Dia 30 – 9 de abril de 2020 –
quinta-feira
Os dias passam lentos e as
notícias aqui na Argentina são sempre as mesmas sobre o Corona Vírus: número de
casos, número de mortes, detenções e multas por desrespeitar a quarentena,
bloqueios nas cidades e estradas, novas medidas restritivas e por aí vai. Já
houve mais de 1.200 notificações, carros e pessoas apreendidas, mas não se fala
no término da quarentena prevista para o próximo domingo de Páscoa, dia 12 de
abril. Em Buenos Aires e na sua região metropolitana, o prazo de restrição à
circulação foi estendido até 30 de abril. Em Presidência Roque Saenz Peña, onde
estou, agora é obrigatório o uso de máscaras por todas as pessoas e a circulação
está mais controlada e restrita. Após as 20 h não se pode mais sair de casa, a
nenhum pretexto.
Enquanto vou ajudando nas tarefas
rotineiras da casa e de obras (pintura, lixamento) vou me programando para
partir em direção a Foz do Iguaçu no próximo dia 13 de abril, a menos que algo
muito sério me impeça de ir. Já fiquei tempo demais por aqui, sinto-me
incomodando e roubando o espaço e a privacidade do Oscar, que tem tido tolerância
e paciência incríveis para que minha estada seja a melhor possível, mas
paciência tem limites, não quero abusar mais da sua generosidade e boa-vontade.
O tempo no Chaco alterna dias de
céu totalmente azul e sol brilhante com dias chuvosos de temperaturas mais
baixas. No momento, faz um dia lindo, com céu aberto, mas a temperatura está
bem amena, à noite baixa até os 10 graus e durante o dia não passa dos 22
graus. Como o sol arde forte e o ar é muito seco, as roupas lavadas secam em
pouquíssimo tempo, mas, em compensação, a pele racha e a sensação de secura é
grande.
Superlua no Chaco
Tenho tido notícias de grupos de
motociclistas retidos por toda a parte, cada um com seus problemas, tentando
retornar ao Brasil. O Oscar está fazendo contatos com autoridades de Roque
Saenz Peña sobre a possibilidade e riscos de uma viagem de retorno até Foz do
Iguaçu no dia 13 de abril. Vamos aguardar.
Dei-me conta de que hoje é o trigésimo dia que estou fora de
casa. Se tudo saísse conforme programado, já estaria de volta há alguns dias,
mas os acontecimentos inesperados, percalços e imprevistos trazem em seu bojo
experiências incríveis que nos marcam. Neste caso, nesta viagem interrompida,
não foi diferente: todas as dificuldades, angústias e incertezas trouxeram uma riqueza
não mensurável que nunca esquecerei, arriscaria dizer que será um divisor de
águas na minha percepção das pessoas e de seu potencial de fazer o bem, de se
incomodar com o próximo e de se dar generosamente sem querer coisa alguma em
troca. Não falo somente do Oscar, a quem jamais poderei retribuir tudo o que
fez, mas de outras pessoas com quem cruzei pelo caminho, pessoas simples,
policiais, frentistas, comerciantes e outros, que demonstraram através de suas
atitudes que ainda existem pessoas boas dispostas a ajudar quem precisa.
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