sexta-feira, 17 de maio de 2019

Atacama 2019 - Foz do Iguaçu a San Pedro de Atacama


6º, 7º e 8º dias da viagem

6º dia – terça feira, 14 de maio de 2019
Partimos de Foz do Iguaçu às 7:30 h; passamos pelo posto de fronteira e às 8:00 h já estávamos rodando na Argentina. Temperatura de 13 graus e a ruta 12 agradável e em bom estado.  

                                    Ruta 12
Após 300 km, passamos pelo contorno de Posadas e seguimos em frente, com intenção de abastecer em Ituzaingó. Neste trecho há cerca de 150 km sem postos de abastecimento, local para almoçar ou mesmo fazer um lanche. A 70 km antes de Ituzaingó, um motociclista brasileiro que vinha em sentido contrário abordou-nos na estrada e avisou-nos que não havia gasolina em Ituzaingó: nem no posto da ruta 12, nem dento da cidade. Compramos 3 litros de gasolina em um quiosque de beira de estrada (a peso de ouro) e mantivemos velocidade baixa para economizar o precioso combustível.
Ao chegar em Ituzaingó, constatamos que realmente não havia combustível na cidade. Almoçamos no posto e nos preparamos para seguir até a próxima cidade, Ita Ibaté, para tentar abastecer.
Neste momento, conhecemos um motociclista brasileiro que viajava sozinho em uma Ténéré 250, que estava com a gasolina no final. Fomos juntos até Ita Ibaté, em baixa velocidade para que não ficássemos na estrada, o que seria catastrófico. Conseguimos chegar, havia combustível, mas esta redução de velocidade nos atrasou bastante, vínhamos em um bom ritmo até então. O motociclista chamava-se Eduardo, era de São Vicente (SP) e seguia para o mesmo destino que nós, porém não tinha qualquer experiência em viagens pela América do Sul. Nós o convidamos a seguir conosco, e passamos a ser 3 pessoas em duas motos na mesma expedição.
                                 Abastecimento em Ituzaingó, já com o Eduardo incorporado à expedição
Seguimos em frente mantendo a velocidade de cruzeiro da pequena Ténéré; atravessamos Corrientes ao por do sol, cruzamos o rio Paraná pela ponte Gral. Belgrano, deixamos Resistência para trás e ingressamos no Chaco, na ruta 16, à noite. Os primeiros quilômetros da ruta 16 são duplicados, foi relativamente fácil percorrê-los sem a luz do sol; quando a pista ficou simples, com muitos veículos vindo em sentido contrário com faróis altos, ficou bem mais difícil, tenso, cansativo e perigoso, principalmente depois de um dia inteiro na estrada. Pretendíamos pernoitar em Quitilipi, mas estava tenso e perigoso viajar à noite. Paramos em Machagai, 20 km antes de Quitilipi, em um hotel onde eu houvera pernoitado na viagem anterior. Já eram 21 h, jantamos no restaurante do hotel e desmaiamos de cansaço, após 760 km rodados durante 13 horas!
                                  Café da manhã no hotel em Machagai

7º dia – quarta-feira, 15 de maio de 2019
Após uma noite de sono reparador e um café da manhã simples no hotel, voltamos à ruta 16, que é uma reta de 707 quilômetros. Pegamos um pouco de nevoeiro no início, que foi se dissipando com a elevação da temperatura. A estrada é monótona e chata, mas precisava ser percorrida. Após Monte Quemado há um trecho de 50 km em péssimo estado, com crateras que tomam toda a pista, acostamento destruído, buracos de todos os tipos e até algums trechos de terra solta, sem asfalto. Foi cansativo percorrê-lo, levou mais de 1 hora, mas vencemos! Almoçamos em El Quebrachal e seguimos. 
                                  Saindo do hotel em Machagai, pela manhã, na ruta 16 (Chaco)

