quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Mucugê e arredores II

Pela manhã havia uma neblina baixa e úmida, que encobria todos os morros ao redor de Mucugê. Tive que esperar um pouco até que a umidade e o frio diminuíssem para poder sentar na moto e fazer mais uma excursão para explorar os arredores. Como o tempo não dava sinais de abrir, saí com frio, neblina e garoa, com camisa de manga comprida e casaco.




Primeiro, fui ao Poço Encantado. Depois de andar pela bela estrada que liga Mucugê a Andaraí, pega-se uma estrada secundária com asfalto precário e depois mais 4 km de terra. São ao todo cerca de 50 km, e mais uma vez gostei de não estar com a Bandit, pois com a XT nenhum tipo de estrada me amedronta.
Deixei a moto estacionada e desci uma grande escadaria até a entrada de uma gruta, que internamente abre-se em um grande salão, no centro do qual há um imenso lago de águas azuis a 22 ºC e  com profundidade de até 61 m. Um belo espetáculo da natureza, principalmente quando o sol se infiltra por uma fresta e lança seus raios sobre o lago, que se torna ainda mais azul. Esta condição do sol somente ocorre entre abril e setembro, devido à posição da Terra, mas mesmo sem o raio de sol incidindo na água, o espetáculo vale a pena. Entre 1980 e 1990 foi permitido o banho nas águas do lago, o que acabou sendo proibido, pois a gordura das pessoas ficava sobrenadando na água e tirava parte do seu esplendor.

                                          Poço encantado  


Saindo do Poço Encantado (após a extenuante subida da escada de acesso), peguei novamente a moto e andei mais 7 km, até a Lapa do Bode. Trata-se de uma caverna com muitas ramificações internas, um grande labirinto de galerias. As galerias são altas, podendo-se percorrê-las em pé, observando as diversas formações. Possui esse nome porque seu primeiro explorador (Sinaldo, que foi o meu guia) encontrou 3 ossadas de bodes em uma galeria e recolheu seus crânios, colocando-os sobre uma pedra dentro da própria gruta.
Caminha-se cerca de 500 m dentro da caverna, achei muito bacana e recomendo o passeio, que é suave até para idosos e crianças. Há muitas formações interessantes em seu interior, porém a caverna não possui nenhuma estrutura turística (iluminação, sinalização e outras), sendo percorrida juntamente com um guia e utilizando-se lampiões (seriam lampeões?) e lanternas.

                                         Toca do bode - entrada da caverna

                                          Cabeças de bode encontradas na gruta

                                          Estalactite gigante

Com que se parece essa formação?

E essa?



Retornei a Mucugê após ter rodado 120 km de moto, ainda a tempo de pegar o almoço no restaurante Dona Nena, onde a comida é servida na própria cozinha, de dentro das panelas, É minha terceira refeição lá, come-se bem e paga-se um preço justo.
À tarde decidi voltar ao cemitério da cidade, em estilo bizantino. É uma coisa ímpar, e merece uma visita com olhar mais apurado. Ninguém na cidade soube me informar a razão da construção de um cemitério em estilo tão exótico, mas prometo que vou pesquisar.
Cemitério bizantino



Fiz um verdadeiro mini-ensaio fotográfico tendo como objeto o cemitério. Andei por seus corredores entre túmulos e jazigos, subi e desci e fotografei bastante.



Não satisfeito, ao terminar minha "visita", decidi subir o morro atrás do cemitério, conhecido como "cruzeirão". É uma subida pelas pedras, em ângulo muito acentuado, quase vertical. Deu para cansar, mas a vista lá de cima compensou: vislumbra-se toda a cidade de Mucugê, o que nos auxilia a entender sua geografia e seu traçado viário.
                                          Subindo o morro do cruzeirão, atrás do cemitério
                                         
                                          Mucugê vista do morro

Ao descer, tomei mais uma salada de frutas com sorvete, aliás, lembro-me que quando estive em Alto Paraíso, na Chapada dos Veadeiros, tomava até 3 destes por dia. Aqui tomei apenas 2!


Ainda existem lugares com pessoas corretas e respeitadoras. Esqueci meu capacete Shark sobre o banco da moto quando cheguei do Poço Encantado e Toca do Bode. Fui almoçar, voltei à pousada e saí duas vezes; depois fui ao cemitério e ao morro, e quando retornava novamente à pousada saboreando minha salada de frutas com sorvete, notei o capacete (a moto fica na rua) sobre o banco. Simplesmente o recolhi e levei para o quarto. Se as coisas fossem sempre assim, o mundo seria muito melhor! Ele passou umas 4 horas sobre o banco da moto, solto, e nada aconteceu!

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