A moto agora não consegue fazer mais do que 20 km/litro de gasolina,
creio que por 2 motivos: a velocidade média está mais alta e o combustível que
tenho colocado não é confiável. Há poucos postos, e quando encontro algum, já
estou na reserva, precisando abastecer de qualquer maneira.
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