Hotel Plaza (pátio interno), em Jataí
Finalmente, meu 3º dia de viagem foi um dia sem chuva; peguei a estrada às 7:50 h, com tempo aberto e céu com nuvens. Atravessei o que restava do estado de Goiás e entrei no Mato Grosso, cruzando o rio Araguaia quando o mesmo ainda possui pequeno volume de água.
A estrada piorou sensivelmente em Mato Grosso, com buracos e muitas imperfeições no asfalto. O volume de caminhões, principalmente os que transportam soja, é absurdo, a estrada pertence a eles.
Houve paradas longas e congestionamentos sob o sol em alguns desvios tipo pare/siga.
A paisagem vai mudando à medida que adentramos para oeste. A partir de Goiás já aparecem as grandes plantações de soja às margens da estrada, que se intensificam em Mato Grosso. Também o tipo de vegetação muda, já começam a aparecer árvores maiores e mais frondosas.
Almocei em um restaurante em Pedra Preta (MT), antes de Rondonópolis, frequentado por caminhoneiros. Estava com muita fome e esqueci as boas maneiras e a educação: comi de qualquer maneira, coloquei os cotovelos na mesa, cuspi as pelancas no prato e palitei os dentes, mas a refeição estava muito boa, deve ter sido a melhor da viagem até agora. Não é divertida esta vida?
Contornei Cuiabá sem entrar na cidade, mas o intenso trânsito de caminhões e carros nos arredores da cidade estava um inferno. Devido à falta de sinalização, só acertei a entrada do contorno porque houvera perguntado antes, aliás, obtive a informação no mesmo posto onde abastecemos e pedimos informações há 5 anos atrás, na viagem a Machu Pichu. Mais adiante, em uma rotatória sem sinalização, errei a estrada, mas consegui detectar o erro logo, andei somente 16 km "de graça".
Já eram 16:30 h quando passei por Cuiabá. Pretendia pernoitar em alguma cidade logo adiante, mas tive que rodar até Cáceres, 220 km adiante, pois é a primeira cidade após Cuiabá onde existem hotéis e alguma estrutura. A 50 km antes de Cáceres a vegetação, a paisagem e a estrada mudam: é a serra Mangaval, muito bacana, cheia de curvas, subidas e descidas em meio a uma vegetação densa. Como o relevo na região é muito plano, este acidente geográfico assume um papel importante e chama a atenção.
Às 19:00 h caiu uma chuva, que não durou mais que 5 minutos. Cheguei em Cáceres às 19:30 h e hospedei-me em um hotel na beira da estrada BR 364, na entrada da cidade. Mal estacionei a moto, caiu um temporal! Meus anjos da guarda e os pensamentos positivos dos amigos e das pessoas que me amam me protegeram da chuva, assim com têm me protegido dos demais perigos!
Hoje rodei quase 12 horas e 828 km, em meio a muitos caminhões em estradas saturadas. Já foram 2.351 km desde o Rio de Janeiro. As paisagens, topografia, relevo e vegetação vão mudando e mostrando o quão grande e diverso é o nosso país. E não é só isso: as pessoas, os sotaques e o jeito de conversar também mudam. A experiência de viajar vivendo tão de perto todas as sensações e emoções é altamente enriquecedora. Se eu tivesse tomado um avião e voado do Rio para Porto Velho, estaria vivendo tudo isso? E se eu só me hospedasse em hotéis de luxo e frequentasse restaurantes refinados? Só quem já sentou em uma moto e se lançou na estrada de forma aventureira sabe.
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