6º, 7º e 8º dias da viagem
6º dia – terça feira, 14 de maio de 2019
Partimos de Foz do Iguaçu às 7:30 h; passamos pelo posto de
fronteira e às 8:00 h já estávamos rodando na Argentina. Temperatura de 13
graus e a ruta 12 agradável e em bom estado.
Ruta 12
Após 300 km, passamos pelo contorno de Posadas e seguimos em frente, com
intenção de abastecer em Ituzaingó. Neste trecho há cerca de 150 km sem postos
de abastecimento, local para almoçar ou mesmo fazer um lanche. A 70 km antes de
Ituzaingó, um motociclista brasileiro que vinha em sentido contrário
abordou-nos na estrada e avisou-nos que não havia gasolina em Ituzaingó: nem no
posto da ruta 12, nem dento da cidade. Compramos 3 litros de gasolina em um quiosque
de beira de estrada (a peso de ouro) e mantivemos velocidade baixa para
economizar o precioso combustível.
Ao chegar em Ituzaingó, constatamos que realmente não havia
combustível na cidade. Almoçamos no posto e nos preparamos para seguir até a
próxima cidade, Ita Ibaté, para tentar abastecer.
Neste momento, conhecemos um motociclista brasileiro que
viajava sozinho em uma Ténéré 250, que estava com a gasolina no final. Fomos
juntos até Ita Ibaté, em baixa velocidade para que não ficássemos na estrada, o
que seria catastrófico. Conseguimos chegar, havia combustível, mas esta redução
de velocidade nos atrasou bastante, vínhamos em um bom ritmo até então. O
motociclista chamava-se Eduardo, era de São Vicente (SP) e seguia para o mesmo
destino que nós, porém não tinha qualquer experiência em viagens pela América
do Sul. Nós o convidamos a seguir conosco, e passamos a ser 3 pessoas em duas
motos na mesma expedição.
Abastecimento em Ituzaingó, já com o Eduardo incorporado à expedição
Seguimos em frente mantendo a velocidade de cruzeiro da
pequena Ténéré; atravessamos Corrientes ao por do sol, cruzamos o rio Paraná
pela ponte Gral. Belgrano, deixamos Resistência para trás e ingressamos no
Chaco, na ruta 16, à noite. Os primeiros quilômetros da ruta 16 são duplicados,
foi relativamente fácil percorrê-los sem a luz do sol; quando a pista ficou
simples, com muitos veículos vindo em sentido contrário com faróis altos, ficou
bem mais difícil, tenso, cansativo e perigoso, principalmente depois de um dia
inteiro na estrada. Pretendíamos pernoitar em Quitilipi, mas estava tenso e
perigoso viajar à noite. Paramos em Machagai, 20 km antes de Quitilipi, em um
hotel onde eu houvera pernoitado na viagem anterior. Já eram 21 h, jantamos no
restaurante do hotel e desmaiamos de cansaço, após 760 km rodados durante 13
horas!
Café da manhã no hotel em Machagai7º dia – quarta-feira, 15 de maio de 2019
Após uma noite de sono reparador e um café da manhã simples
no hotel, voltamos à ruta 16, que é uma reta de 707 quilômetros. Pegamos um
pouco de nevoeiro no início, que foi se dissipando com a elevação da
temperatura. A estrada é monótona e chata, mas precisava ser percorrida. Após
Monte Quemado há um trecho de 50 km em péssimo estado, com crateras que tomam
toda a pista, acostamento destruído, buracos de todos os tipos e até algums
trechos de terra solta, sem asfalto. Foi cansativo percorrê-lo, levou mais de 1
hora, mas vencemos! Almoçamos em El Quebrachal e seguimos.
Saindo do hotel em Machagai, pela manhã, na ruta 16 (Chaco)
Final da ruta 16 - entroncamento com a ruta 34
Ao final da ruta 16,
entramos na ruta 34, que percorremos durante 150 km até o acesso a San Salvador
de Jujuy, onde ingressamos em uma estrada duplicada em ótimo estado. Chegamos
em San Salvador de Jujuy ao anoitecer; hospedamo-nos no hotel onde fiquei nas
últimas viagens, que tem uma ótima relação custo benefício: pagamos 1.650 AR$
por um quarto triplo (40 US$), com direito a café da manhã.
