terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Sertão dos Hortelãs e Sertão do Prata


Mais uma aventura-treino durante o carnaval 2012. Após tomar um café na padaria em Rio Claro, segui com a Falcon em direção a Bananal (SP). Na localidade de Pouso Seco inicia-se uma pequena estrada (se é que se pode chamar aquilo de estrada), praticamente uma trilha, que leva ao Sertão dos Hortelãs e ao Sertão do Prata. Essas localidades estão situadas a 1120 msnm, e não são propriamente povoados: existem apenas algumas casas e propriedades dispersas. É o nome da região.
No início a estrada, apesar de estreita, é razoável. De terra, com cascalho e valetas, porém plana. Rios às suas margens e as grandes montanhas ao fundo dão-lhe uma beleza rústica. Já se vislumbra a montanha que deverá ser vencida para se alcançar o sertão dos Hortelãs.
                                           Mostrando o caminho a percorrer para subir a montanha

Após a travessia de um riacho, inicia-se a subida, tremendamente íngreme, com pedregulhos, valas, terra solta e muitas depressões e lajes de pedra.
Parei para fotografar na subida. Na hora de sair, a roda traseira da moto patinou e a moto andou de lado, caindo dentro de uma valeta na estrada. Havia muita terra e pedras soltas, e eu não conseguia sair da valeta. Pior: a cada tentativa, a roda simplesmente patinava e a moto andava de lado e recuava em direção a uma canaleta na lateral do leito da estrada. Parei de tentar sair dali sozinho, pois se eu caísse na tal canaleta, não teria mais como sair, isso sem contar com a possibilidade de um tombo, pois a inclinação da estrada e a moto atravessada não me permitiam colocar um dos pés no chão. Se eu inclinasse para aquele lado, cairíamos, eu a moto, e rolaríamos estrada abaixo! Assim, fiquei parado esperando que aparecesse alguém para me ajudar a sair daquela situação. Esperei 40 min, até que surgiram 2 motoqueiros, que me ajudaram a tirar a moto daquela posição. Posicionamos a moto corretamente na estrada e eu pude continuar a terrível subida.
                                            Ladeira íngreme

Ainda subi muito, e o caminho foi piorando. Se eu parasse ou perdesse velocidade, cairia ou não conseguiria ir adiante.
Imaginei se estivesse nos altiplanos bolivianos e me acontecesse algo parecido: sozinho, a mais de 4.000 msnm, com pouco oxigênio, temperatura de -10 °C, penhascos e a possibilidade de chuva ou neve. Se não houvesse um auxílio rápido, o final poderia não ser tão feliz...
                                           Vista durante a subida

Bem, voltando à minha pequena estrada, havia diversas motos trail subindo, e até algumas 125 cc, que se esforçavam e cheiravam a queimado devido à patinação da embreagem. Automóveis, só 4 x 4 mais rústicos, como Toyota Bandeirantes e Pick up, Jeep Willys e a linha VW a ar, ou seja, Fuscas, Brasílias e Variants. São valentes esses carrinhos. Todos sobem devagar, bem mais devagar que a moto, mas chegam!
Após atravessar um rio sem ponte e vencer uma laje de pedra bem inclinada, chegamos ao sertão dos Hortelãs, a mais de 1.100 m de altitude. Há no local uma capela, em cujo gramado havia muitas barracas armadas e bastante gente, tanto assistindo à missa como do lado de fora. Junto às barracas, diversas motos trail que venceram o desafio da subida e alguns Fuscas e Brasílias. O pessoal fazia um retiro durante o carnaval.
Travessia  de um riacho


                                           Sertão dos Hortelãs - igrejinha e acampamento

Motos no acampamento: melhor maneira de chegar!

Seguindo a estrada 5 km adiante, chega-se ao sertão do Prata, às margens do rio de mesmo nome. De um lado do rio está o estado do Rio de Janeiro, na outra margem é São Paulo. Conversando com um morador local, cujo pai mora na casa do outro lado do rio, ele disse que até as concessionárias de energia são diferentes: ele recebe luz da Light e o pai recebe da CESP, e as casas estão no mesmo terreno separadas apenas pelo rio, cerca de 20 metros!
E pagam IPTU para 2 estados!
                                           Sertão do Prata - rio da Prata, separando os estados RJ e SP 


Paisagem pouco usual no alto das montanhas
Retornando, a descida é bastante perigosa, pois devido à grande inclinação e à quantidade de cascalho, pedras e areia soltas, qualquer erro resultaria em um tombo e muitos ralados, isso se der sorte e a moto não cair por cima. Desci com a 1ª marcha engatada quase o tempo todo, e, ainda assim, se viesse um carro em sentido contrário eu não conseguiria frear e bateria nele. Somente em alguns trechos é possível 2 veículos se cruzarem.
Foram um total de 32 km em estrada de terra bem precária. Imaginei os 700 km na Bolívia, em condições climáticas bem piores!
Quando cheguei ao asfalto, em Pouso Seco, abri o gás e levei 30 min para chegar em Rio Claro.
Gostei do passeio! Exigiu muita atenção e pude treinar minhas habilidades no fora-de-estrada, coisa que, definitivamente, não é minha praia!
O visual é belo todo o tempo, e após chegar-se à altitude dos Hortelãs e do Prata, a paisagem é toda composta de árvores não muito comuns em nossa região: araucárias, pinheiros e ciprestes, além de resquícios da exuberante mata atlântica. Vale conhecer, mas é preciso disposição! 

5 comentários:

  1. Grande Guilherme,
    Que passeio heim, ou melhor, que aventura. Subida é coisa complicada, a na viagem ainda terá a bagagem pra dificultar as coisas, mas tudo dará certo.
    As fotos com legenda ficaram muito legal.

    Um grande abraço e vamos aventurando.

    ResponderExcluir
  2. É Anderson! Tenho que ir me acostumando a pegar subidas e descidas com terreno ruim. A subida do sertão dos Hortelãs é realmente muito íngreme, chega a dar medo de acelerar e a roda da frente levantar tanto que a moto possa dar uma cambalhota para trás!
    Eu tentei uma vez subir coma CG 125 (narrado no blog anterior) e simplesmente ela parou no meio da ladeira e não tinha mais força para subir além, tive que desistir!
    É bom saber que você anda me acompanhando!

    ResponderExcluir
  3. Não tenho voltado ao local, minha perna ainda não permite extravagâncias fora de estrada. É um lugar bonito, mas o acesso é difícil.

    ResponderExcluir
  4. Toda esta região deveria ser Estado do Rio de Janeiro é só observar o mapa do Sudeste Minas gerais vai lá na divisa com São Paulo próximo a capital Já o Estado do Rio de Janeiro Para em Resende e Parati minusculo deveria ir até taubaté já próximo a Cidade de São Paulo. Cidades como campos do Jordão, Aparecida do norte, guaratíngueta e algumas Cidades de Minais gerais deveriam ser Estado do Rio de Janeiro. Obs: O Estado de Minas enorme Região mal dividida. O Rio de Janeiro teria um interior muito mais forte

    ResponderExcluir