O objetivo desta viagem é fazer um tour pelo Sul do Brasil,
a região que realmente importa dentro do nosso país. Como sempre costumo ter um
destino final como meta, elegi o Uruguai, um país agradável, tranquilo e
bastante seguro para os padrões brasileiros.
Já perdi a conta da quantidade de vezes que visitei o
Uruguai de moto, seguramente foram mais de 15 viagens para lá, e sempre gosto
de voltar!
Desta vez, irei sozinho, é como gosto de viajar. Claro que
tudo tem seus prós e contras, mas é muito difícil encontrar a companhia
adequada. Talvez eu seja muito exigente e tenha acumulado muitas manias ao
longo da vida, mas o fato é que gosto de ser o timoneiro da minha embarcação,
escolher um roteiro que me agrade e decidir a hora de parar ou de andar. Gosto
de curtir o que encontro pelo caminho, mesmo que isto custe alguns quilômetros
ou horas a mais; tenho notado que a grande maioria dos motociclistas querem
apenas rodar, sem qualquer interesse em conhecer as culturas locais, a história
ou pontos de interesse, exceto para tirar fotos e selfies e enviá-las aos
parentes e amigos e poderem dizer “olha eu aqui”! Nada mais vazio e
superficial! Essas pessoas deveriam viajar de avião para chegar logo ao destino,
mas precisam provar aos outros e a si mesmos que são “aventureiros” e viajam de
moto, mesmo que as viagens sejam sempre em bandos e muito pouco aventureiras,
são sempre óbvias e previsíveis.
2 de janeiro de 2020 – quinta-feira
A previsão do tempo era de grandes temporais em toda a área
que eu pretendia percorrer hoje, com volume de chuva elevado.
Ao sair de Rio Claro com a Triumph carregada às 6:30 h, estava
apenas chuviscando, e lá fui eu, rumo a mais uma aventura. A garoa foi até boa,
pois amenizava o calor, apesar de não estar fazendo sol, apenas mormaço.
Abasteci em Itatiaia e só parei para tomar café em Aparecida. A próxima parada
foi somente para abastecimento da moto, em Itaquaquecetuba, antes de entrar no
Rodoanel de São Paulo. Percorri o Rodoanel até a Régis Bittencourt, onde parei
em Embu das Artes para almoçar. Até aí, nada de chuva forte.
Café em AparecidaAbastecimento em Itaquaquecetuba
Acesso ao Rodoanel
Almoço na Régis, em Embu das Artes
Um pouco antes de descer a serra do Cafezal, uma fortíssima
pancada de chuva mostrou-me que o tempo não estava para brincadeiras. Me
molhei, mas a pancada durou pouco e as roupas secaram no próprio corpo. Em
Registro, a chuva veio com vontade: um temporal para ninguém botar defeito, com
um volume assustador de chuva acompanhado de vento e alguns raios. Estava muito
difícil continuar, parei no Graal Buenos Aires juntamente com outros
motociclistas, esperando por alguma trégua quanto ao aguaceiro que caía.
Minutos antes da grande chuva: nuvens ameaçadoras
A chuva não iria cessar, entrei novamente na estrada e fui
até Jacupiranga pela Régis, onde entrei em uma estrada estadual secundária que
me levaria a Eldorado. A estrada para Eldorado está completamente deteriorada,
com buracos em toda a sua extensão. Com a chuva forte, não se via as crateras,
pois a água cobria toda a pista, eu só sentia as pancadas na suspensão da moto,
torcendo para não rasgar um pneu ou amassar uma roda.
Finalmente, cheguei em Eldorado, meu destino previsto para o
dia de hoje! Estava totalmente encharcado: botas, meias, luvas, calça, jaqueta
e camiseta, tudo estava ensopado!
Hospedei-me e a chuva cessou! Dei uma volta de
reconhecimento pela cidade e um pouco mais tarde saí para jantar uma pizza.
Amanhã, minha idéia é conhecer a Caverna do Diabo, que fica a 45 km de
Eldorado. A estrada, segundo os moradores, está em estado bem pior do que a de
acesso a Eldorado. Já posso imaginar o que encontrarei pela frente!
Eldorado, terra natal do presidente Jair Bolsonaro
Hoje tive um bom exemplo da finalidade e versatilidade de
uma moto tipo big trail: estradas esburacadas ou em mal estado não a intimidam,
a Triumph enfrentou muito bem os buracos cobertos de água a 100 km/h, em nenhum
momento me senti inseguro ou a suspensão fraquejou, foi muito fácil. Para isto ela
foi feita, sendo perfeita para viagens por boas estradas também. Ninguém faz
off road ou trilha com uma moto de mais de 250 kg, mas um asfalto ruim ou uma
estrada de terra batida em tempo seco ela encara muito bem.
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