Estando em Rio Claro, costumo fazer alguns passeios pelas redondezas,
sempre há coisas novas a descobrir, apesar de eu frequentar o local desde que
nasci.
Há um caminho, que se inicia como uma servidão dentro da minha
propriedade, que leva ao sertão e a alguns currais e fazendas localizados no
alto das montanhas, e, seguindo-se este mesmo caminho é possível chegar-se ao
sertão dos Hortelãs e sertão do Prata, e, por conseguinte, atingir-se o povado
de Pouso Seco e a cidade de Bananal.
Este caminho, obviamente sem qualquer traço de pavimentação ou drenagem,
só era possível ser percorrido a cavalo ou em motos preparadas para trilhas
pesadas, inclusive com pneus especiais. Há algum tempo atrás, a prefeitura
local passou um trator pelo caminho, tornando possível passar com motos
"normais" ao longo de quase toda a sua extensão. Claro que motos tipo
custom, superesportivas ou grandes nakeds estão descartadas, devido ao seu peso
e à pequena altura do solo.
Assim, hoje pela manhã, peguei minha pequena e velhinha CG 125, com seus
pneus street, e me aventurei a subir a trilha até o local conhecido como Pedra
do Rastro. Achei que a moto não teria forças para vencer a forte inclinação,
mas ela me surpreendeu. Eu poderia ter ido além, talvez até o sertão do Prata,
14 km morro acima, mas achei prudente retornar, pois não sabia o que
encontraria pela frente, e qualquer emergência sozinho torna-se calamitosa, mas
é certo que voltarei ao local outro dia para percorrer todo o caminho.
A vista é muito bacana, e a imensidão verde do alto das montanhas me
agrada muito.
Apenas um momento triste: encontrei uma égua que acabara de cair de um
barranco morta na beira do caminho. A coisa aconteceu minutos antes da minha
passagem, pois ela ainda sangrava muito pelas narinas, e o sangue que corria
como um riacho ladeira abaixo sequer havia coagulado, e ainda pingava das
narinas da égua, que deve ter dado uma forte pancada com a cabeça ao cair, fraturando o crânio. Uma pena, mas nada havia
a fazer.
E assim desci o caminho que houvera vencido morro acima até chegar de
volta em casa, com a convicção de que voltarei brevemente ao local, apesar de
não ter intimidade com trilhas ou fora-de-estrada e de não ter a moto e as
vestimentas adequadas. Nem por isso deixo de conhecer as belezas da natureza
que se me apresentam!