                                 Final da ruta 16 - entroncamento com a ruta 34
Ao final da ruta 16, entramos na ruta 34, que percorremos durante 150 km até o acesso a San Salvador de Jujuy, onde ingressamos em uma estrada duplicada em ótimo estado. Chegamos em San Salvador de Jujuy ao anoitecer; hospedamo-nos no hotel onde fiquei nas últimas viagens, que tem uma ótima relação custo benefício: pagamos 1.650 AR$ por um quarto triplo (40 US$), com direito a café da manhã.
                                           Hotel em Jujuy
Saímos todos para jantar, compramos folhas de coca para a altitude e, ao retornar ao hotel, eu e Eduardo ainda levamos as motos para abastecer, pois queríamos partir cedo no dia seguinte e não perder tempo. Fazia 8 graus em Jujuy, uma cidade movimentada e bonita. Este dia, passado em sua maioria na ruta 16, região do Chaco, foi cansativo devido à monotonia da estrada e à baixa velocidade que tivemos que andar para acompanhar a Tènèrè 250. Mas tudo está transcorrendo bem, vamos manter este ritmo e curtir o que deve ser curtido. O dia de amanhã será o mais difícil, devido às grandes altitudes e baixas temperaturas que teremos que enfrentar.

8º dia – quinta-feira, 16 de maio de 2019
Este dia exigiu muito de nós!
Ao partir de Jujuy a temperatura era 8 ºC. Fomos sem pressa, apreciando as belezas do início da Quebrada de Humahuaca, com suas montanhas, cactos gigantes e toda a natureza exótica ao redor. Ingressamos na RP 52, que leva ao Paso de Jama; passamos por Purmamarca e iniciamos a subida da Cuesta de Lipán, um espetáculo indescritível, que ainda me emociona, mesmo sendo a 8ª vez que subo esta montanha. Chegamos aos 4.180 m de altitude e descemos até os 3.600 m, chegando ao Salar Salinas Grandes, onde paramos e conhecemos motociclistas vindos do Brasil: 2 de Sorocaba e 5 de Curitiba, estes últimos somente em motos BMW. 
                                 Quebrada de Humahuaca
                                Iniciando a subida da Cuesta de Lipán
                                   A incrível Cuesta de Lipán



                                 No topo!

Tiramos fotos e seguimos em frente, no meio de paisagens extraordinárias, chegando a Susques, onde abastecemos e fizemos um lanche, juntamente com os 7 motociclistas que conhecêramos no Salar e que também se dirigiam a San Pedro de Atacama. Susques é um pequeno povoado localizado a 3.600 m de altitude, local que atinge baixíssimas temperaturas à noite e durante a madrugada, muitas vezes abaixo dos 20 graus negativos. Nesta manhã, às 7 h, fazia 12 graus negativos.
                                  Salar Salinas Grandes


                                 Abastecimento em Susques

Ao sair de Susques eu estava com a cabeça estourando de dor, além de uma sensação de enjôo, apesar de haver mascado folhas de coca. Seguimos viagem e eu achava que não conseguiria chegar ao Paso de Jama (4600 msnm), onde se situam a fronteira e as instalações alfandegárias e de migração de Argentina e Chile. Estava sonolento, com dor de cabeça e tonto, mas precisava prosseguir. Chegamos ao Paso de Jama e constatei que o Eduardo estava em pior estado do que eu. Após os trâmites alfandegários, ele precisou receber oxigênio para poder prosseguir viagem, estava mal e muito pálido. Enquanto aguardávamos sua recuperação masquei mais algumas folhas de coca e fiquei bem, passou a dor de cabeça e eu estava pronto pra enfrentar o trecho mais frio e mais alto, em torno dos 5.000 m de altitude.
Após o Paso de Jama, já em território chileno, sobe-se em pouco mais, a paisagem muda um pouco, surgem picos nevados, mais um salar, grandes lagunas altiplânicas e o vento vem com vontade. Fica mais frio (chegou ao mínimo de 4,5 graus), mas não pudemos usufruir muito das belezas radicais e das paisagens incríveis devido ao vento intenso e ao fato de o Eduardo não estar bem, o que limitou muito as paradas que faríamos para fotografar e apreciar as maravilhas que nos circundavam.
Iniciamos a descida de 47 km ao lado do Vulcão Licancabur e ao final chegamos a San Pedro de Atacama. 











Eu e Tiago tínhamos hotel reservado e o Eduardo conseguiu acomodação em um Hostal próximo a nós. Tomamos banho e saímos para trocar dinheiro e para jantar. A cidade continua charmosa, gostosa e muito agradável. Encontramos alguns dos motociclistas que conhecemos na estrada e trocamos contatos.
                                            Nosso hostel, em San Pedro - simples, limpo e agradável

Foi um dia extenuante, bastante cansativo para todos. Esta travessia não é fácil para motos, e não admite erros, imprevistos ou improvisos, mas vale cada quilômetro rodado. Eu faria de novo!!!

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