Hotel em Jujuy
Saímos todos para jantar, compramos folhas de coca para a
altitude e, ao retornar ao hotel, eu e Eduardo ainda levamos as motos para
abastecer, pois queríamos partir cedo no dia seguinte e não perder tempo. Fazia
8 graus em Jujuy, uma cidade movimentada e bonita. Este dia, passado em sua
maioria na ruta 16, região do Chaco, foi cansativo devido à monotonia da
estrada e à baixa velocidade que tivemos que andar para acompanhar a Tènèrè
250. Mas tudo está transcorrendo bem, vamos manter este ritmo e curtir o que
deve ser curtido. O dia de amanhã será o mais difícil, devido às grandes
altitudes e baixas temperaturas que teremos que enfrentar.
8º dia – quinta-feira, 16 de maio de 2019
Este dia exigiu muito de nós!
Ao partir de Jujuy a temperatura era 8 ºC. Fomos sem pressa,
apreciando as belezas do início da Quebrada de Humahuaca, com suas montanhas,
cactos gigantes e toda a natureza exótica ao redor. Ingressamos na RP 52, que
leva ao Paso de Jama; passamos por Purmamarca e iniciamos a subida da Cuesta de
Lipán, um espetáculo indescritível, que ainda me emociona, mesmo sendo a 8ª vez
que subo esta montanha. Chegamos aos 4.180 m de altitude e descemos até os
3.600 m, chegando ao Salar Salinas Grandes, onde paramos e conhecemos
motociclistas vindos do Brasil: 2 de Sorocaba e 5 de Curitiba, estes últimos
somente em motos BMW.
Quebrada de HumahuacaIniciando a subida da Cuesta de Lipán
A incrível Cuesta de Lipán
No topo!
Tiramos fotos e seguimos em frente, no meio de paisagens
extraordinárias, chegando a Susques, onde abastecemos e fizemos um lanche,
juntamente com os 7 motociclistas que conhecêramos no Salar e que também se
dirigiam a San Pedro de Atacama. Susques é um pequeno povoado localizado a
3.600 m de altitude, local que atinge baixíssimas temperaturas à noite e
durante a madrugada, muitas vezes abaixo dos 20 graus negativos. Nesta manhã,
às 7 h, fazia 12 graus negativos.
Salar Salinas GrandesAbastecimento em Susques
Ao sair de Susques eu estava com a cabeça estourando de dor,
além de uma sensação de enjôo, apesar de haver mascado folhas de coca. Seguimos
viagem e eu achava que não conseguiria chegar ao Paso de Jama (4600 msnm), onde
se situam a fronteira e as instalações alfandegárias e de migração de Argentina
e Chile. Estava sonolento, com dor de cabeça e tonto, mas precisava prosseguir.
Chegamos ao Paso de Jama e constatei que o Eduardo estava em pior estado do que
eu. Após os trâmites alfandegários, ele precisou receber oxigênio para poder
prosseguir viagem, estava mal e muito pálido. Enquanto aguardávamos sua
recuperação masquei mais algumas folhas de coca e fiquei bem, passou a dor de
cabeça e eu estava pronto pra enfrentar o trecho mais frio e mais alto, em
torno dos 5.000 m de altitude.
Após o Paso de Jama, já em território chileno, sobe-se em
pouco mais, a paisagem muda um pouco, surgem picos nevados, mais um salar,
grandes lagunas altiplânicas e o vento vem com vontade. Fica mais frio (chegou
ao mínimo de 4,5 graus), mas não pudemos usufruir muito das belezas radicais e
das paisagens incríveis devido ao vento intenso e ao fato de o Eduardo não
estar bem, o que limitou muito as paradas que faríamos para fotografar e
apreciar as maravilhas que nos circundavam.
Iniciamos a descida de 47 km ao lado do Vulcão Licancabur e
ao final chegamos a San Pedro de Atacama.
Eu e Tiago tínhamos hotel reservado e
o Eduardo conseguiu acomodação em um Hostal próximo a nós. Tomamos banho e
saímos para trocar dinheiro e para jantar. A cidade continua charmosa, gostosa
e muito agradável. Encontramos alguns dos motociclistas que conhecemos na
estrada e trocamos contatos.
Nosso hostel, em San Pedro - simples, limpo e agradável
Foi um dia extenuante, bastante cansativo para todos. Esta
travessia não é fácil para motos, e não admite erros, imprevistos ou
improvisos, mas vale cada quilômetro rodado. Eu faria de novo!!!
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