Mais uma aventura-treino durante o carnaval 2012. Após tomar
um café na padaria em Rio Claro, segui com a Falcon em direção a Bananal (SP).
Na localidade de Pouso Seco inicia-se uma pequena estrada (se é que se pode
chamar aquilo de estrada), praticamente uma trilha, que leva ao Sertão dos
Hortelãs e ao Sertão do Prata. Essas localidades estão situadas a 1120 msnm, e
não são propriamente povoados: existem apenas algumas casas e propriedades
dispersas. É o nome da região.
No início a estrada, apesar de estreita, é razoável. De
terra, com cascalho e valetas, porém plana. Rios às suas margens e as grandes
montanhas ao fundo dão-lhe uma beleza rústica. Já se vislumbra a montanha que
deverá ser vencida para se alcançar o sertão dos Hortelãs.
Mostrando o caminho a percorrer para subir a montanha
Após a travessia de um riacho, inicia-se a subida,
tremendamente íngreme, com pedregulhos, valas, terra solta e muitas depressões
e lajes de pedra.
Parei para fotografar na subida. Na hora de sair, a roda
traseira da moto patinou e a moto andou de lado, caindo dentro de uma valeta na
estrada. Havia muita terra e pedras soltas, e eu não conseguia sair da valeta.
Pior: a cada tentativa, a roda simplesmente patinava e a moto andava de lado e recuava
em direção a uma canaleta na lateral do leito da estrada. Parei de tentar sair
dali sozinho, pois se eu caísse na tal canaleta, não teria mais como sair, isso
sem contar com a possibilidade de um tombo, pois a inclinação da estrada e a
moto atravessada não me permitiam colocar um dos pés no chão. Se eu inclinasse
para aquele lado, cairíamos, eu a moto, e rolaríamos estrada abaixo! Assim,
fiquei parado esperando que aparecesse alguém para me ajudar a sair daquela
situação. Esperei 40 min, até que surgiram 2 motoqueiros, que me ajudaram a
tirar a moto daquela posição. Posicionamos a moto corretamente na estrada e eu
pude continuar a terrível subida.
Ladeira íngreme
Ainda subi muito, e o caminho foi piorando. Se eu parasse ou
perdesse velocidade, cairia ou não conseguiria ir adiante.
Imaginei se estivesse nos altiplanos bolivianos e me
acontecesse algo parecido: sozinho, a mais de 4.000 msnm, com pouco oxigênio,
temperatura de -10 °C, penhascos e a possibilidade de chuva ou neve. Se não
houvesse um auxílio rápido, o final poderia não ser tão feliz...
Vista durante a subida
Bem, voltando à minha pequena estrada, havia diversas motos
trail subindo, e até algumas 125 cc, que se esforçavam e cheiravam a queimado
devido à patinação da embreagem. Automóveis, só 4 x 4 mais rústicos, como
Toyota Bandeirantes e Pick up, Jeep Willys e a linha VW a ar, ou seja, Fuscas,
Brasílias e Variants. São valentes esses carrinhos. Todos sobem devagar, bem
mais devagar que a moto, mas chegam!
Após atravessar um rio sem ponte e vencer uma laje de pedra
bem inclinada, chegamos ao sertão dos Hortelãs, a mais de 1.100 m de altitude.
Há no local uma capela, em cujo gramado havia muitas barracas armadas e
bastante gente, tanto assistindo à missa como do lado de fora. Junto às
barracas, diversas motos trail que venceram o desafio da subida e alguns Fuscas
e Brasílias. O pessoal fazia um retiro durante o carnaval.
Travessia de um riacho
Motos no acampamento: melhor maneira de chegar!
Seguindo a estrada 5 km adiante, chega-se ao sertão do
Prata, às margens do rio de mesmo nome. De um lado do rio está o estado do Rio
de Janeiro, na outra margem é São Paulo. Conversando com um morador local, cujo
pai mora na casa do outro lado do rio, ele disse que até as concessionárias de
energia são diferentes: ele recebe luz da Light e o pai recebe da CESP, e as
casas estão no mesmo terreno separadas apenas pelo rio, cerca de 20 metros!
E pagam IPTU para 2 estados!
Sertão do Prata - rio da Prata, separando os estados RJ e SP
Paisagem pouco usual no alto das montanhas
Retornando, a descida é bastante perigosa, pois devido à
grande inclinação e à quantidade de cascalho, pedras e areia soltas, qualquer
erro resultaria em um tombo e muitos ralados, isso se der sorte e a moto não
cair por cima. Desci com a 1ª marcha engatada quase o tempo todo, e, ainda assim,
se viesse um carro em sentido contrário eu não conseguiria frear e bateria
nele. Somente em alguns trechos é possível 2 veículos se cruzarem.
Foram um total de 32 km em estrada de terra bem precária.
Imaginei os 700 km na Bolívia, em condições climáticas bem piores!
Quando cheguei ao asfalto, em Pouso Seco, abri o gás e levei
30 min para chegar em Rio Claro.
Gostei do passeio! Exigiu muita atenção e pude treinar
minhas habilidades no fora-de-estrada, coisa que, definitivamente, não é minha
praia!
O visual é belo todo o tempo, e após chegar-se à altitude
dos Hortelãs e do Prata, a paisagem é toda composta de árvores não muito comuns
em nossa região: araucárias, pinheiros e ciprestes, além de resquícios da
exuberante mata atlântica. Vale conhecer, mas é preciso disposição!
Grande Guilherme,
ResponderExcluirQue passeio heim, ou melhor, que aventura. Subida é coisa complicada, a na viagem ainda terá a bagagem pra dificultar as coisas, mas tudo dará certo.
As fotos com legenda ficaram muito legal.
Um grande abraço e vamos aventurando.
É Anderson! Tenho que ir me acostumando a pegar subidas e descidas com terreno ruim. A subida do sertão dos Hortelãs é realmente muito íngreme, chega a dar medo de acelerar e a roda da frente levantar tanto que a moto possa dar uma cambalhota para trás!
ResponderExcluirEu tentei uma vez subir coma CG 125 (narrado no blog anterior) e simplesmente ela parou no meio da ladeira e não tinha mais força para subir além, tive que desistir!
É bom saber que você anda me acompanhando!
eu estava no retiro
ResponderExcluirNão tenho voltado ao local, minha perna ainda não permite extravagâncias fora de estrada. É um lugar bonito, mas o acesso é difícil.
ResponderExcluirToda esta região deveria ser Estado do Rio de Janeiro é só observar o mapa do Sudeste Minas gerais vai lá na divisa com São Paulo próximo a capital Já o Estado do Rio de Janeiro Para em Resende e Parati minusculo deveria ir até taubaté já próximo a Cidade de São Paulo. Cidades como campos do Jordão, Aparecida do norte, guaratíngueta e algumas Cidades de Minais gerais deveriam ser Estado do Rio de Janeiro. Obs: O Estado de Minas enorme Região mal dividida. O Rio de Janeiro teria um interior muito mais forte
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