segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Rodando pela Serra da Mantiqueira - Bocaina de Minas

Passeios por regiões serranas são sempre agradáveis e interessantes. Como estou localizado em plena Serra do Mar e tendo como vizinha a imponente Serra da Mantiqueira, sempre há algo diferente para ver ou descobrir.

Desta vez, saí de Rio Claro com a Sahara em direção à Serra da Mantiqueira, tendo a intenção de fazer um pequeno tour de um dia, sem pernoite. Percorri a RJ-155 até Barra Mansa, depois a Dutra (BR-116) até Resende e ingressei na RJ-161, que leva até a divisa de estados RJ/MG. 



A RJ-161 corta prados e várzeas, acompanha rios e corre entre morros, apresentando um visual agradável e repousante, com muitas curvas e asfalto razoável até a localidade de Pedra Selada, um povoado bem cuidado que parece ter sido esquecido pelo mundo, onde a luz elétrica chegou somente na década de 80. Neste povoado, também conhecido como Várzea Grande, seu antigo nome,  entrei em um bar e comprei um pastel, que comi sentado na bucólica praça, onde reina absoluta e imponente uma igrejinha.

Após Pedra Selada o asfalto acaba, e se inicia uma subida de serra íngreme, com curvas fechadas e piso todo forrado com escória, com muitas pedras soltas, o que deixava o leito da estrada  extremamente escorregadio e derrapante. Nas curvas mais fechadas em aclive a moto "patinava" nos pedriscos e a roda traseira dançava, mas a incrível Sahara venceu o trecho  árduo com uma competência invejável, uma big trail jamais faria melhor! 





Após a subida da serra, passa-se pelo povoado de Bagagem, e, logo adiante, ingressa-se no estado de MG, após atravessar o Rio Preto em uma ponte improvisada sem qualquer proteção lateral. A estrada piora bastante, não há mais escória no leito, que passa a ser de terra batida com pedras soltas e inúmeros buracos e crateras, exigindo cuidado. Havia chovido na véspera, e grande parte dos buracos estava com água e lama. Continuou o sobe-e-desce na estrada ruim até a cidade de Bocaina de Minas, situada a 1.300 m de altitude, que escolhi como destino final.



                                   Igrejinha na estrada, na divisa RJ/MG


Almocei em um restaurante de comida caseira em Bocaina de Minas; tinha a intenção de voltar por Liberdade, Bom Jardim de Minas, Santa Rita de Jacutinga e Amparo, pois as estradas são asfaltadas; o trecho em terra a partir de Pedra Selada havia me desgastado! O caminho escolhido para a volta acrescentaria quase 100 km ao percurso até Rio Claro em relação à ida. O dono do restaurante me convenceu a voltar pelo mesmo caminho que eu fizera até ali, bem mais curto (e mais sofrido!). Eu houvera levado quase 4 horas para chegar até ali, incluindo muitas paradas para observar e fotografar, e não queria levar mais tempo do que isto para a volta.

                          


Um detalhe: a trepidação da moto fez com que o cartão de memória saísse de sua posição na câmera, e todas as fotos que tirei não foram gravadas, descobri isso na hora de voltar! Não tinha sequer uma foto!

Bem, encarei o mesmo caminho para voltar, com cuidado, mas andando mais rápido. Quando comecei a descer a terrível serra com pedras soltas, começou a chuviscar e eu não havia levado roupa de chuva! O que era barro virou lama e o que era escória virou uma massa cinzenta! Desnecessário dizer que tudo ficou mais escorregadio! Após a serra a chuva diminuiu, mas voltou com vontade, em forma de um imenso temporal, após eu passar por Pedra Selada. Pouca visibilidade, muita água caindo e alagando as pistas, mas fui seguindo, achando que nada poderia ser pior; engano, pois chegou um vento muito forte em rajadas que me jogava para um lado e outro da estrada!



Cheguei à Dutra, onde a chuva ficou mais fraca; após uma rápida parada, todo encharcado, para tomar Ovomaltine, continuei minha jornada até chegar ao meu refúgio em Rio Claro, às 16 h.

Foi um passeio cansativo, mas delicioso! Conheci estradas, locais novos e tive um ótimo dia sobre uma moto! Faria de novo! Foram 240 km rodados e 8 horas intensas de passeio. A Sahara, mais uma vez me surpreendeu, pela maneira como encarou as pistas de velocidade, as curvas, as estradas sem asfalto, a serra travada e derrapante, o trecho em terra esburacado, a forte chuva e tudo o que encontrei pela frente. Foi um bom projeto da Honda, é adequada às diversas condições de estradas que encontramos em países de terceiro mundo!

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