Pela manhã estava bem frio, tive que esperar para sair às ruas, pois não houvera levado agasalho ou roupa para tempo frio. Dormi bem, sob uma temperatura agradável (16 ºC).
Tomei café, olhei e-mails e saldo bancário e me lancei para fora da pousada. A moto estava toda molhada, choveu à noite e nem vi! O clima ameno se deve à altitude do lugar, que é de 964 msnm, aliada a um vento constante, que, sob o sol inclemente suaviza a sensação de calor, e à noite nos faz sentir frio.
O dia apresentava-se totalmente encoberto, com eventual garoa de tempos em tempos. Não fazia calor. algum.
Com a moto, fui até o Museu do Garimpo, construído dentro de uma gruta que serviu de moradia a garimpeiros no século XIX. Fiquei conhecendo os processos de extração e lapidação dos diamantes, bem como suas principais características, como cor e pureza. Sou totalmente leigo no assunto.
Museu do Garimpo - Casa dos diamantes
Do museu, fui para o Projeto Sempre Viva, onde conheci a história do garimpo de diamantes na região da chapada. A partir do centro de visitantes do projeto Sempre Viva, peguei uma trilha de 3 km (ida e volta) que leva a 2 cachoeiras, Piabinhas e Tibertino.
Cachoeira Piabinhas
A primeira, no rio Mucugê, quase não tem água, mas a quantidade de pedras e a largura do leito do rio impressionam. A cachoeira do Tibertino (rio Cumbuca) deve ser bonita se houver água no rio, pois ocorre em uma formação tipo canion. O volume de água nas 2 cachoeiras é tão pequeno, que posso afirmar com certeza que o rio Comprido, pequeno curso de água que atravessa o bairro onde moro, no Rio, apresenta maior volume! Junto à cachoeira do Tiburtino, há ruínas de casas utilizadas pelos garimpeiros na época da extração de diamantes.
Cachoeira Tibertino
A trilha passa por uma casa típica de garimpeiros (restaurada), mostrando as instalações rudimentares utilizadas por eles na época, e também as ferramentas e vestimentas utilizadas.
Retornando a Mucugê, visitei o cemitério da cidade, em estilo bizantino, uma curiosa construção sob um morro de pedras.
Cemitério Bizantino - Mucugê
Por volta das 15:00 h as nuvens dissiparam-se um pouco, mostrando nesgas de céu azul e a cara do sol. Aproveitei para pegar a moto e ir conhecer Igatu, um povoado que é um distrito de Andaraí.
A estrada entre Mucugê e Igatu já justifica o passeio. São 16 km de asfalto e 6 de terra. O trecho asfaltado é estreito e sinuoso, mas muito belo. Vai contornando morros pelo alto da chapada, descortinando uma vista das planícies e vales abaixo e montanhas ao longe, formando uma moldura diferente e muito harmônica.
A caminho de Igatu
O trecho de terra, é terrível. Começa bem, com barro batido e pedras soltas por cima. Na maioria do percurso a largura não permite o cruzamento de 2 carros. Qualquer tipo de caminhão é proibido, mesmo porque não conseguiriam passar. Há trechos com areião, e nas rampas e curvas acentuadas há calçamento tipo de pé de moleque, do contrário os carros perderiam tração. A descida para chegar a Igatu é extremamente íngreme, sendo toda calçada com pés de moleque para que os veículos possam trafegar. É necessário andar em 1ª marcha o tempo todo, e, ainda assim, freando. Se eu estivesse com a Bandit passaria aperto, creio que não escaparia de um tombo. Foi tranquilo passar com a XT 660R, pois é a moto adequada a este tipo de terreno.
Subida final para Igatu
Em Igatu, a grande surpresa: é um povoado ainda mais legal que Mucugê. Casario preservado, lojinhas e pousadas transadas e um clima de tranquilidade e, ao mesmo tempo, de alto astral. Apaixonei-me pelo local.
Andei pelas ruas e fui até uma região onde existem muitas casas, todas construídas em pedra, em ruínas. Pertenciam aos antigos garimpeiros, que, com o fim da exploração dos diamantes, as abandonaram e partiram para outras bandas. Uma espécie de Machu Pichu tupiniquim, guardadas as devidas proporções!
Não vou me alongar mais, porém fica o registro de quão interessante é este lugar de acesso difícil e esquecido do mundo, mas que merece ser visitado.
Seguem algumas imagens de Igatu.
Na volta, tive que vencer a ladeira, desta vez subindo, e, mais uma vez, dei graças aos céus por não estar com a Bandit, e sim com a moto certa para a situação. Teria sido difícil e estressante subir com a Bandit, e com a XT venci numa boa, sem medo de tombos. ou sustos.Se por acaso chover, nem de XT!!
"Estrada"