Dia 21 – 30 de março de 2020 – segunda-feira
Ontem à noite, em pronunciamento
nacional pela TV, o presidente da Argentina anunciou a extensão da quarentena
por mais 15 dias, ou seja, até o dia 13 de abril de 2020, dia seguinte ao
domingo de Páscoa. Isto significa que terei que ficar retido dentro de casa na
Argentina, sem poder retornar ao Brasil antes de tal data. Esta notícia foi uma
ducha de água fria nos meus planos, pois pretendia retornar no dia 1º de abril.
As medidas por aqui estão muito duras para quem desobedece à ordem de não sair
de casa, sem contar que todas as estradas e cidades têm bloqueios que impedem a
circulação de veículos e pessoas não autorizadas.
Graças a Deus o Oscar entendeu a
situação e voltou a dizer que devo ficar na segurança de sua casa até que a
situação se normalize. Amigos e familiares do Brasil estão dizendo que estou
mais seguro aqui do que por lá (no Brasil), acho que têm razão. O problema é a
angústia e ansiedade de estar longe e não poder voltar, sinto-me impotente face
ao problema do vírus que se dissemina e que mata principalmente as pessoas com
mais de 60 anos. Eu até arriscaria seguir viagem e sair da Argentina, se me
fosse permitido. A pergunta é: o que encontrarei no Brasil?
Assim, mesmo desalentado, preparei-me
psicologicamente para mais 15 dias de retenção (ou seria detenção?).
A namorada do Oscar (Vanessa) veio
jantar aqui ontem, preparou empanadas na hora e trouxe sobremesa, uma torta de
limão. Comemos também uma pizza preparada em casa. Desde que ingressei na
Argentina, é a primeira vez que como uma sobremesa! Vanessa vai tentar comprar
os remédios que tomo, alguns deles necessitam de receita, mas ela crê que consegue
obtê-los. Meu estoque é suficiente para mais 5 dias.
Hoje iniciamos a pintura da
cozinha. Apliquei selador nas paredes. Disseram que amanhã a loja de tintas
abrirá, o Oscar comprará as tintas necessárias e pintarei a cozinha. Entre tarefas
na casa e no quintal, vou ocupando o meu tempo e ajudando o Oscar a fazer
coisas que precisam ser feitas na casa, que está em obras há anos.É o mínimo que posso fazer.
O calor no Chaco é muito forte,
mesmo durante a noite, é sufocante. Os mosquitos não me deixam dormir, mas não
posso reclamar, ficar ao relento, retido em alguma barreira policial seria bem
pior. Há grupos de motociclistas retidos nas fronteiras e em vários pontos do
país, sem que se chegue a uma solução que permita cruzarem a Argentina e
chegarem a alguma fronteira com o Brasil. O decreto federal que instituiu a quarentena
não permite a circulação. Dei muita sorte de haver conseguido chegar até aqui e de ter encontrado abrigo seguro e amigo.
Mais um por-do-sol atrás das grades do portão
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