enlameada
13º dia – terça-feira, 21 de maio de 2019
Hora de iniciar o retorno. Acordamos cedo, arrumamos toda a
bagagem, tomamos o café da manhã e sentamos na moto. A temperatura era de 1,5
ºC na hora em que saímos de San Pedro de Atacama.
Vencemos a longa subida de 47
km que ladeia o vulcão Licancabur e a temperatura caiu para zero graus, assim
permanecendo por horas. Fomos seguindo em meio às incríveis e indescritíveis
paisagens até o Paso de Jama, onde fizemos os trâmites burocráticos e
conhecemos 2 grupos de motociclistas que viajavam de BMW seguindo um guia,
também de BMW, obviamente. Um dos grupos era composto de marido e mulher, cada
qual em uma BMW 1200, que logo abandonariam o grupo maior. Conversamos e
trocamos impressões e experiências.
Após o Paso de Jama, já na Argentina, a temperatura subiu,
mas não ultrapassou os 5 graus Celsius. Seguimos em boa velocidade, passamos
pelo salar Salinas Grandes e descemos a Cuesta de Lipán devagar e com cuidado,
absorvendo a grandiosidade da cordilheira. Após Purmamarca andamos mais rápido,
passamos por S. Salvador de Jujuy e a chuva caiu forte; colocamos as capas e
decidimos ir mais adiante, parando para dormir em Gral. Guemes, uma cidade
pequena sem qualquer atrativo às margens da RN 34 , mas já estava escurecendo e
precisávamos parar, ainda mais que a chuva tornava a estrada mais perigosa e
reduzia a visibilidade.
Susques: lanche no Pastos Chicos
Achamos um hotel simples por R$75,00 (Ar$750,00) para os
dois, e ficamos por lá. Sentimos frio à noite, fato atribuído às colchas finas
que foram usadas como cobertor em ambas as camas, as quais não foram suficientes
para aquecer.
Hotel meia-boca em Gral. Guemes
14º dia – quarta-feira, 22 de maio de 2019
O desafio de hoje seria vencer o Chaco e a monótona ruta 16,
uma reta de 707 km que atravessa uma região rude, rústica e quase desabitada.
Foi o dia em que sentimos mais frio, ironicamente na travessia do Chaco, onde
as temperaturas no verão chegam a 46 graus.
Já partimos de Gral Guemes com chuva. Achei que o frio havia
ficado para trás; a temperatura manteve-se em 11 graus com chuva fina o dia
todo, e acabamos sentido frio durante os 793 km que percorremos até chegar em
Corrientes à noite.
Iniciando a Ruta 16
Trecho de 50 km esburacados na ruta 16
O Chaco
O grupo de BMW que conhecemos no Paso de Jama encontrou-nos
em uma parada, e todos reclamaram do frio que estavam sentido. Foi uma viagem
cansativa, o Chaco sempre cansa, ainda mais com frio, chuva e adentrando a
noite.
Pernoitamos em Corrientes, depois de jantar uma deliciosa
carne argentina.
15º dia – quinta-feira, 23 de maio de 2019
Saímos de Corrientes sob chuva, com capa. Com muito cuidado,
devido às pistas e ruas molhadas e escorregadias, enfrentamos o trânsito,
cruzamos a cidade e ingressamos na ruta 12, que leva a Puerto Iguazu, na
fronteira com o Brasil
Havíamos andado apenas 35 km quando encontramos a estrada
fechada por policiais, devido à interdição de uma ponte adiante. Tivemos que
fazer um desvio de 210 km para avançar cerca de 90 km, o que nos atrasou
bastante, além da chuva que não nos deixou em paz. Parte de uma das estradas do
desvio estava bastante estragada devido
ao inesperado trânsito de caminhões, o que exigiu cuidado e velocidade
moderada. Retornamos à ruta 12 antes de Ituzaingó, percorremos 50 km e paramos
para abastecer e almoçar no mesmo posto onde na ida conhecemos o Eduardo. Mais
uma vez o grupo de BMW chegou um pouco depois de nós.
Viseira enlameada!
Desvio com trecho esburacado
Lama na ruta 12, província de Misiones, chegou a fechar os faróis!
Seguimos pela ruta 12 com chuva e muita lama, ficamos
cobertos pela lama vermelha do local. As viseiras dos capacetes, os faróis e a
bolha frontal da moto, ficaram totalmente cobertos e opacos pela odiosa lama.
Tivemos que parar para lavar as viseiras e os faróis.
Chegamos à fronteira às 17:30 h e às 18 h estávamos entrando
no hotel onde passaríamos a noite. Foram 665 km sob chuva praticamente o tempo
todo, mas fizemos uma boa viagem e agora estamos de volta ao Brasil!
16º dia – sexta-feira, 24 de maio de 2019
Conseguimos sair de Foz do Iguaçu às 8 h, com temperatura de
13,5 graus, que se manteve por todo o dia. Rodar pelas estradas do Brasil,
decididamente é o inferno na terra. Estradas cheias de caminhões, muitos
carros, quebra-molas, pardais em excesso e sem propósito, semáforos nas
rodovias (??!!!), traçados ruins, pedágios demais (e caros!), polícia
rodoviária, rotatórias e outras cosas que vão atrasando a viagem.
Passamos por Cascavel, almoçamos em Juranda e fizemos poucas
paradas para abastecer ou tomar café. Optamos por retornar pelo norte do
Paraná, muda-se de estrada diversas vezes e cruza-se muitas cidades, o que vai
diminuindo a velocidade média.
Anoiteceu quando passávamos por Ourinhos, mas decidimos
seguir em frente até a Rodovia Castello Branco. A 10 km da Castelo, mudamos os
planos: resolvemos voltar 20 km e pernoitar em Santa Cruz do Rio Pardo, uma
tranqüila cidade do interior de São Paulo. Se fôssemos em direção à Castello Branco,
ainda rodaríamos no mínimo mais 100 km até encontrar local para dormir. Já
havíamos rodado um bom trecho no escuro, e como não enxergo nada bem à noite,
achamos melhor procurar um pouso mais próximo, e, assim, após uma pequena
procura, hospedamo-nos em Santa Cruz do Rio Pardo em um hotel legal. Jantamos
em um restaurante simples com comida gostosa, vizinho ao hotel.
Rodamos hoje mais de 11 horas e percorremos 730 km.