quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Uruguai 2020 - Primeiro dia de viagem


O objetivo desta viagem é fazer um tour pelo Sul do Brasil, a região que realmente importa dentro do nosso país. Como sempre costumo ter um destino final como meta, elegi o Uruguai, um país agradável, tranquilo e bastante seguro para os padrões brasileiros.
Já perdi a conta da quantidade de vezes que visitei o Uruguai de moto, seguramente foram mais de 15 viagens para lá, e sempre gosto de voltar!
Desta vez, irei sozinho, é como gosto de viajar. Claro que tudo tem seus prós e contras, mas é muito difícil encontrar a companhia adequada. Talvez eu seja muito exigente e tenha acumulado muitas manias ao longo da vida, mas o fato é que gosto de ser o timoneiro da minha embarcação, escolher um roteiro que me agrade e decidir a hora de parar ou de andar. Gosto de curtir o que encontro pelo caminho, mesmo que isto custe alguns quilômetros ou horas a mais; tenho notado que a grande maioria dos motociclistas querem apenas rodar, sem qualquer interesse em conhecer as culturas locais, a história ou pontos de interesse, exceto para tirar fotos e selfies e enviá-las aos parentes e amigos e poderem dizer “olha eu aqui”! Nada mais vazio e superficial! Essas pessoas deveriam viajar de avião para chegar logo ao destino, mas precisam provar aos outros e a si mesmos que são “aventureiros” e viajam de moto, mesmo que as viagens sejam sempre em bandos e muito pouco aventureiras, são sempre óbvias e previsíveis.

2 de janeiro de 2020 – quinta-feira
A previsão do tempo era de grandes temporais em toda a área que eu pretendia percorrer hoje, com volume de chuva elevado.
Ao sair de Rio Claro com a Triumph carregada às 6:30 h, estava apenas chuviscando, e lá fui eu, rumo a mais uma aventura. A garoa foi até boa, pois amenizava o calor, apesar de não estar fazendo sol, apenas mormaço. Abasteci em Itatiaia e só parei para tomar café em Aparecida. A próxima parada foi somente para abastecimento da moto, em Itaquaquecetuba, antes de entrar no Rodoanel de São Paulo. Percorri o Rodoanel até a Régis Bittencourt, onde parei em Embu das Artes para almoçar. Até aí, nada de chuva forte.
                                 Café em Aparecida
                                  Abastecimento em Itaquaquecetuba
                                 Acesso ao Rodoanel
                                 Almoço na Régis, em Embu das Artes

Um pouco antes de descer a serra do Cafezal, uma fortíssima pancada de chuva mostrou-me que o tempo não estava para brincadeiras. Me molhei, mas a pancada durou pouco e as roupas secaram no próprio corpo. Em Registro, a chuva veio com vontade: um temporal para ninguém botar defeito, com um volume assustador de chuva acompanhado de vento e alguns raios. Estava muito difícil continuar, parei no Graal Buenos Aires juntamente com outros motociclistas, esperando por alguma trégua quanto ao aguaceiro que caía.
                                  Minutos antes da grande chuva: nuvens ameaçadoras

A chuva não iria cessar, entrei novamente na estrada e fui até Jacupiranga pela Régis, onde entrei em uma estrada estadual secundária que me levaria a Eldorado. A estrada para Eldorado está completamente deteriorada, com buracos em toda a sua extensão. Com a chuva forte, não se via as crateras, pois a água cobria toda a pista, eu só sentia as pancadas na suspensão da moto, torcendo para não rasgar um pneu ou amassar uma roda.
Finalmente, cheguei em Eldorado, meu destino previsto para o dia de hoje! Estava totalmente encharcado: botas, meias, luvas, calça, jaqueta e camiseta, tudo estava ensopado!
Hospedei-me e a chuva cessou! Dei uma volta de reconhecimento pela cidade e um pouco mais tarde saí para jantar uma pizza. Amanhã, minha idéia é conhecer a Caverna do Diabo, que fica a 45 km de Eldorado. A estrada, segundo os moradores, está em estado bem pior do que a de acesso a Eldorado. Já posso imaginar o que encontrarei pela frente!

                                 Eldorado, terra natal do presidente Jair Bolsonaro

Hoje tive um bom exemplo da finalidade e versatilidade de uma moto tipo big trail: estradas esburacadas ou em mal estado não a intimidam, a Triumph enfrentou muito bem os buracos cobertos de água a 100 km/h, em nenhum momento me senti inseguro ou a suspensão fraquejou, foi muito fácil. Para isto ela foi feita, sendo perfeita para viagens por boas estradas também. Ninguém faz off road ou trilha com uma moto de mais de 250 kg, mas um asfalto ruim ou uma estrada de terra batida em tempo seco ela encara muito bem.

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